30 junho 2009

Informação faz de conta...

Quando estas ondas de vitória se levantam à Direita, há um complexo que tolhe a Esquerda. Recuso admitir que o PS seja um partido de Direita, e que não possa nas circunstâncias que disse anteriormente ter o meu apoio, porque uma coisa são os desvarios momentâneos que Sócrates lhe imprimiu, outra é o seu passado histórico. Manuel Alegre, Edmundo Pedro e outros, sofreram justamente por ser de Esquerda. Neste sentido, e porque ficaram vulneráveis as defesas por esse lado, não é por estar na moda malhar em Sócrates que terei de calar, alinhando nesta farsa que a Direita e alguma imprensa vem cavalgando. A Direita prepara o seu rega bofe no poder e pelos vistos tudo vale, mas uma critica deve ter como suporte um motivo concreto, e não a acefalia de um ruidoso foguetório.

O exemplo da desconstrução desta táctica pode ver-se aqui no Pátio das Conversas, veja-se como o Correio da Manhã apresentou aquelas notícias. Abra os links para o C.M. e veja a falsa informação através de fotografias de Sócrates, a despropósito. Este tipo de informação, é ainda mais grave porque usa de técnicas dissimuladas de campanha surda, não assumida, maquiavélica. Há leitores, que por algum tipo de iliteracia são incapazes de fazer as suas próprias leituras, mas jogar com isso, é fazer com que eles nunca passem do nível que o jornal tem. O jornalismo dos futebóis é melhor e mais sério do que este, o que é estranho é o seu director não ter aprendido lá grande coisa com ele.
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29 junho 2009

Porque votarei PS

As origens deste blog remontam ao período difícil em que Santana Lopes e José Luís Arnaut queriam à força implementar a Lei dos Despejos no arrendamento urbano. Estaríamos hoje a viver momentos conturbados se aquele par tivesse continuado e concluído a lei. Mas estão aí outra vez, Santana chegará à Câmara (por estranho que pareça) se a Esquerda não tiver juízo, e Arnaut que atravessou o deserto já é visto ao lado de MFL e não tenho dúvida que farão sangue nesta matéria se lá chegarem. Arnaut reconheceu mesmo ter a sua família muitos bens em propriedade urbana, e eu acrescento que era escandalosa a pressa e o nervoso com que tentava finalizar aquela lei antes de sair, parecendo legislar em causa própria.

No Expresso, li sobe a manutenção da posição do PS nesta matéria, e isso, é para mim motivo para afirmar que se for mantida esta coerência não terei dúvidas em votar PS na próxima consulta. Isto não é um apelo despudorado, é cada um a fazer pela sua vidinha estando farto de ser trouxa, e porque não vi nenhum dos outros partidos colocar-se ao lado dos inquilinos quando tivemos as calças nas mãos. O que vi foi uma colagem através de algumas sessões públicas para manter votos e a imprensa, com o Público à cabeça, a ser a representação do Sector Imobiliário, movido por elevados interesses publicitários.

Como se sabe, aos Proprietários não chegam os 60 000 fogos devolutos que mantêm em Lisboa em pousio especulativo, reclamam ainda a liberalização total do arrendamento, apesar de já poderem alugar pelo preço que quiserem e pelo prazo que entenderem. Sobre isto respondeu agora o PS: “Decisivo é dar prioridade à reabilitação e colocar prédios devolutos no mercado de arrendamento. Não é uma estratégia facilitar o despejo de idosos”, afirmou o secretário de Estado da Administração Local. Eduardo Cabrita que reagiu assim às propostas da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) de que os contratos de arrendamento antigos caduquem em três anos. Leram bem: caduquem, o sublinhado é meu... É esta oportunidade que espreitam com uma vitória da Direita.

“Há um compromisso do Partido Socialista de, no início da próximo mandato legislativo, reavaliar a aplicação da lei do arrendamento face ao regime jurídico da reabilitação urbana”

E um leitor comentou desta forma:

Recuperar os imóveis e aumentar rendas NÃO, a ALP não quer. Especular, com um bem de consumo de primeira necessidade, que ficou velho, podre, caduco e ultrapassado com o tempo, em que a única coisa que mudou para melhor foi a localização, SIM a ALP quer, claro.

(Atenção que o conceito de rendas antigas da ALP engloba rendas que para muitos até serão relativamente recentes)

Mas indo ao encontro da ideia da ALP de que os contratos de arrendamento antigos caduquem em três anos. Porque não, dentro de três anos também caducarem as escrituras de compra de todos os prédios e andares antigos e, estes serem vendidos em hasta publica na condição de serem efectivamente recuperados? (Uma escritura não é mais que um contrato)

No Expresso Primeiro Caderno de 27Jun2009.
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28 junho 2009

Património sem uso

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Lisboa tem enormes espaços com os quais não sabe interagir, nem eles servem Lisboa nem a cidade lhes serve para alguma coisa. São jardins antigos, tapadas muradas que os lisboetas não descobriram, ou sabem que naquele estado de nada lhes valem. A Tapada das Necessidades é um deles. Entre muros velhos e altos, pertença do Ministério dos Negócios Estrangeiros, vai-se degradando de ano para ano sem intervenções nem melhoramentos, pouco atractivo e sub-utilizado, mais a caminho de ser tomado por maus espíritos do que próximo de alguma alma que o salve.


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26 junho 2009

Irregularidades eleitorais ...

... em Portugal?
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A gravidade da questão é de tal ordem para a democracia que não a podemos encarar de ânimo leve. António Vilarigues mostra-se preocupado no Público de hoje, com o facto de terem sido detectadas diversas irregularidades no distrito de Viseu, e pelos exemplo que deu, bastante graves e em grande número, sem que se tenha lido, ouvido, ou visto na Comunicação Social alguma referência a estes factos. Segundo ele a questão toma outros contornos nas autárquicas, onde as disputas se fazem ombro a ombro. Perguntou muito a propósito, que tendo aquilo acontecido nos 24 concelhos do distrito de Viseu, só o tenha acontecido naquele distrito? O distrito de Viseu é mesmo uma excepção nacional? Eu acho que não, logo, estamos perante um assunto muito sério. A quem compete fiscalizar isto, ao STAPE, aos Governadores Civis ou aos presidentes da xunta? Acreditem que se lhes colocarmos a questão, todos vão limpar a água do capote e ninguém é responsável. O mesmo de sempre.

Fui numa destas últimas eleições delegado de uma candidatura nas mesas de voto, porque há experiências e responsabilidades cívicas que devemos assumir e isso, serviu-me para detectar que podem existir fragilidades, porque a perpetuação de sistemas de funcionamento podem levar à sua fadiga, e pude aí verificar que há gente que já se movimenta demasiado à vontade nos meandros locais dos actos eleitorais. Por que razão não há uma maior rodagem de elementos novos nas assembleias de voto? Por que se repetem ano após ano esses elementos e nas mesmas mesas? O facto de o frete ser bem pago pode ser uma razão, mas isso melhora a qualidade do acto?
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24 junho 2009

Patch Adams

(Reeditado)
Uma troca de comentários neste post levou a que Uivomania editasse o link desta fabulosa entrevista de Patch Adams. Desculpem o espanto, serei talvez o último a conhecê-lo, mas não tenho o hábito de me fazer entendido quando não sou. Este homem é fabuloso! Para o convencer a ver os vídeos todos, veja os dois primeiros minutos do 10º vídeo, para ficar com uma ideia do ser humano que vai conhecer.

Preferi deixar aqui todos os links para o filme porque no Youtube estão editados duas séries da entrevista não coincidentes em cada parte.

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Uma pesquisa às suas actividade levou-me à página da sua instituição: The Gesundheit Institute. É justo que se divulgue e se visite, porque sonhos de pessoas como estas não podem deixar-se morrer.
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22 junho 2009

José Eduardo Moniz? - II

Tínhamos razão para ter ficado admirados com a candidatura de um jornalista a presidente do Benfica.
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Só podia ser promoção pessoal ou coisa igualmente má. Mas os espanhóis, desta vez não fui eu que inventei!... Alguém os trouxe com essa operação. Veja.
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O que foi curioso ao longo da história, é que estes portugueses estiveram sempre convencidos de estar a prestar um serviço à Pátria. Neste sentido, foi e é injusto saírem pela janela!
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19 junho 2009

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A oportunidade das lutas.

Custa dizer isto, porque sabemos que alguns empresários aproveitam a maré para tirar ganhos ilegítimos, mas deixa-me confuso o problema da recusa do acordo laboral pelos trabalhadores na Auto Europa, numa altura em que recebemos email com fotografias de filas intermináveis de automóveis novos alinhados em portos, aerogares, terminais ferroviários e até autódromos por esse mundo fora, aguardando quem os compre, e numa altura em que assistimos à fusão das grandes marcas para evitar a catástrofe. A diferença que gerou a recusa foi de apenas uma centena de trabalhadores que votou o não acordo. Não sabemos que tipo de trabalhadores fez a diferença, qual é a sua consciência política, profissional e cívica, mas a avaliar pelos vv de vitória à saída do plenário, pela firme determinação como defendem os seus postos de trabalho devem ser gente mais corajosa e esclarecida do que eu, embora saiba que esta é uma velha questão que entronca com a luta e a firmeza dos trabalhadores, mas também com a solidariedade forçada e sofrida dos que não têm emprego e gostariam de ter, e olham de fora estas lutas com outros olhos.

Se a Auto Europa falhar como falhou a Quimonda, não teremos todos, os que vamos pagar esses enormes prejuízos que olhar para a coragem e para esclarecimento daquela centena de trabalhadores com outros olhos? Ou então, a responsabilidade de um qualquer grupo de cem trabalhadores de uma PME, pode ser considerada em termos nacionais, igual à de cem trabalhadores na Auto Europa? Isto não são certezas, são dúvidas.
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17 junho 2009

José Eduardo Moniz?

A oposição a Luís Filipe Vieira no Benfica, propõe José Eduardo Moniz, da TVI, para encabeçar a lista à presidência nas próximas eleições. Como é isto possível?!... O futebol faz perder o tino a muita gente. Miguel Sousa Tavares, nos antípodas futeboleiros, é um exemplo disso.

Ponderando bem...também a mim faz! Só tenho um remédio: fazer-me sócio para ver se consigo evitá-lo. Até pago para isso. José Eduardo Moniz?!...
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14 junho 2009

Melhorar o Arraial - II


Disse aqui há dois anos que era possível melhorar as Festas dos Santos Populares, mas a evolução vai no mau sentido. Verifica-se que o aproveitamento dos profissionais do torresmo e do courato estão a matá-las e a fazer delas um evento sem graça e sem matriz, que tinha tudo para ser um postal típico de Lisboa. Ver estranhos aos bairros populares entrar por ali para fazer comércio, todos ao molho, numa algazarra igual à que montam nos arredores dos estádios de futebol, é desvirtuar tudo. Competiria à Câmara disciplinar, impor regras, formatar até o que fosse possível, chamar os moradores ou os seus representantes e empenhá-los, apelar ao asseio de tudo aquilo, à decoração, dar efectivamente o ar popular que as fez nascer excluindo o que já não toleramos agora, e não a oferta do cenário que vi entre o Limoeiro e o Largo da Graça, o mesmo que podemos ver amanhã ou depois numa qualquer feira sem um pingo de tradição. Não é destes Santos Populares que tenho boas memórias, e quem nos visita leva uma imagem distorcida da origem de tudo isto.
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A sardinha cresceu!

Talvez tenham ido para zonas privilegiadas onde não vou e alguém se esteja a lambusar com a fartura, o facto, é que não tenho encontrado aquela sardinha média saborosa que se come num filete de cada lado. Agora, são enormes peixões de 20 cm que têm pelo menos a vantagem de não cair nos intervalos da grelha, e mais do que isso, o facto de terem tido a oportunidade de dar o seu contributo para o aumento dos cardumes. É uma lamento que atenuo, com a satisfação disto ser o resultado de algum controlo na preservação da espécie. Oxalá seja. Talvez pró ano tenha mais sorte...

08 junho 2009

O Voto

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No debate que reaparece sobre a obrigatoriedade do voto, face ao alheamento do cidadão, e porque é da retirada de um direito que se trata, sou também dos que não concorda que me obriguem a votar, porque o meu voto é também para que isso nunca me seja imposto, embora saiba da existência subentendida de um compromisso com a democracia. É nesta simplicidade de organização política que me revejo e nunca deixei por isso de dar o meu apoio votando, porque uma coisa que não admitiria era ser acusado de não ter remado quando me foi pedido, passando a ser um indesejável peso morto, por rebelião ou inacção, tanto faz. O paradoxo, é que a perfeição da democracia que reclamo, é mesmo aquela que me dá o direito de não a exercer, mas que faz ao mesmo tempo com que recuse ser pária na cidadania, caso faça da minha ausência a forma sistemática de participar.

Na noite de todas as vitórias que lavou tristezas, também eu ganhei, era o que faltava! ... Mas entre tanta leitura e euforia trocaram a minha intenção de voto, se é que votei. Somos um país de ganhadores, mas pouco sabemos o que fazer com as vitórias.

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05 junho 2009

Um Planeta à deriva


“Uma verdade Inconveniente“ de Al Gore foi um marco na luta contra as alterações climáticas, porque massificou o debate através do seu mediatismo. Tem por isso um lugar específico nesta luta.

Mas hoje, Dia Mundial do Ambiente, "HOME – O Mundo é a nossa casa" foi um outro contributo inestimável para esta luta com este filme de Yann Arthus-Bertrand e Luc Besson, porque lhe acrescenta a Fotografia, para além de outras formas de garantir o impacto, como a divulgação simultânea em 60 canais de televisão mundiais a exibição em telas gigantes em vários países. Foi seguramente o melhor que vi em TV. Uma qualidade excepcional aquela forma de olhar com a câmara, sem Photoshop no final, apenas a escolha das melhores horas solares, os melhores ângulos, regulações, contrastes, saturações, tudo do melhor que vi. Cada nova cena que aparecia eram fotografias de pódium. É um filme para rever porque vai aparecer aí em formato e duração de cinema. Aconselho vivamente a verem nesse formato, agora com este alerta para a qualidade fotográfica.
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O link para o filme: HOME – O Mundo é a nossa casa
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Uma referência especial para o Fernando Alves, dos Sinais, na TSF, porque foi dele que ouvi o elogio ao que poderia vir o ser o filme, e sem o qual não vos teria antecipadamente convidado.
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O que têm em comum:

Cavaco Silva, Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Daniel Sanches, Miguel Cadilhe, Rui Machete, Amílcar Theias, Arlindo de Carvalho, Briosa e Gala, Joaquim Coimbra etc.?

Nada. Dizem. Porque é abusivo ligar um Partido a eles, só porque eles estão ligados a um Partido. Vamos lá a ter maneiras!

Claro que é tudo gente honesta. Cavaco não sendo o meu presidente, é o nosso presidente, é o que temos, e se há um crédito que lhe dou é o da honestidade. O problema não sendo esse, é outro: é serem muitos, do mesmo naipe, na mesma jogada!... É como jogar à sueca e sair-nos uma rodada só de trunfos. Sorte? Azar? Talvez, mas é garantida a desconfiança sobre a próxima rodada de cartas! Não?
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02 junho 2009

Interesses, inveja, política.

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Finalmente os portugueses deram com Marinho e Pinto. Porém, apontar-lhe como defeito exactamente aquilo que acho que é a sua virtude, é tornar a concordância à volta do seu discurso num diálogo de surdos, porque não basta concordar acrescentando um “mas”, ao contrário, é precisamente esse “mas” a mais valia. Marinho e Pinto teve o condão de estiolar o sacro santo discurso desta falsa sociedade que impõe o tom de voz à razão, e o polimento do comportamento como verniz social ao suor que a força da verdade cria, isto, está ele finalmente a fazer com coragem, porque tem sido o arremesso dessas regras de meninos de coro bem comportados que tem castrado qualquer discurso de revolta. Em Portugal e nos portugueses, há ainda uma sociedade bafienta, retrógrada e conservadora, onde o engravatamento e o pedantismo se impõem surdamente como medos sociais para os acarneirar, para que outra espécie de sordidez verbal exista noutros moldes em circuito fechado. E é também nas erupções dos malfadados corporativismos das nossas classes profissionais que ele se manifesta, quer sejam médicos, magistrados, jornalistas, professores ou as tias da Quinta da Marinha, onde só se entra com santo e senha. Mas preparem-se, ele continuará a ser atacado por essa Direita elitista e mais estranho, é sê-lo também por gente ligada à Esquerda com ataques despudorados que mais parecem ciumeira. Sabem os que vos digo? Contra o castramento da revolta que nem pecisa de armas, viva a Maria da Fonte, porque o que mais temos são Cabrais. Aqui fica Baptista-Bastos, no DN Opinião em 27 de Maio, que pergunta: Quem tem medo de Marinho e Pinto?

"Não pode deixar de causar perplexidade os ataques de que Marinho Pinto (ou Marinho e Pinto) tem sido alvo. Ele não fala baixinho, não sussurra, não vive dos seus próprios venenos, e em nada contribui para garantir a quietude das águas palustres. Vai-nos revelando, com estremecedor vozeirão e gestos a condizer, que muitos componentes da sociedade portuguesa, criminais e legais, estão imbricados uns nos outros. E tem exigido que sejam submetidas a controlos reais algumas veneráveis instituições e suas actividades peculiares.

Não me parece que Marinho Pinto haja sido tocado pela desonestidade, pela indecência, pela indignidade, ou movido por interesses cavilosos. Querem-no brunido, direitinho, ajeitado, dentro da esquadria: um artesão formal da aplicação das leis e seu complacente vigilante. Ele é, definitivamente, o contrário dessa banalização precaucionista que atingiu todo o tecido social e garantiu a instauração da indiferença, do abandono cívico e, finalmente, da coisificação do medo.

As velhas classificações foram recuperadas do pó dos armários ideológicos: populista, esquerdista radical, chavezista; e apontado, acriticamente, à execração popular, entre maliciosas meias-frases, silêncios ambíguos e sorrisos equívocos. O homem fala alto e grosso, enfrenta situações perigosas porque, nitidamente, está a mexer em áreas historicamente inamovíveis e diz-nos de uma justiça, na sua opinião "miserável" e desprovida dos "valores mais elementares."

O discurso do bastonário da Ordem dos Advogados exige uma reflexão profunda e uma discussão alargada, não o aluvião de injúrias e de insultos de que ele tem sido objecto. Na minha opinião, o que Marinho Pinto tem vindo a afirmar quebrou uma espécie de solidariedade aldeã, ou seja: aquilo que nos era apresentado como poderoso bloco, inabalável na coesão, sem ferrugem e sem mácula, um dos pilares da democracia, não passava de uma farsa avariada. Ele tem ou não razão? Ele mente ou diz a verdade? Ele é, ou não, um homem sério? Conhecem-se-lhe desígnios menos claros do que os sabidos da opinião pública? A exigência ética que proclama é a afirmação individual de um combate ou a máscara de uma fatal incoerência?

O problema complica-se, ainda mais, quando se evoca a "cadeia" da justiça, tal como a compreende o comum dos mortais. Contudo, o comum dos mortais é diariamente confrontado com a desconstrução do que deveria ser o grande edifício democrático.

Dizem que ele acusa sem nomear. Mas, os que dizem, nomeiam-no sem rigorosamente o acusar de coisa alguma. Convém interrogarmo-nos sobre o que nos não tem sido dito."

Post-Scriptum: Não sei se reparam, já restituiram o braço e a arma à Maria da Fonte!...

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