24 setembro 2013

... e da Crise p'ra onde?



Estive ontem no debate “Da Corrupção à Crise - Que Fazer?” com Paulo Morais, organizado pela Associação Abril, no auditório da Sociedade Portuguesa de Autores, numa sessão extraordinária, talvez a que mais gostei. O vídeo gravado pelos serviços da SPA, vai certamente ser muito importante para ajudar a divulgar a mensagem urgente que representa o que diz Paulo Morais.

Para vos dar uma noção da importância da comunicação, tenho que acrescentar em primeiro lugar que receio que alguma coisa possa vir a acontecer a Paulo Morais, e não estive só nesse receio, pela razão de que em Portugal o nosso problema não tem o nome sinistro como tem em Itália, mas existe sem nome entranhado em todo o nosso tecido, público, privado, e até em nós individualmente, desde há muito. Em segundo lugar, porque raramente saio de debates destes com uma força tão inabalável para fazer coisas, com uma convicção tão forte de que Portugal só vai conseguir sair desta situação à força, - ponderei o que escrevi -, convicção que assenta nas minhas próprias leituras, porque o imbricamento é de tal ordem a nível institucional, que não há autoregeneração do sistema que medre depois da dissecação necessária a fazer em si próprio, para que nada fique na mesma. A profundidade do que temos que fazer é enorme, se entendermos que o mais difícil são os vícios enraizados. Pode não mudar-se a formação de um individuo por decreto, mas é possível corrigir o seu comportamento num coletivo e isso, já é tarefa do Estado, e se o Estado está doente só há uma solução. Com o voto não vamos conseguir mudar nada, ainda que o povo votasse agora ao contrário, porque a doença está espalhada por todo o regime. O poder do Estado foi manietado e já não há parlamentar que o consiga libertar. Entretanto há forças negras à espera que caia de maduro.

Paulo Morais tem condições excecionais para juntar forças, várias forças, porque tem uma capacidade e uma coragem que outros não tiveram, e essa é uma das razões porque está a ser tão ouvido, não esquecendo nunca de nos lembrarmos como dizia Alegre: que não há homens providenciais. Tenho porém dúvidas se não morrerá como projeto se escolher a via parlamentar. É por isso fundamental comprar o seu livro, “Da Corrupção à Crise - Que fazer?”, incluindo eu que ainda não o fiz, porque tenho a certeza que pode ser um ponto de partida para cada um. Mas o debate continua no dia 28 de Outubro no mesmo local, com Raquel Varela, que vamos ouvindo com atenção cada vez mais.

Há contudo uma questão para a qual é preciso estar alerta em relação à forma como começamos a olhar para este sistema: é ouvir ser-nos apontado o termo “proto fascistas” como já ouvi aflorado no Eixo do Mal, acusação que não deixo de interpretar como chantagem para inibir. Uma coisa é certa, a tendência da lei das probabilidades em relação ao comportamento ético dos políticos não contempla exclusão de nenhum: estão lá para ser uma delas, como disse aqui.
Leitura sugerida sobre isto: Mito & Realidade.

22 setembro 2013

Revoluções? E se for internacionalismo?



Muito do que está a acontecer no mundo, em particular na Europa, surpreende por ser inusitado, invasivo, brutal até na forma como nos atinge. Grave porque nos apanha desprevenidos, estaríamos à espera de alterações dentro dos padrões que conhecíamos no sistema, mas o sistema rasga garantias e avança inexorável. Sabíamos como começavam as ditaduras: com o pimba e a supressão das liberdades políticas, mas a mudança está a acontecer, baseada na dificuldade humana em assimilar rapidamente as velocidades da evolução e quando esperamos que essa ordem se cumpra, pode ser ao contrário: a supressão das liberdades primeiro e o pimba depois. Aliás, a Merkel diz já que se congratula com o facto de não sermos presos por nos manifestarmos contra ela em Portugal e na Grécia. Não se esqueçam nunca que o fascismo se travestirá sempre para aparecer.

E se com as Revoluções se passar o mesmo? Se mudarem de padrão e nos apanharem desprevenidos, e não seguirem os padrões do sistema a que estávamos habituados? Quem diz o que poderá vir a ser esta solidariedade internacional? Em que medida um bloqueio internacional de estivadores pode equivaler à força de uma revolução pelo exemplo que pode vir a dar às outras forças do trabalho? E se esta crise que confronta de uma forma tão brutal o trabalho e o capital ocioso, for a chave do problema? Vejam este vídeo sobre a luta dos Estivadores:



16 setembro 2013

Estivadores Internacionais solidários, entalam governo.



E se vier de fora a “bomba” que pode fazer em cacos este governo? Leiam a carta completa neste link, do apoio fantástico do IDC – Internacional Dockworkers Council, reunidos em Liverpool, à luta dos Estivadores Portugueses.
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Vejam também nesta Carta de Solidariedade com os Estivadores, as razões que lhes assistem, e verão que ela faz parte do figurino de desvalorização que está a ser aplicado a todos os trabalhadores portugueses. A toda a hora há provas de que este é um governo canalha que elegeu o Trabalho como a besta de carga dos restantes fatores da economia, com os quais não se atreve por razões ideológicas. Cumprem assim o empobrecimento forçado que não se coibiram de anunciar. Abençoados Estivadores Internacionais que estão em vias de dar uma lição nestes meninos de coro..
Versão em Inglês.