28 novembro 2006

Vamos ao cinema.

Pensava eu ainda num editorial que acabava de ler sobre uma quinzena de cinema francês que ocorreu em Lisboa e da enorme alegria com que o autor estava a encontar gente com a mesma avidez daquele cinema, quando recebi um link num email que se configurava como um ataque gaulês bem orquestrado. E se foi, foi bem feito, porque me pôs a ouvir música – ouça aqui - e a falar de cinema francês. A minha actual apatia ao cinema também deve ter a ver com o enjoo a esta cultura anglo-saxónica que até das distribuidoras parece ter-se apoderado. Também tenho saudades de Claude Chabrol, de Truffaut, Godard, Alain Resnais e de curiosidade em saber quem os substituiu.

26 novembro 2006

Continente vs. Metrópole

Fiz a minha juventude em Angola, nos confins do continente Africano na década de 50/60. Mais própriamente no Colonato da Cela, a aldeia chamava-se Vimieiro e a vila era Santa Comba, ou Santa Comba Dão. Portanto havia por ali muito Salazar. Como Angola era uma colónia portuguesa, eu tinha vindo da Metrópole, eu era um colono. Se eu estava a fazer alguma coisa mal feita juro que não dava por nada. Política nem sabia o que era, vagamente podia achar política àquela atitude insubmissa, muito recta e muito justa do meu pai que nem ao padre desculpava aqueles sermões poeirentos e imobilistas. A palavra colono – naquilo em que tradicionalmente ela arrasta de conservadorismo e desprezo pelos direitos naturais das populações autóctones - só nos assentava em cima porque nos tinham distribuido uns enormes chapéus de cortiça forrados a pano branco, para parecermos mesmos colonos, à légua. Vivi os piores momentos da minha vida, desterrado, com uma saudade que quase matava e com a dúvida angustiante se algum dia voltaria para Portugal . Para Portugal.

Metrópole, veio depois quando começaram as aulas. A partir daí o meu Portugal passava a ser a Metrópole e não foi fácil porque volta e meia tínhamos que por a mão na boca porque queria sair o Portug... Convivo por isso sem complexos e pacíficamente com o termo porque ele só valia para definir aquela terra que eu adorava. Primeiro, porque colono com aquela carga só os outros me podiam ver e depois porque todos fizemos parte daquele regime mas nem todos pertenceram à União Nacional. Os termos valem por isso o que valem. Encontro nisto uma enorme relatividade porque assim como um tiro põe debaixo da cama um soldado stressado, algumas palavras podem trazer pelo mesmo mecanismo memórias incómodas e nestes casos, o problema pode não ser do tiro ou da palavra mas do soldado ou da memória, embora reconheça que o inverso também é verdade e o soldado possa desatar aos tiros e a memória a incomodar muita gente.

25 novembro 2006

Amadeo na Gulbenkian.


“... Se cada um se fiasse no caminho que nos aconselham nada de mais se fazia, pois que eles, os outros, só sabem indicar-nos as suas proprias pisadas.”

“... Ninguém deixa de fazer uma obra de arte intensa por falta de técnica, mas por falta de outra coisa que se chama temperamento.”


amadeo de souza cardoso


Mesmo para quem não atribui à Pintura o relevo que ela lhe deveria merecer é fundamental ir ver esta exposição única de Amadeo de Souza Cardoso, na Gulbenkian.
Deveria fazê-lo em visita guiada – possível por marcação - porque há muito a saber sobre o que vê e sobre outras questões relacionadas com este injustiçado pintor - injustiçado, porque não compreendido cá, à época, porque viveu muito pouco tempo, tendo morrido aos 31 anos e porque a história da arte não lhe reservou ainda o lugar a que tem direito, com circunstâncias da sua morte a terem contribuido para esconder do mundo o seu vanguardismo durante tanto tempo . De facto, foi a sua própria companheira que tão desgostosa com o seu repentino desaparecimento e apossada de uma inconsolável saudade de Amadeo reteve a sua obra durante bastante tempo só tendo cedido em meados do século XX. Este, parece ser um dos inigmas que explica o facto de Amadeo não ocupar o lugar que lhe é devido, porque só se pode valorizar o que se conhece e Amadeo esteve escondido, enquanto a história da arte escalonava aqueles com quem privou e conviveu. Por tudo isto o nosso Picasso não tem ainda o lugar que merece, mas são exposições destas que farão com que finalmente o mundo o conheça.



"...Amadeo de Souza Cardoso é a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX!».

Almada Negreiros


Crédito de imagem a: "O Abelhudo" da Escola EB 2, 3 de Amarante.

24 novembro 2006

Ninguém vai preso.

Queria dizer aqui coisas bonitas para ajudar por esta via a melhorar a auto estima deste país, mas todos os dias temos novos folhetins que não nos permitem descansar. Não é o povo que nos entristesse, mas estes vilões que ingénuamente mandata. Ora vejam esta agora, da aprovação do loteamento para a zona de Marvila, aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa (Carmona Rodrigues + PSD) numa zona em que, como diz Sá Fernandes “uma barbaridade urbanística” que “só a violação do PDM já era argumento para chumbar”, quanto mais as novas realidades que entretanto se lhe acrescentaram.

Vou tentar que lá consigam chegar se tiverem paciência para seguir as minhas instruções para acesso à planta do PDM:

- Acedam a este link de: Plantas.
- A seguir façam Open para o download de plantas.
- Façam Close numa pequena janela que abriu.
- A seguir com um duplo clique abram o ficheiro Acrobat: Servidões.pdf.
- Vai construir-se uma planta que podem ampliar e verão que a zona azul-mar desde o Aeroporto até ao rio é: Zona de Protecção da Terceira Travessia do Tejo.

Aquilo está lá pintado no PDM, havia instruções no processo do loteamento de que eram terrenos destinados à nova Ponte e vai daí aquele senhor atribui uma indemnização possível ao promotor do loteamento, a sair dos nossos bolsos se a ponte avançar, que pode chegar aos 60 milhões de euros ( ! ). Assim, do pé prá mão, dá cá!... O que é que vocês chamam a isto? E quem faz isto o que é que merece? E será preciso esperar pelo desfecho para por alguém a rir-se, mas preso, sem direito a caução de liberdade? Se o não fizerem, mais uma vez se comprova: Portugal é um problema de Justiça.

Mas não, amanhã o povo continua sereno, não dá por nada, os responsáveis vão ter o desplante de justifcar a operação em telejornais, com o mesmo riso sarcástico, haverá Agências de Comunicação e Imobiliárias a fazer passar outra vez a mensagem, os amigos laranjas virão dizer que sim senhor, a culpa é do Governo e é justo indemnizar o esforço dos empresários nestas situções que querem fazer alguma coisa por este país.

Mais informação aqui na edição electrónia do Diário de Notícias.

21 novembro 2006

Portal Galego da Língua

Como se pode ver há Galegos atentos ao que vamos escrevendo em Portugal sobre a Galiza. Não é por acaso, é porque eles são a melhor gente de Espanha. Esses sim quase nossos irmãos. Basta ouvi-los.

19 novembro 2006

Novamente a Madeira.


O problema está hoje um pouco atenuado porque a última crise do turismo lançou o alerta, mas quem não se lembra de ir ao Algarve e sentir pela forma do trato que não era o turista preferido por ser nacional?

Estive na Madeira em 1976 e também lá me fizeram sentir, atónito que era um "continental". Hoje, desconheço com que mimos seria recebido, embora não me falte curiosidade.

Sempre que ía nas férias grandes ao Alentejo não deixava de ser um lisboeta e lá estava aquele anátema sobre o forasteiro peneiroso, vindo daquela metrópole que muitos nem conheciam. Presumo que existirão por essas aldeias europeias a mesmas segregações em relação às suas metrópoles. É por esta espécie de preconceito, por um lado e o desenvolvimento económico alavancador da economia por outro que se verifica em todos os países o mesmo fenómeno da disputa de cidade principal, capital do estado, por outra segunda cidade. Consoante o ponto de vista, uns dirão que é a força centrípeta que exercem sobre o resto da nação e outros que é mais uma força centrífuga. A querela já vem de longe e vai continuar. Pinto da Costa dá-nos todas semanas um murro no estômago a este propósito e juro-vos que nos apanha sempre distraídos, primeiro, atónitos depois e confusos ainda hoje.

Vem isto a propósito, do problema que começa a ser a Madeira, não só porque Jaime Ramos vai fazer-nos saudades do Alberto João, como pela exploração dos tais ressentimentos inerentes à nossa condição de metrópole que uma capital acaba por ser e que se agudizaram depois de 1974. O “problema” Algarve, Madeira, Alentejo ou FCP não existe em Lisboa, só existe porque nos fazem tropeçar nele construindo o alçapão à nossa frente. Bastaria que me enganasse agora no “m” e escrevesse Metrópole, a palavra deixasse de ter o seu principal significado e passasse a ter a do tempo do “botas” e estaria o caldo entornado.

É verdade que as coisas já não estavam bem políticamente com tanto ataque desconchavado e despropositado, sempre heroicamente suportados no continente, apenas com o único intuito de manter no fio da navalha o nível de qualquer negociação de verbas. Mas começo também agora a sentir de outros sectores a intolerância de demasiado prurido no ar que legitíma o discurso alarve e gafanhoteiro que temos ouvido. Estarão todas estas décadas da específica democracia madeirense a conseguir objectivos não confessados? Conseguirão os madeirenses guindar a heróis insulares figuras como um Alberto João e um Jaime Ramos? Seria uma pena. Por duas boas razões: uma, pela infelicidade óbvia que seria ter figuras daquelas a iniciar uma galeria de retratos oficiais e outra pela injustiça que estariam a cometer com o Povo Português que não teria culpa de nada.

Ainda a propósito, recomendo a leitura no Público deste Sábado de mais uma especificidade daquela democracia. Mas foi tudo jogo limpo!

Banca, Transportes & Mais?

A Banca portuguesa e espanhola comparadas, são assim como David e Golias, mas esta semana um juiz espanhol acusa a Banca portuguesa de ... bla bla bla bla.
Os transportes rodoviários espanhóis e portugueses, são como o gato e o rato, mas esta semana um deputado espanhol acusa os Transportes portugueses de ... bla bla bla bla.
Ibéristas! Precisam de mais mimos?
O azeite português que se cuide, porque o crime do óleo de kolza fez-lhes mal à reputação.

14 novembro 2006

As melgas ao ataque?!

Ainda não vi nenhuma referência na Comunicação Social ao facto de, pelo menos na zona de Lisboa, muitas pessoas terem sido afectadas neste fim de semana, com picadas de insectos que só se duvida que tenha sido um mosquito vulgar porque grande parte dos alvejados foram perfurados através do vestuário ( ?! ), como eu próprio. Há duas noites que tenho dificuldade em dormir não havendo pomadinha que resulte com estas picadas estranhas. Alguém explica o que foi?

11 novembro 2006

A depredação dos mares.

Texto de participação enviado ao O Livro do Mar.

É preciso entender os bens naturais do planeta como meios para a subsistência e sobrevivência da Humanidade, mas finitos, num determinado contexto. Compete-nos pois velar pelo bom equilibrio das riquezas postas à nossa disposição. Desse entendimento, deve fazer parte a convicção de que uma coisa é a colheita dos frutos disponíveis sem colocarmos em risco todo o equilibrio que levou milénios a construir e outra, é a depredação do meio ambiente, de tal forma que em meia dúzia de anos de plena União Europeia os resultados estão á vista, pelo menos nos mares da Europa.

Cada país tem o seu meio ambiente próprio e é nele soberano. Nenhum outro pode nele intervir sem criar o conflito e esta foi sempre uma razão pela qual se disputaram guerras. Contudo, há bens naturais comuns á Humanidade que estão temporáriameente de passagem ou em depósito em alguns países. Sendo próprietários deles hoje, poderão já não o ser amanhã. Os glaciares, a àgua, o ar, os peixes, são bens naturais próprios de cada meio ambiente mas enquanto lá estiverem, deixá-lo-ão de o ser quando se moverem para outro lado. Passarão depois a ser bens naturais proprietários de toda a Humanidade. Isso implica que cada país seja responsável pela boa salvaguarda desses bens enquanto estiverem da sua posse, implicando que a sua devolução seja feita nas condições ambientais de boa preservação desses bens.

Este, é um exemplo. Não acho admissível que se tenham subsidiado e deixado construir verdadeiras frotas de fábricas flutuantes de arrasto dos mares que rápidamente exauriram os recursos que temporáriamente estavam à sua guarda, como se lançaram na limpeza dos seus fundos, pertença de toda a humanidade. Para quê? Para a sua subsistência ou sobrevivência? Não. Apenas para a criação de excedentes de pesca que vendem para todo o mundo e vemos por aí espalhados em abundância por arcas frigoríficas, alguns perdendo validade. Paralelamente, verificou-se o desaparecimento por asfixia, da pesca que melhor tratava esses recursos em termos da sua preservação. É por isso tremendamente injusto para os países que não enveredaram por essas políticas de depredação do meio que se venha agora penalizá-los outra vez pelos erros que esses piratas dos mares cometeram. Há países com muitas responsabilidades também pelo enorme excesso de consumo de espécies em fase de crescimento que nem chegam à idade adulta, como as Angulas, “Jaquinzinhos”, “Petinguinhas”, Choquinhos minúsculos, parece que proibidos em Portugal há muito, mas não noutros países. Impede-se assim que as espécies completem os seus ciclos normais de procriação e de libertação de mais sustento para a humanidade! Parece claro que a política Europeia de pescas foi um falhanço para a Europa e para a Humanidade porque criou desiquilibrios intracomunitários e potenciou a depredação dos mares da Europa e do resto do mundo. Este efeito depredador, cujo o único motivo é a ganância pelo lucro rápido e fácil, dá-se da mesma forma na Agricultura, onde se estão a verificar desastres ecológicos pela contaminação dos lencóis freáticos e desagregação dos solos, com efeitos sobre as águas e por arrasto sobres os mares.


A Humanidade deve poder impor formas de contenção da exploração dos recursos sempre que elas sejam motivadas pela ganância desmesurada de depredar mais e mais depressa que o vizinho. E a própria sociedade deveria ser mais alertada para quem o faz e como o faz.

10 novembro 2006

Queixa contra Iberista!

Em causa declarações proferidas em Abril em Santiago de Compostela.
Queixa na Procuradoria contra ministro Mário Lino por defender iberismo.

Começo a sentir-me acompanhado, ao ver que ainda há portugueses dispostos a honrar este país, enquanto descendentes do “Vasconcelos” vão deitando contas à jorna e procurando bastardos parentescos e servilismos a um povo do qual nunca tivemos um sinal de amizade. Sempre que para aqui olhou, foi com o olhar da cobiça, da exploração e da conquista. Só não percebem e aceitam esta nova estratégia, pessoas que não sentem o conceito de Pátria e é isso que me causa estranheza. Pergunto até, face ao nosso lugar nos rankings, se não é esta ausência de valores patrióticos que nos vai corroendo e emperrando.

Subscrevo inteiramente esta queixa na Procuradoria, porque ela se configura contra todos os traidores que perfilam estes designios e é preciso mostrar aos nossos filhos que esta não é uma geração abastardada, de outra forma, perderão um conceito com muitos séculos de história. Veja a notícia aqui no Público de ontem.

07 novembro 2006

Ó Mar salgado, ...

Vai debater-se o Mar no Algarve por causa da futura unificação das políticas marítimas da UE. Quando se debateram as pescas, sabem quem ganhou e quem perdeu?! Então vejam lá se ficam outra vez de pantufas a assitir. Se não puder ir, ajude daqui:

04 novembro 2006

Os cubanos e o português.

O entusiasmo da iniciativa inédita naquele continente, do ensino da lingua portuguesa, num pobre país africano, por técnicos cubanos, para irradicar o analfabetismo e a pobreza, não pode deixar de nos questionar!

Ouça outra vez, os Sinais de Fernando Alves, TV Escola, fazendo a tal operação de colocar som e clicar no sinal audio.

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01 novembro 2006

Último argumento.

“E agora, a Lisboa!... A Lisboa!...”

Este foi o incitamento que o generais franquistas fizeram no final do jantar de comemoração da vitória de Franco, na guerra civil espanhola!...(segundo o Dr. Mário Soares na SIC, esta semana).

Não sabiam? Eu também não. Mas é a história daquela época que não nos foi toda contada. E se foi assim, farão mais sentido “as costas voltadas” durante tanto tempo. Salazar sabia os perigos que corria. Perante estes reprimidos desejos dos vencedores da guerra civil, pela direita franquista, agora conhecidos, quem são então as elites dos valorosos portugueses que se põe a jeito?