22 dezembro 2009

O Povo e a Música

Disse um dia que tinha inveja deste povo, seria antes que gostaria de ter tido um povo ou uma nação que tivesse tido a oportunidade de produzir cultura desta forma. Perguntavam-me no email que recebi com o link do vídeo que segue: “E nós o que temos? O Toni Carreira e agora o filho?” Não, não são as audiências do Toni que preocupam, até porque as salas com grandes clássicos, começam a ter as suas audiências, do que tenho pena é que lá muito para trás na nossa história esse despertar para as ideias, as artes e a cultura não tenha acontecido. É portanto um deficit na nossa evolução histórica. Mas não podemos ser severos, porque quer se queira quer não, é também um problema geográfico: tivemos sempre na Espanha um tampão entre nós e a cultura europeia, enquanto os Iluministas e outros arejavam a Europa séculos atrás. Compete-nos agora correr atrás do tempo e tornar o nosso futuro povo um amante de cultura capaz de produzir um dia a sua obra e quem sabe gostar de cantá-la assim.
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16 dezembro 2009

O postal de Natal

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Imaginem que o receberam porque foi feito da forma menos virtual possível, ele existe mesmo. Foi comprado, manuseado, escrito, fotografado e agora colocado aqui para fazerem dele, vosso. Um abraço a todos. Deixo-vos esta belíssima voz da Jana Mashonee, cantando na Língua nativa Navajo.
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14 dezembro 2009

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Erros caros.


Parece continuar a haver gente a insistir no mesmo erro em relação às Presidenciais, ao esquecer que foi este Manuel Alegre, só, sem apoios oficiais, com as animosidades internas apontadas para ele, contando apenas com os portugueses como eu que pensaram por si não delegando em ninguém essa responsabilidade, suportando do seu bolso uma campanha apoiada em muita contribuição individual, sendo constantemente afrontado pelos seguidistas de Sócrates e Soares hoje premiados no Governo, que por uma unha negra não obrigou Cavaco a uma segunda volta. Sabe porquê? Porque foi capaz de nos falar da CIDADANIA de uma forma que os adeptos do discurso oficial não ousam porque têm medo dela, medo que os centrifugue. Há uma nova esperança na força do discurso de Alegre e isso não faz quem quer só faz quem pode. Obama confirma isto. É pois com espanto que continuo a assistir a este tipo de análise, mas se não é já alguma estratégia de demolição eleitoral, é pelo menos um déjà vu com uma desastrosa derrota, reeditavel com qualquer-um-peixe-de-águas-profundas que venham a pescar.

Quanto aos jornalistas, não me diga que não são preferíveis os independentes, ainda que estagiários, a efectivos dependentes, a mercenários em outsourcing ou a agenciados, convenientemente bem pagos. As Agências ... claro.
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10 dezembro 2009

Portugal profundo

Em tempos fui pró regionalização e não sei bem porquê, porque isto de regiões é coisa que não pensamos todos os dias de forma a termos uma opinião tão formada. Acho que acreditei mesmo que era possível não multiplicar as estruturas que suportamos e por aí pululam, de forma a que não começassem a haver por aí mais esposas de presidentes e de vice-presidentes, de chefes de gabinete de presidentes e respectivas Secretárias, e mais secretárias e cadeiras novas de espaldar e up grade das frotas automóvel, assim à maneira da nossa Assembleia e do seu presidente peixe-de-águas-profundas. Naquele tempo alimentava-me um espírito que entretanto me parece ter-se perdido, e começo agora a descrer em regionalizações ao ver gente recuperar o tema depois de falhar o assalto ao poder, de tantos apitos e sacos às cores, contas na Suíça e mais estes exemplos edificantes que junto no link. Agora, atormenta-me pensar que estes homens poderiam candidatar-se um dia e mandar calar ou arrotundar uma região inteira.
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08 dezembro 2009

Manuel Alegre


Mário Soares teima em não ter o final político que merecia. Não precisava de continuar esta senda. Uma pena. Ver no Jornal I.
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"Uma bola de futebol a sério"

Era uma reportagem nas tabancas algures em Moçambique, com os filhos órfãos da guerra. Falavam da responsabilidade dos rapazes mais velhos, agora o amparo dos mais novos, depois dos pais morrerem com sida. Do cultivo da terra e da subida arriscada aos coqueiros que agora lhes competia. Das contenções em namoros, porque não havia mais ninguém para apoiar a família se “houvesse problema”. Da moça quase criança que à força virou mulher com uma pequena criança nos braços, filha do desconhecimento “dessas coisa dos tempo”. Das crianças descalças que jogavam felizes com uma bola de trapos da cor do pó vermelho dos pés, e declaravam com um grande sorriso aberto “que o que mais queriam era mesmo uma bola de futebol a sério!”. A repórter, virando-se para aquele rapaz meio criança, tutor daquela gente, ainda pergunta:

- E o que é que vos faz falta?

- Ah sim! Nada. Nada nada. Tá tudo bom. Tudo bom. Numa introspecção, distante, onde provavelmente já não estavam para ele os repórteres, disse uma vez mais olhando o chão:
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- Tá tudo bom.
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A espanholização da política

António Vitorino em entrevista a Judite de Sousa, a propósito dos recentes episódios entre Oposição e Governo: “Estamos a caminho da espanholização da politica”.

Ou, casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão? Eu quero tudo menos espanholizar-me. Tenham lá então juízo.

07 dezembro 2009

O Clima em Copenhaga

Vigílias por um acordo sobre as medidas para combater as alterações climáticas vão ser realizadas por todo o mundo no próximo dia 12. Esta equipa de http://www.avaaz.org/ colocou em marcha uma campanha a nível mundial. Veja o quê: Vigília por um Acordo.

Cavaco: "Autoritarismo gelado"

(...) "Agora, sustentado por uma absurda evasiva protocolar, não compareceu na grande homenagem à memória de Melo Antunes. A justificação brada aos céus. Estavam presentes três antigos Presidentes da República, demonstrando que a questão central, o tributo a Melo Antunes, evocava o sentido dos valores e a magnitude de uma Revolução que determinava a defesa desses valores. O dr. Cavaco virou as costas. E a Associação 25 de Abril, cansada de ambiguidades e de escusas disparatadas a quatro convites destinados a memórias semelhantes, a Associação decidiu nunca mais solicitar a presença do dr. Cavaco. Há, portanto, um corte de relações entre uma instituição que simboliza a Revolução de 1974 e os seus heróis, e um indivíduo que, casual e episodicamente, é Presidente da República."(...)
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Leia o resto do artigo de Batista Bastos justamente indignado no JN.

05 dezembro 2009

Os Dubais de areia.


Li algures: Cidade-símbolo do capitalismo árabe está à beira de tornar-se uma cidade fantasma. Em tempos, uma amiga enviou-me um pps com fotos maravilhosas de um empreendimento algures no deserto, com canais de água cristalina, lagos com ancoradouros em estilo veneziano, embarcações de recreio onde era possível antever sortudos desta vida, gente dourada pelo sol esquecida das coisas que nem tem que fazer. Respondi-lhe, com a primeira imagem que a minha memória fez, lembrando-me da mensagem final do filme: “O planeta dos macacos”. Via tudo aquilo como uma construção na areia que um dia a lei da entropia converteria fatalmente noutra ordem planetária, quando as areias chegassem para secar aqueles desvarios, ou o desentendimento entre os homens o tornassem num deserto igual ao do filme. Depois, foi também a certeza que a loucura financeira a que assistíamos que suportava tudo aquilo, era como uma espécie de encantamento próprio das miragens da sede no deserto, e continha a prova que seria tudo mais efémero do que parecia. Foi mais ou menos esta a resposta.

Receio não me ter enganado, porque as más notícias sobre aqueles exageros, agora, os financeiros, estão a chegar mais rápido do que o previsto e a antecipar-se até a chegada das areias e do capim das dunas, apressando o agravamento da crise que ainda não quisemos resolver. Decididamente, montamos mal este mundo porque não o fizemos com sustento. Fontes aleatórias: aqui, aqui e etc.
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02 dezembro 2009

Aula sem cadernos

Estes, são exemplos de vida que valem a pena conhecer, e esta aula uma forma tão elevada de como podemos falar sobre eles, ou melhor, como nos podem ajudar, se utilizados desta forma tão empenhada e conseguida. Não me importava de ter sido aluno nesta aula do Jad:
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01 dezembro 2009

Hino da Restauração

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A charanga irrompia na rua em alvorada de estridentes metálicos, por aquelas noites frias do negro azulado de Dezembro, antecipando uma aurora ainda meio adormecida, tocando o hino da Restauração, quase roçando a janela do quarto onde eu ainda criança, dormia, alheio àquela manifestação patriótica. Era assim, com aquela genuinidade, que naquela vila do norte do Alentejo se comemorava o 1º de Dezembro, evocando a memória da madrugada em que nos livramos do domínio Filipino em 1640.

Talvez tenham sido os actos de coragem daqueles músicos ao percorrerem as ruas geladas do 1º de Dezembro, que me incutiram o espírito que guardo por este país. Confesso-me um patriota, saudável, mas sem medos: patriota. Sendo que pátria, é a terra onde a pessoa nasce ou nação a que pertence.

Neste vídeo, em Elvas, ninguém parece saber a letra do hino, nem sei se a que existe é original, mas a que cantávamos não é recomendável reproduzir aqui...
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