(Esta inusitada valsa fala de um encornanço, não fala de
revoluções. Platoon também foi ao som de um adágio de Barber e há enterros onde se
canta e nascimentos onde se chora. É hora de mudar tudo. Até as músicas da revolução.)
Não quero fazer aqui de Cavaco quando diz que “eu bem avisei”,
mas tenho a sensação de haver muita coisa que digo que é mais tarde um
happening. Agora é uma espécie de sonho. Uma premonição. Tenho uma visão de que esta coisa… é assim
como disse o outro: “estão dentro de um buraco a escavar e cada vez cavam mais
fundo”, quando deviam parar, atirar alguém cá para cima pelos fundilhos para que
pudesse procurar ajuda para os outros trolhas lá em baixo.
Fica aqui revelada esta premonição: um dia destes, mais tarde
ou mais cedo, só vejo uma Revolução. Só me faltam os sinais do day after, mas
há ténues indícios de que desta vez as coisas não sejam como foram. Não é
difícil acreditar que possa estar a ser influenciado por ondas quânticas que me
vêm do futuro porque, vocês assistem à degradação, não falo da degradação
económica, falo da degradação ética, da falta dela e da moral em tudo que é
vida pública, negócios, política, das caras que já não suportamos, das mentiras,
da demagogia, dos vira casacas que afinal “tinham dito tudo”, dos sabujos que
se banqueteiam do erário público, do compadrio, do caciquismo (...e ainda
existe), dos amigos que continuam à direita, dos velhos incautos que
acreditam neles como no burlão, dos votos em Jardins, em Cavacos, Coelhos,
Pintos, frangos, tudo, tudo a deixar-nos roubar, uns, e a roubar-nos, outros.
Num cenário involutivo destes, em que temos uma regressão meteórica de todos os
estabilizadores de uma vida coletiva estável, é preciso que haja mesmo sonhos
premonitórios?