Ainda no espírito que vem com o
Natal, cujas contradições com as minhas não religiosidades só existem para os ascetas
da vigilância contemplativa religiosa ou política, diria que hoje poderia fazer
como Álvaro de Campos, quando escreveu
aquela Ode Triunfal de uma só penada encostado a um móvel, que escreveria para
cada um de vocês da mesma forma, familiares e amigos - os que se sintam destinatários
possíveis - mas acordei demasiado tarde para um projeto desses porque vocês são
ainda uns quantos, a escrita seria muita e nem o tempo que falta para o Natal
me chegaria; e nem eu sou ao fim e ao cabo Fernando Pessoa para me desmultiplicar
tanto. Sinto contudo, que cada um me merecia esse pedaço de texto que viria
certamente com toda a verdade falar-vos das particularidades que me ligam, quer
pelo laço familiar, quer pela amizade que me faz ter esta vontade de me dirigir
a cada um da forma particular que merece. E estão cá todos, mesmo os que acham
que não, porque se virem bem fiz parte da vossas vidas como vocês fizeram parte
da minha. Os desacertos, se os houve, foram entretanto apagados do registo que
daria o texto.
Fiquem portanto, os que sabem que
não sou falso quando falo da amizade, com um pedido: cultivem a nossa amizade
como quem trata de uma horta: dêem-lhe terreno fértil, retirem as ervas que
só são daninhas nela mas não noutros lados, reguem quanto baste e deixem que a
natureza faça o resto. Assim, permanecerão sempre naquela lista provável dos
que um dia terão um texto escrito com a mesma veneta com que o Pessoa escreveu
aquela Ode Triunfal.
Isto não foi uma ode, claro, nem
era esse o objectivo, era apenas uma forma de vos dizer que poderiam ter tido
hoje umas palavrinhas personalizadas de sintetização do meu afeto e em forma de
balanço de amizades, porque todos teriam coisas positivas para ler mas que andei
pouco atento e o Natal chegou, e a vida de reformado não dá pra tudo.
Um grande, grande abraço que só é
natalício pela data, se não seria dos outros: os do texto particular que mereciam
e não receberam afinal.
João, para uns. Grazina, para
outros. Se sou para alguns apenas Graza, são excelentes candidatos que tenho sempre em conta.
Bom Natal para todos.
Adaptem o poema, obviamente, às nossas condições de amizade.
Adaptem o poema, obviamente, às nossas condições de amizade.
Try to remember the
kind of September
When life was slow
and oh, so mellow.
Try to remember the
kind of September
When grass was green
and grain was yellow.
Try to remember the
kind of September
When you were a
tender and callow fellow.
Try to remember, and
if you remember,
Then follow.
Follow, follow,
follow, follow, follow,
Follow, follow,
follow, follow.
Try to remember when
life was so tender
That no one wept
except the willow.
Try to remember when
life was so tender
That dreams were kept
beside your pillow.
Try to remember when
life was so tender
That love was an
ember about to billow.
Try to remember, and
if you remember,
Then follow.
Follow, follow,
follow, follow, follow,
Follow, follow,
follow, follow.
Deep in December,
it's nice to remember,
Although you know the
snow will follow.
Deep in December,
it's nice to remember,
Without a hurt the
heart is hollow.
Deep in December,
it's nice to remember,
The fire of September
that made us mellow.
Deep in December, our
hearts should remember
And follow.