“As injustiças da Natureza, vá: não as podemos evitar. Agora
as da sociedade e das suas convenções – essas, por que não evitá-las? Aceito –
não tenho mesmo outro remédio – que um homem seja superior a mim por o que a
natureza lhe deu – o talento, a força, a energia; não aceito que ele seja meu
superior por qualidades postiças, com que não saiu do ventre da mãe, mas que
lhe aconteceram por bambúrrio logo que ele apareceu cá fora – a riqueza, a posição
social, a vida facilitada, etc. Foi da revolta que lhe estou figurando por
estas considerações que nasceu o meu anarquismo de então – o anarquismo que, já
lhe disse, mantenho hoje sem alteração nenhuma.”
Fernando Pessoa, 1922.
1 comentário:
Vou ter de reler o "Banqueiro". Confesso-lhe que não é profissão pela qual tenha alguma espécie de estima. Mas talvez não fosse inútil pensar, como quando éramos adolescentes e respondíamos aos Inquéritos das nossas amigas, «que farias se tivesses uma varinha de condão?»
Actualizando a pergunta:
O que faríamos se dispuséssemos do poder de Sua Absoluta Magestade El-Rei D. Ricardo Espírito-Santo?
Desconfio que fazia como fizeram os Armazéns Grandella: emitia uma moeda particular ou, melhor ainda, Euros falsos, como fez o Alves dos Reis numa crise parecida com a nossa.
Um abraço.
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