Defender Helena Roseta na questão da denúncia pública que fez de uma proposta feita em tempos por Relvas, pode para muitos ser um exercício difícil por questões de posicionamento partidário. Para mim é fácil porque não me limita qualquer fronteira desse tipo. Depois de ter deixado aqui em baixo o vídeo, levantou-se a polémica sobre o tempo que levou para revelar a conversa. Aqui fica o que penso sobre isso, em comentário deixado no mural do MSE:
“Bem sei que não vai cair aqui bem a defesa da Roseta, até pela mais recente intervenção na questão da desocupação de São Lázaro. Mas se há uma coisa que não gosto é esconder-me quando a minha opinião não é coincidente. Vejamos: Roseta resistiu ou não a uma investida de um membro do governo no sentido de obter benefícios para a Ordem? Quantos naquela circunstância não teriam aquilo como normal, não a tomando como o que de facto representava, e aceitariam a boleia que lhes estava a ser oferecida? Perguntam agora: Mas porque não falou no momento? Esta pergunta faz-me lembrar aquela mais comum que inviabiliza que muita gente fale: Provas! Tem provas? E por causa disso muito apito perde a cor. Roseta não explicou porque não quis meter-se por esses caminhos mas provavelmente pesou mais o cenário da transformação da sua vida e a da Ordem dos Arquitetos num inferno por causa daquele episódio se, se queixasse de pressões. É preciso ter em conta que foi autarca, e naquela área e na da Ordem as confrontações com incidentes deste tipo eram infelizmente, ou são, mais comuns do que julgamos. O tipo que negou as pressões que fez a uma jornalista seria provavelmente o mesmo que negaria aquela oferta inquinada, porque não deve ter sido feita por escrito. Resumindo: Entre condenar alguém quando está em causa a tomada de uma atitude ética de resistência que temos que ter na devida conta, e a denúncia tardia desse facto, não tenho dúvidas de que lado estou. É que com este tipo de posturas um dia destes não ouvimos ninguém. O caso Sá Fernandes é um exemplo paradigmático disso.”
Tenho uma amiga que num determinado caso optou pela ética, resolvendo não pactuar e denunciou. Disse-lhe que estava em Portugal e que iria sobrar para ela. O resultado foi: destituição de cargos, remoção para uma sala de arquivos, depressão, negociação e saída. Que ninguém perca o sentido ético da vida, mas infelizmente em Portugal são heróis os que tentarem ser consequentes. Esta é também uma das razões que me faz andar por aqui.
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