Vários movimentos sociais, grupos políticos e uma centena de
subscritores em nome individual, leem hoje às 16h00, frente ao Ministério da
Administração Interna, um comunicado que subscreveram, seguido de conferência
de imprensa, com o objetivo de tornar claro para a opinião pública como se
posicionam em relação aos acontecimentos frente à Assembleia, no dia 14 de
Novembro, porque entendem que o que aconteceu tem vindo a ser aproveitado ardilosamente
pelo Governo através de um discurso que deturpa os factos.
O instrumento para a divulgação da realidade daquela noite passa
pela Rede 14N, que recolhe os depoimentos e os divulga nas redes sociais.
Reedição:
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Transcrevo o comunicado e
os respetivos subscritores, que foi lido na conferência de imprensa dada à
chuva no Terreiro do Paço, e não em frente do MAI como estava previsto, em virtude dos participantes
“serem mais do que dois e isso ser considerado uma manifestação." Foi invocada uma lei de fevereiro de 1974. Veja o vídeo RTP .
Comunicado "Violenta
é a austeridade"
«O dia 14 de Novembro foi
um dia histórico. Por toda a união europeia e em vários países do mundo
realizaram-se greves gerais e protestos nunca antes vistos. Em Portugal,
milhares de trabalhadores e trabalhadoras fizeram uma greve geral contra as
políticas deste governo e da troika, numa das maiores paralisações registadas. Nesse
dia decorreram também várias manifestações com elevada participação.
Repudiamos a carga
policial injustificável e indiscriminada que ocorreu nesse dia, sob ordens do
Governo. Soubemos de resto que comerciantes da zona tinham sido ainda antes da
manifestação avisados pelas autoridades para fechar os seus estabelecimentos, o
que nos leva a concluir que independentemente dos acontecimentos, estava
prevista uma carga policial.
As forças de segurança
feriram mais de 100 pessoas, o pânico que se seguiu podia ter redundado numa
tragédia. A própria Amnistia Internacional Portugal já condenou publicamente o
uso excessivo de força policial. Na hora que se seguiu, as forças de segurança
procederam à detenção de várias dezenas de pessoas, em zonas tão distantes como
o Cais do Sodré; algumas nem tinham estado em frente à Assembleia da República.
Durante muitas horas, a polícia não revelou a familiares e advogados/as o local
em que se encontravam as dezenas de pessoas detidas, nem as deixou falar com
elas. Muitas das 21 pessoas que foram levadas para o tribunal criminal de
Monsanto foram forçadas, sob ameaça, a assinar formulários que se encontravam
em branco. Todos os testemunhos que nos chegam comprovam, tal como a ordem de
advogados já salientou, a existência de inúmeras ilegalidades nos processos de
detenção.
Exigimos por isso a
instauração de um inquérito à actuação das forças de segurança bem como aos
termos em que foram efectuadas as detenções e demonstramos a nossa total
solidariedade com todas as pessoas detidas e vítimas da repressão na noite de
14 de Novembro.
Estamos perante uma
operação política e policial que, a pretexto de incidentes tolerados durante
mais de uma hora e transmitidos em directo pelas televisões, pretende pôr em
causa o direito de manifestação, criminalizar a contestação social, e fazer
esquecer as medidas de austeridade impostas, de extrema violência e que levam à
revolta e ao desespero das pessoas. Temos plena consciência que o governo
pretende impor a sua política e a da troika, de qualquer forma, inclusive pela
repressão política e a liquidação de grande parte das liberdades democráticas.
A liberdade está a passar por este combate e, por muito grande que seja a
repressão, não vamos assistir em silêncio a um retrocesso histórico de perdas
de direitos duramente conquistados.
Recusamos que um dia
nacional, europeu e internacional de mobilização histórica contra as políticas
de austeridade seja desvalorizado ou esquecido, quer pela comunicação social,
quer pelo governo. Somos cada vez mais a contestar este regime de austeridade e
não nos calaremos, por isso apelamos à mobilização no dia 27 de Novembro, dia
de aprovação do Orçamento do Estado.»
Subscritores colectivos: ACED,
Associação de Combate à Precariedade - Precários Inflexíveis, Attac Portugal, CADPP,
Clube Safo, CMA-J Colectivo Mumia Abu-Jamal, Colectivo Revista Rubra, Indignados
Lisboa, Marcha Mundial das Mulheres – Portugal, MAS - Movimento de Alternativa
Socialista, Movimento Sem Emprego, Panteras Rosas, PCTP/MRPP, Plataforma 15O, RDA69,
Recreativa dos Anjos, Socialismo Revolucionário, SOS Racismo.
Subscritores individuais:
Adriana Reyes - Alcides Santos - Alex Matos Gomes - Alexandre De Sousa Carvalho
- Alexandre Lopes de Castro - Alice da Silveira e Castro - Alípio de Freitas - Ana
Benavente - Ana Catarina Pinto - Ana Rajado - André Carmo - Ângela Teixeira - António
Barata - António Dores - António Mariano - António Serzedelo - Bernardino
Aranda - Bruno Goncalves - Carlos Guedes - Carolina Ferreira - Catarina
Fernandes - Catarina Frade Moreira - Clara Cuéllar - Cláudia Figueiredo - Daniel
Maciel - David Santos - Eduardo Milheiro - Eurico Figueiredo - Fabian
Figueiredo - Fernando André Rosa - Francisco d'Oliveira Raposo - Francisco da
Silva - Francisco Furtado - Francisco Manuel Miguel Colaço - Gonçalo Romeiro - Guadalupe
M. Portelinha - Gui Castro Felga - Helena Romão - Isabel Justino - Joana
Albuquerque - Joana Lopes - Joana Ramiro - Joana Saraiva - João A. Grazina - João
Baia - João Labrincha - João Pascoal - João
Valente Aguiar - João Vasconcelos Costa - Jorge d'Almada - Jorge Fontes - José
Luiz Fernandes - José Nuno Matos - José Soeiro - Judite Fernandes - Lídia
Fernandes - Lucília José Justino - Luís Barata - Luís Júdice - Luís Miranda - Luna
Carvalho - Magda Alves - Mamadou Ba - Manuel Monteiro - Manuela Gois - Margarida
Duque Vieira - Maria Conceição Peralta - Maria Paula Montez - Mariana Pinho - Marta
Teixeira - Martins Coelho - Nuno Bio - Nuno Dias - Nuno Ramos de Almeida - Olímpia
Pinto - Paula Gil - Paulo Coimbra - Paulo Jacinto - Pedro Jerónimo - Pedro
Páscoa - Pedro Rocha - Raquel Varela - Renato Guedes - Ricardo Castelo Branco -
Rita Cruz Neves - Rita Veloso - Rodrigo Rivera - Rui Dinis - Rui Duarte - Rui
Faustino - Rui Ruivo - Sandra Vinagre - Sérgio Vitorino - Sofia Gomes - Sofia
Rajado - Sónia Sousa Pereira - Teresa Ferraz - Tiago Castelhano - Tiago Mendes
- Tiago Mota Saraiva - Tiago Santos - Tiago Silva.
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