Se por um lado não podemos todos optar com êxito pelo
regresso imediato à sustentabilidade de uma vida fora da caixa onde estamos
metidos, por outro, é dramático projetarmos o futuro, e parecer-nos estar agora
num ponto de não retorno. O triunfo do egoísmo plasmado na ascensão imparável
do neoliberalismo pela mão da política, mesmo até daquela que supostamente
sempre esteve mais próxima dos grandes valores do Humanidade, deixa-nos sem
grandes esperanças de poder reverter o processo antes que um qualquer desastre
- dito regenerador - no Mundo, a reponha. Chego a acreditar na cabala que
circula, de que há por aí um desígnio a congeminar-se nesse sentido e
paradoxalmente, nunca o Homem teve como hoje, projetistas da vida em sociedade
tão capazes de oferecer soluções que livrem as nossas filhas, no futuro, da
caixa de um supermercado e do tapete rolante das compras. Aquela teoria
maquiavélica, não é assim uma coisa tão abstrusa, - lembremos que a “Solução Final” não foi até nenhuma obra de ficção, saiu da cabeça do Homem, é que as
hordas de pobres do mundo já têm agora acesso ao conhecimento que não tinham
antes, dos excessos com que vivemos, e ninguém os vai conseguir deter na
exigência de terem também esse direito: um emprego na caixa de um supermercado.
A pressão já é grande, mas muito em breve se tornará insuportável. Alguma coisa
de fundamental o Homem teria que impor a si próprio porque o triunfo deste
neoliberalismo rapace faz parecer aqueles momentos dramáticos do assalto a uma
coluna de alimentos na chegada a um campo de refugiados famintos. Estamos a
viver um estertor político comparável, onde tudo vale, só falta tirar olhos.
2 comentários:
Ainda há Belmiros à solta
Todos os sinais evidenciam que estamos no meio de mais um salto da História, com uma idade a terminar o seu ciclo e uma outra a nascer, embora não saibamos como ela irá ser. Falta uma teorização do futuro.
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