(…) “e exila-se no México, onde se converteria num dos mais
prestigiados intelectuais do século XX.
Naquele país, escreveu nos mais importantes jornais e
revistas, fundou o Clube de Jornalistas, lutou contra as injustiças de que eram
vítimas os indígenas, foi agraciado por diversos Presidentes da República, o
seu nome foi atribuído a salas de museus, auditórios, escolas, ruas…
Considerado um dos principais teóricos da pintura muralista, foi amigo de Frida
Kahlo e de Diego Rivera, entre inúmeros intelectuais, e o seu prestígio
difundiu-se internacionalmente.”
Sabem a quem se refere este texto? Não? Eu também não
saberia. A questão do meu espanto tem a ver com o facto de me ter passado
despercebida a história de um homem, de cuja existência soube, mas nunca com o
conhecimento desta forma tão elogiosa? Conhecia o seu nome mas não o seu
prestígio. É por isto principalmente que trago este texto, embora não deixem de
estar presente as razões que concorreram para que ele tivesse sido apagado da
história portuguesa. Estou certo que este livro vai causar grande celeuma,
porque é escrito por alguém que está muito por dentro da sua história, e isso
vai causar incómodos.
Deixem-me continuar a sublinhar o resto para saberem de quem
se trata. Estes extratos foram retirados da contra capa do livro que vos
recomendo. Só li umas dezenas de páginas a meio dele, mas o suficiente para o
recomendar vivamente, porque é história que talvez desconheçam. Não vão faltar
aqui contraditórios, só não quero insultos por tocar numa ferida que muitos nem
sabem que têm.
(…) Francisco de Paula Oliveira, o mítico Pavel, é um dos
mais misteriosos combatentes antifascistas portugueses. Aderindo desde muito
jovem ao Partido Comunista Português, as suas qualidade de militante levaram-no
a dirigir interinamente o Parido, sendo considerado o sucessor natural de Bento
Gonçalves, o secretário-geral a cumprir pena no Tarrafal.
Em Maio de 1938, depois de se evadir da cadeia de Aljube,
Pavel foge para França. O Partido Comunista, que havia preparado a evasão,
abandona inesperada e surpreendentemente o seu militante, abrindo caminho à
ascensão de Álvaro Cunhal a secretário-geral.
Desprezado pelos seus camaradas, Pavel adopta o nome de
António Rodríguez, um galego morto durante a Guerra Civil de Espanha, e exila-se
no México, onde se converteria num dos mais prestigiados intelectuais do século
XX.
Apesar destes feitos extraordinário, este homem é ainda
desconhecido em Portugal e o seu nome continua a ser um tema incómodo para o
Partido Comunista, de cuja história foi riscado. Porquê? A resposta está neste
livro.”
Chamou-se António Paula Oliveira; Pavel e António Rodriguez,
no México estimam a sua memória como a de um grande intelectual. Em Portugal,
alguém se encarregou de esconder isso.
PAVEL – UM HOMEM NÃO SE APAGA, de Edmundo Pedro. Edições Parsifal
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