Se Lisboa tivesse estado mais atenta ao seu património, não teria perdido tanto dos lugares emblemáticos que fizeram parte da sua história e que são tão procurados por quem quer saber um pouco mais sobre nós.
Não sei se o Martinho da Arcada está agora envolvido nesse risco, como alerta o seu proprietario, a propósito do desassossego que é a passagem dos transportes colectivos à sua frente que lhe tiram também a dignidade, mas sei isso sim, que é tempo de mudarmos de atitude e estarmos atentos aos perigos que cercam os lugares que nos restam como este, como o Nicola, a Brasileira do Chiado ou a Vesailles. Enterrar a cabeça na areia e fingir que não se vê só porque são negócios privados é um erro, aqueles lugares são história, são património vivo, pertença da cidade. Pessoa não nos perdoaria.
Acabei por trazer de lá aquela pequena brochura, que nos ajuda a perceber melhor o valor do espaço que desde 1782 viu passar e serviu de pouso a tanta da nossa cultura. É dele que retiro o excerto de uma carta totalmente imaginária de Fernando Pessoa a Ophélia Queirós, escrita por António Tabucchi em 2004: "(...) gostaria que a Ophelinha ficasse à minha espera sentada na mesa ao lado, (...) A Ophelinha sente-se com as costas para a parede à sua mesa; eu sentar-me-ei da mesma maneira à minha. (...) Tenho uma coisa muito importante para lhe dizer, uma coisa de que a Ophelinha vai gostar com certeza. Mas é indispensável fingir que não nos conhecemos. Só nós sabemos que fingir é conhecer-se..."
Não sei se o Martinho da Arcada está agora envolvido nesse risco, como alerta o seu proprietario, a propósito do desassossego que é a passagem dos transportes colectivos à sua frente que lhe tiram também a dignidade, mas sei isso sim, que é tempo de mudarmos de atitude e estarmos atentos aos perigos que cercam os lugares que nos restam como este, como o Nicola, a Brasileira do Chiado ou a Vesailles. Enterrar a cabeça na areia e fingir que não se vê só porque são negócios privados é um erro, aqueles lugares são história, são património vivo, pertença da cidade. Pessoa não nos perdoaria.
Acabei por trazer de lá aquela pequena brochura, que nos ajuda a perceber melhor o valor do espaço que desde 1782 viu passar e serviu de pouso a tanta da nossa cultura. É dele que retiro o excerto de uma carta totalmente imaginária de Fernando Pessoa a Ophélia Queirós, escrita por António Tabucchi em 2004: "(...) gostaria que a Ophelinha ficasse à minha espera sentada na mesa ao lado, (...) A Ophelinha sente-se com as costas para a parede à sua mesa; eu sentar-me-ei da mesma maneira à minha. (...) Tenho uma coisa muito importante para lhe dizer, uma coisa de que a Ophelinha vai gostar com certeza. Mas é indispensável fingir que não nos conhecemos. Só nós sabemos que fingir é conhecer-se..."
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