(Reeditado)
Estranhei a recente preocupação dos nossos juízes quanto a irregularidades detectadas nos gastos de 14 (catorze) ministros do governo anterior. Catorze! Nada menos. Não que não ache não haver por lá alguns que seriam bem capazes disso, até de mais, mas… esta eficiência, agora. Esta preocupação inusitada. Esta nova cruzada que um remédio assim deve corresponder a mal maior. De repente: - Aqui d’el Rei, e os nossos juízes, quais Robin dos Bosques, vão-se a eles! Não. Não cheira bem. Estamos a viver uma época estranha, até nestas inusitadas questões. O Ricardo, que escreve bem sobre estas coisas, escreveu assim sobre isto, aqui, aqui e aqui: (…) “Como esperam que as pessoas confiem que decidam com base apenas na prova, quando em público destilam ódio pessoal e político? Será que o juiz político e os restantes sindicalistas não percebem que com isto apenas estão a destruir a réstia de credibilidade que a Justiça tem na opinião pública?” (...). Não nos pasma esta atitude porque já há muito se assiste ao à vontade com que estas coisas acontecem na nossa Justiça, sem que ninguém diga, como quando as luzes se apagaram: - Alto e para o baile que apalparam as mamas à minha filha! Triste é também a forma como as notícias se dão e nos entram em casa, porque o que fica é o eco de tudo isto. E a Esquerda, interesseira, assiste muda a este desfile. Sócrates, com todos os defeitos que teve, teve a ingenuidade de meter a mão no vespeiro: saiu-lhe caro. Meteu-se com gente errada. Mete medo uma Justiça assim. Dirigida. Tenho esperança que um dia, olhando para trás, possamos achar isto estranho, como achamos os trapinhos que vestiam os nossos avós naquelas fotografias amarelas a sépia, e possamos perguntar: como foi possível que as coisas se tivessem passado assim um dia? Não abdico, da utopia se quiserem, de ter uma Justiça cega. Mas cega! E é que olhando bem para eles, parecem estar convictos na farpela que vestem.
Estranhei a recente preocupação dos nossos juízes quanto a irregularidades detectadas nos gastos de 14 (catorze) ministros do governo anterior. Catorze! Nada menos. Não que não ache não haver por lá alguns que seriam bem capazes disso, até de mais, mas… esta eficiência, agora. Esta preocupação inusitada. Esta nova cruzada que um remédio assim deve corresponder a mal maior. De repente: - Aqui d’el Rei, e os nossos juízes, quais Robin dos Bosques, vão-se a eles! Não. Não cheira bem. Estamos a viver uma época estranha, até nestas inusitadas questões. O Ricardo, que escreve bem sobre estas coisas, escreveu assim sobre isto, aqui, aqui e aqui: (…) “Como esperam que as pessoas confiem que decidam com base apenas na prova, quando em público destilam ódio pessoal e político? Será que o juiz político e os restantes sindicalistas não percebem que com isto apenas estão a destruir a réstia de credibilidade que a Justiça tem na opinião pública?” (...). Não nos pasma esta atitude porque já há muito se assiste ao à vontade com que estas coisas acontecem na nossa Justiça, sem que ninguém diga, como quando as luzes se apagaram: - Alto e para o baile que apalparam as mamas à minha filha! Triste é também a forma como as notícias se dão e nos entram em casa, porque o que fica é o eco de tudo isto. E a Esquerda, interesseira, assiste muda a este desfile. Sócrates, com todos os defeitos que teve, teve a ingenuidade de meter a mão no vespeiro: saiu-lhe caro. Meteu-se com gente errada. Mete medo uma Justiça assim. Dirigida. Tenho esperança que um dia, olhando para trás, possamos achar isto estranho, como achamos os trapinhos que vestiam os nossos avós naquelas fotografias amarelas a sépia, e possamos perguntar: como foi possível que as coisas se tivessem passado assim um dia? Não abdico, da utopia se quiserem, de ter uma Justiça cega. Mas cega! E é que olhando bem para eles, parecem estar convictos na farpela que vestem.
Quanto mais for este o seu desempenho na Justiça, maior será o enorme fosso que os separa da Sociedade Civil e isso, não se resolve com mais subsídios & prebendas que o país é pobre e aviltava mais o nobre papel de julgar. Isto só facilitará a tarefa um dia destes. Que terá que ser radical. Acredito.
Reedição: Não posso deixar de reeditar para deixar o link do texto de Miguel Sousa Tavares, ainda por via do Legalices. Leia aqui no Câmara Corporativa.
6 comentários:
Espero que sim, que daqui a alguns anos, possamos olhar para trás (para agora, portanto) e encarar esta vaga populista como uma moda passageira. Mas com os actuais intervenientes políticos não vejo como. Basta olhar para a tendência legislativa da actual maioria - não consigo esquecer o que pretendem fazer com o crime de enriquecimento ilícito - para afastarmos a esperança de uma Justiça correcta e de uma Democracia saudável e forte.
Abraço.
É lamentável, mas é um mero ajuste de contas... e tem razão quanto a considerar que é mais um cavar fundo o fosso onde caiu, há muito, a justiça. O que estranho no seu texto é a referência à "esquerda interesseira" que não comenta. Parece que tudo se resume a um taticismo... Lembro que o PS, no poder, não meteu a mão no vespeiro certo... ou se meteu recuou... conhece o que aconteceu ao pacto sobre a justiça? E antes do lhe aconteceu, o que era e quem o assinou? e o que a tal esquerda interesseira falou sobre isso. O PS apenas está sendo vitima de ter sido complacente com a choldra e o deixa andar... Há vasta documentação que o comprova, deixo-lhe apenas esta
Ricardo e Rogério:
Obrigado pelo vosso comentário. Desculpem uma espécie de resposta conjunta, mas ela vale mais como ponto de situação em relação à forma como vejo a questão.
Tenho algum receio de estar a deixar transformar em preconceito, a minha profunda aversão a qualquer forma de corporativismo, que transposto para a observação ao comportamento dos nossos juízes sindicalizados, me dá a sensação que tenho, de que são um dos últimos resíduos de gente que aceitou mal a revolução que fizemos, - sem que deem conta disso – e que era já por sua vez uma reminiscência inquisitorial vinda de antes da separação da Igreja e do Estado. Não tanto na análise das ligações numa ótica política, mas antes por um “tique” que lhes ficou como cultura comportamental na relação com todos os utentes ou não, da Justiça, facilmente verificável por si, Ricardo, nos tribunais por onde anda, sem que tenha que deixar isso expresso aqui. E é esta postura que os faz esbarrar na asneira em não compreender que somos figadalmente contra a sua interferência na política. Não queremos juízes políticos, queremos juízes de Direito, se quiserem fazer política “submetam-se” à sociedade civil e peçam-nos que digamos se gostamos ou não deles. O que não podem é ter um Poder ao carrinho do outro. Não voto neles, não os quero na política, quero-os a julgar políticos corruptos, mas também juízes! Mas vejam o azar: pelos fracos números, parece que não existem.
Rogério:
Quanto à questão do vespeiro, e porque o que estava em causa eram os juízes, é um facto que Sócrates correu riscos ao ter tocado naquela corporação quando atacou a questão das férias judiciais e mais que não me ocorre agora, e com isso assanhou muita gente. Depois foi vê-los todas as semanas a fazer política e não vi a Esquerda importar-se com esse protagonismo judicial por questões táticas… taticismo. Honra seja feita ao Daniel Oliveira que recentemente atacou Nuno Crato, não se importando com quem o seu ataque beneficiava. Nunca medi uma atitude minha em função do beneficiário dela, acho ou não justo e atuo. É assim que entendo a Justiça e é por isso que esse tacticismo político me afasta de participações partidárias. Fico-me pela intervenção cívica, a democracia participativa e as utopias de não ter medo de revoluções.
Um abraço a ambos.
Não sei se me fica bem balizar o que escrevi, no comentário que acabo de ouvir de Marcelo de Rebelo de Sousa, na TVI, mas está ali em cima escrito tudo o que foi o seu comentário, consubstanciado no que disse ser: “uma reação corporativa”. Resultado: a seguir vão julgar o que denunciaram, par revanche…Voilá!
Mantenho o que disse, não por teimosia mas para esclarecer o meu pensamento. Continuo a pensar que a situação, agora, são meros ajuste de contas por se ter "entrado em casa" dos ilustres juízes. A sério, a sério, ninguém do chamado "arco do poder" meteu as maus no vespeiro. Que saiba, o sistema absorveu e reintegrou nos serviços todos (ou quase) os juízes dos chamados "Tribunais Plenários" do anterior regime... Claro que a corporação se mobilizou contra as medidas de Sócrates, até como aviso "que ninguém" se meta connosco. E, de facto, ninguém se mete!
Não preciso de contradizê-lo, nem deixar de ser da mesma forma, não teimoso, basta que concorde com o termo “entrado em casa”, para substituir o que usei, porque, se as vespas forem daquelas eficientes africanas nem é preciso lá meter a mão, elas se encarregam de dizer onde é o limite da casa. A conclusão que se tira de tudo isto, é que não nos basta o deficit, o desemprego, a crise, a seca, os fogos, como ainda esta crise larvar do regime, no “Terceiro Poder”, como denotam as atitudes das nossas magistraturas sindicalizadas. Mas que quem me lê não me tome por anti sindicalista, esta pode ser apenas uma perceção que fica das confusões com que me debato na definição das fronteiras entre sindicalismo e corporativismo.
Um abraço.
Enviar um comentário