Reeditado
A propósito do Festival Cravos de Abril que a Associação inicia no dia 20, Sexta-feira, aqui, diria o seguinte: O sistema iníquo que acabou por triunfar depois de Abril, tudo fará para que cada vez menos o povo se junte em celebrações destas, à volta de simbolos de que não gosta. Começam por ter vergonha dos cravos, depois não os usam na lapela, sempre que podem não decoram com eles o Parlamento, até que o povo os esqueça.
De vermelho, só querem mesmo a passadeira dos corredores dos gabinetes que estendem aos amigos da alta finança e lhes permitem funcionar com um pé no parlamento - na política - e outro cá fora na defesa dos interesses de quem lhes paga. São tantos os exemplos, que acabamos por perder o respeito à regra de que atacar os políticos é favorecer o jogo reacionário que espreita os descontentamentos do povo. Ouçamos o que diz Marinho e Pinto dos grandes gabinetes de advogados e da nossa ministra da Justiça, e o que diz agora Paulo Morais, aqui.
Mas atenção, nunca como hoje depois do 25 de Abril, se verificou tanta movimentação cívica como está a acontecer por aí em diversas plataformas de activismo, como aqui. Ainda não é totalmente percetível, mas está. Não tenho bem por certo se são as redes sociais que o favorecem, se a crise que o potencia, mas inclino-me para a generosidade dos jovens – que quase surpreende - face à crise a que assistem. É por isto que temos que considerar criminosa qualquer carga policial sobre eles. Estou convencido que se assistissem à preparação dos seus eventos, perderiam a vontade de levantar um bastão. Eles estão a multiplicar-se em actividades, mas curiosamente é na diversidade de ações que o fazem. Não é em torno de um projeto único, fazem-no com uma vantagem nesse formato, solidários entre eles. Isso permite-lhes a focalização, em vez da dispersão.
O outro exemplo dessas movimentações, é dado pelos mais veteranos que à sua maneira se vão motivando, uns, ou, porque não estive lá, provavelmente nenhum, não sei, só eles saberão em que representou mais a sua participação para além da homenagem, mas certamente que à sua maneira - digo sem o espírito que os impeliu na juventude – se mostram ainda resistentes por aquilo em que combateram, seja em almoços do Tengarrinha ou em Festivais da Abril no S.Pedro de Alcântara, ou na multiplicação das filiais Zeca Afonsos pelo país, o que é também um sinal de incomodidade. Mas o apelo que lhes faço, é que saibam entender que também já foram vanguardas, e as vanguardas de ontem não têm que ter sido melhores do que as de hoje, as perceções erradas que existem é o tempo que as provoca. Vamos por de lado os sectarismos. Vamos apoiar estes jovens, eles não são um bando de arruaceiros, são gente do melhor que há e têm os maiores corações do mundo. É por isso que estou a acreditar neles e apoio a construção da sua Primavera Global PT, aqui, uma imanação deste evento maior à escala global no dia 12 de Maio.
4 comentários:
E contamos contigo Graza Arroios para a construir! um grande abraço primaveril e global sempre!
:)João, para ti.
Abraço.
Fui ao almoço de homenagem a José Tengarrinha. Não fui lá buscar motivação, nem me sinto veterano. Quanto a vanguardas...
Sim, ponhamos de parte sectarismos e ideias feitas!
Rogério: Um texto meu nunca é uma coisa acabada. Também li isto não sei em qual dos grandes na nossa literatura e fiquei um pouco mais tranquilo. Se alguma vez me dedicasse a um livro nunca mais chegaria ao prelo.
Admito que não tenha gostado do termo por não se rever nele. Acrescentei texto para deixar a porta aberta para o facto de alguns se “motivarem” com estas reuniões. Quanto à veterania, ainda bem que não se sente nela, porque a idade não pesa a todos da mesma forma, e na verdade é mais uma coisa do espírito de cada um, mas aqui, quer queiramos quer não há sempre duas óticas, a nossa e a de quem nos vê. Por mim, sei de que forma me olham os meus sobrinhitos e não me pesa, porque a minha fasquia não tem ainda a altura da deles. Lá chegará porém.
Quanto às “vanguardas…”, por mim sim, no sentido em que são eles que ousam, porque são eles que têm ainda o tal mecanismo que bloqueia o medo – não sei se foi no seu livro que li isto - porque já o foram também em 68 em França. Porque para eles, o céu ainda é o limite, e nós… já caímos na realidade.
Saudações.
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