A forma como decorre esta campanha eleitoral tem já motivos
suficientes para nos debruçarmos sobre o seu conteúdo. A primeira conclusão que
pessoalmente tiro é que os partidos não estão a esclarecer o cidadão dos
problemas europeus, porque estão mais focados no que será a projecção dos seus resultados para outras eleições que se seguem. E é por isso que assistimos
à forma caricata como se transforma o objectivo de explicar os combates no
parlamento europeu, num outro objectivo doméstico. Considero melhor a estratégia
de alertar o cidadão para coisas como estas: “Levar a troika ao Tribunal de Justiça da UE”. “Um país endividado que tenha pedido um programa de apoio não pode ser sujeito a um tratamento ilegal”, do que andar em looping fixado na aposta de me dizer que não
vote nele vote em mim que eu é que o defendo: isso não é uma proposta
de trabalho para a Europa, é assédio para uma coisa tão pouca, como mais um
deputado que nada mudará. Mas deixar aqui um exemplo não significa sugerir uma votação, embora
seja verdade que a minha última crença política foi acreditar que existia
solidariedade na Europa e aquele programa do Ulisses, do Rui Tavares, teria
pernas para andar, porque forçaria os países do sul a um entendimento comum,
com a solidariedade dos honestos do norte. Mas a crise e os egoísmos que se desenvolveram fez-me ver que essa Europa não existe. Posso contudo dizer-vos
que estou empenhadíssimo em que a Europa saiba que eu não gosto da estrutura da
moeda que tenho, e por isso pondero escolher entre os partidos que expressamente
apelem à saída do Euro, como apelam o MAS e o PCTP/MRPP, fazendo isto parte do
tal sobressalto eleitoral que é preciso impor. Quanto à CDU e o BE, são só
evasivas num discurso de não me comprometas, que dá para o que se quiser. A
outra opção de sobressalto que iria certamente juntar-se à fortíssima abstenção
por via da emigração – 700 mil na última década – seria a opção pelo voto em
branco, tão legítima quanto qualquer outro voto expresso, como forma de obrigar
os partidos a sair do conforto e reclamar uma reestruturação da forma de
representação parlamentar porque, pelo andar da carruagem, os jovens que lá
estão hoje, estarão lá daqui a 40 anos de barbas a tentar o mesmo e nós já enterrados.
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