Isto vem a propósito de uma Petition Online para a: Não à implementação das novas medidas de higiene alimentar da A.S.A.E., já!
O estrangeiro sempre foi para nós uma bitola de aferição dos nossos atrasos ou daquilo que fazemos mal, sendo frequente ouvirmos a queixa: Lá fora não vemos isto! Descontando a falta de convergência económica, estamos agora a evoluir e a esbater diferenças, conseguindo até fazer melhor, e tem havido marcos recentes a partir do quais esse paradigma se alterou. Portugal está em alguns aspectos a forçar mudanças de mentalidades que são sempre reticentes e mais lentas que o próprio progresso.
Os portugueses são na sua higiene pessoal asseados, mas bastante negligentes em termos de higiene pública. A mudança necessária só podia ser feita compulsivamente, porque de nada serviram as normas e os modelos anteriores Nós éramos ainda há pouco o país onde vi turistas fotografarem para recuerdo, numa praça, a bancada do peixe de um ângulo arrasador: uma balança de ferro, os pesos enferrujados e uma rodilha escura suja e ensopada, eram o encosto de peixes mal amanhados. Essa, é agora uma imagem cada vez mais rara.
As cozinhas dos restaurantes, já nos vão dando agora mais confiança no que comemos, quanto mais não seja por receio da fiscalização. E muitas irregularidades eram apenas problemas decorrentes da incúria. Já vamos entrando agora nos lavabos sem ter o autoclismo avariado ou a falta de sabão e papel, e sem sairmos de lá com os pés duvidosamente encharcados e mal cheirosos.
São já muitos os exemplos que podem atestar mudanças positivas, e quanto às Bolas de Berlim que estão a servir de bandeira, conheço por aí algumas Helenas que vomitavam as que tinham comido se vissem algumas das unhecas que as fabricam. É tempo de acabarmos com os copos passados por um alguidar para servir o cliente seguinte. Um amigo dizia-me ter visto à pouco no estrangeiro uma cena de venda de alimentos na rua de forma anormal e que a expressão que lhe saiu foi esta: Em Portugal não vemos isto! Podemos estar em vias da mudança do discurso. Então em que ficamos? Queremos ou não superá-los? Agora que começamos a por ordem e nos deixamos da javardisse em que temos sido pródigos em termos de higiene pública, já achamos que assim não vale? Ou lá porque estamos a fazer melhor que os outros e que os excedemos, já somos tolos? Não será isto falta de confiança em nós próprios? E porque deve o cidadão normal que beneficia destas medidas apoiar o seu boicote?