“...um dos objectivos centrais da política democrática é reduzir ao máximo a sua mais-valia de poder, despertando a consciência dos cidadãos para os seus direitos de cidadania, legislando e agindo nesse sentido.” Revista Visão, de 27/10, excerto de Ensaio – José Gil.
Desde a sua saída da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados que venho acompanhando as suas intervenções públicas em defesa do cidadão, perante algumas enormidades no modelo da aplicação da Justiça que se vem praticando em Portugal.
É preciso um bom nível de conceito de cidadania para se perceber a sua luta, ou melhor, a sua causa, mas isso foi aquilo que sempre nos faltou. O entendimento e percepção desse conceito de cidadania esteve sempre ausente em sectores tão importantes na organização do nosso país.
Portugal é um país injusto. Portugal “é“ um problema de Justiça e a primeira forma de o começar a resolver é tratando um enquistamento que ninguém se atreve a resolver.
Para além da infantil relação dos portugueses com a autoridade, cujas causas também conhecemos, existe por oposição, a assumpção da prepotência, sempre que se dispõe de uma pequena atribuição de autoridade. Vemos esta sordidez de comportamentos na nossa sociedade todos os dias. É porém intolerável o arrastamento deste mecanismo para sectores tão importantes na organização dos poderes de uma nação.
Os portugueses dizem, enfatuando o respeito, mas deixando escorregar a graxa: “eu acredito na Justiça Portuguesa”. O senhor por outro lado, perdeu o medo. Teria provávelmente que recuar muito na história do país, para encontrar nesta área tanta coragem. Não deve ser fácil. Deve até ser difícil, porque a regra perante a ameaça é a cobardia centrifugar as amizades e a luta ser ainda mais difícil. É por isto que lhe presto públicamente a minha homenagem.
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