A urbanidade e o respeito às instituições da República - aos quais Jardim já faltou e a todas, PR Sampaio incluído – até têm códigos de declarações de circunstância para esse efeito. O que Gama disse, foi tudo menos circunstancial, e de tal forma que me esforço ainda por entender a razão para aquele desbocamento. Os portugueses não lhe levariam a mal que fizesse como diz Ricardo aqui, uma declaração inócua, mas daquela forma, das duas três: ou estava a ser tremendamente sarcástico e os burros somos nós, ou então a desdizer-se convictamente mas isso, pressuponha quase uma conversão política. Como não acredito na primeira e a segunda é pouco provável, só resta a mais ignóbil: o rastejamento, o medo, a atitude sabuja, cobarde, a que faz os vencidos não merecerem o respeito de ninguém, quanto mais dos vencedores, e aqui Jardim ganhou sem se mexer. Para além disso, os portugueses interrogam-se e confundem-se sobre a substância do pensamento dos mais altos representantes da Nação. É mais necessário e menos grave saber que não pensam como nós, do que não saber como pensam efectivamente. Uma verdadeira borrada a que o encobrimento do PS e o gáudio dos representantes de Jardim no Continente me dão vontade de desenhar um grande falo no próximo boletim de voto.
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