29 agosto 2013

Leiam, que é mesmo verdade.



António Barreto falava para os meninos que estudam para galgos na universidade de verão do PSD, em Castelo de Vide, e depois de ter feito algumas acusações ao que aqui nos trouxe, foi interpelado por um atento e perscrutador aprendiz de tão nobres aprendizagens - avaliando pelos que já botaram ensinamento, como o Moedinhas, aquele da voz nhinhinhinha - e, não tendo eu ouvido a pergunta, deduzi-a pela resposta. E respondeu Barreto com um ar risonho mas aflito e desculpante, de mãos no ar: “Não não, eu não disse em momento algum que era uma máfia”!...

Pois. Não é uma máfia. Também acho que não é uma máfia, mas esta coisa tem que ter um nome. Já o digo há anos e não é consolo verificar que estava certo, bem preferia estar errado. Mas se não é uma máfia é o quê?

Pacheco Pereira – quem diria – ajuda-nos a chegar lá. Leiam, que isto é mesmo verdade e talvez tenham um bom nome para dar a esta gente: AQUI.

25 agosto 2013

Sobre a violação. Estupro.

Com tanta desumanidade na guerra a que assistimos na Síria que rouba vidas inocentes, escrever sobre a violação coletiva praticada por cinco homens, de que foi vítima mais uma jovem, uma fotógrafa indiana, pode parecer uma desfocagem das prioridades com o sofrimento humano, mas não é, porque é apenas outra parte de um mesmo sofrimento.
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De facto, pergunto-me, sempre que este tipo desvio de atenção ocorre, o que me leva a escrever sobre uma coisa e não outra, quando é incomensuravelmente maior a barbárie de um acontecimento sobre o outro, porque entre tirar uma vida ou a dignidade dela, há uma fronteira que cada um ou cada cultura colocará no lugar que lhe atribui?
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Traduzir por palavras o sofrimento humano de uma guerra, que inclui para além de todo o tipo de violações também o estupro, é uma tarefa hercúlea que, em mim, pelo menos, funciona como bloqueio à tradução por palavras, não sei até se como uma defesa no sentido de não soçobrar à correspondência a que o sofrimento teria direito. Talvez por isso não escreva sobre o que é ficar sem a vida numa guerra e o sofrimento dos que ficam e choram, e escreva antes hoje sobre o que é ficar sem a dignidade dela.
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Quem fica sem a vida numa guerra, deixa de poder confrontar-se com o outro. Apenas este pode vir a ter confrontações na provável imanência do fantasma. Quem fica sem a dignidade na barbárie de uma violação corre o risco de a todo o momento ser provocada ou humilhada pela vida que o agressor ainda ostenta, pela falência da justiça dos homens.
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Se isto quer dizer que sou pela pena de morte, é apenas na força com que quero que as palavras ajudem a combater este flagelo que andam os homens indianos a provocar nas suas pobres mulheres, mas também outros que por esse mundo fora demonstram que nem todos evoluímos do reino animal da mesma forma. Pouca vida merece quem a rouba através do roubo da dignidade de quem viola, para dela sugar um fugaz momento de prazer.
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Chama-se Johanna Beisteiner esta senhora, e toca a Serenade de Schubert.

12 agosto 2013

Só pode ser do Diabo: uma estátua ao cónego!



Imagem: www.esquerda.net

(…) “Ficámos na decadência que este estado moral representa, no eterno ponto morto do christismo peninsular. Assim, por séculos fora, ficámos, hespanhoes e portuguezes, a abjecção viva da Europa, o molle refúgio da podridão christista.” (…) in "IBÉRIA – Introdução a um Imperialismo Futuro", Fernando Pessoa, Ed. Ática.

*******da-se…