30 outubro 2005

ao Dr. Ant. Marinho e Pinto

“...um dos objectivos centrais da política democrática é reduzir ao máximo a sua mais-valia de poder, despertando a consciência dos cidadãos para os seus direitos de cidadania, legislando e agindo nesse sentido.” Revista Visão, de 27/10, excerto de Ensaio – José Gil.

Desde a sua saída da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados que venho acompanhando as suas intervenções públicas em defesa do cidadão, perante algumas enormidades no modelo da aplicação da Justiça que se vem praticando em Portugal.

É preciso um bom nível de conceito de cidadania para se perceber a sua luta, ou melhor, a sua causa, mas isso foi aquilo que sempre nos faltou. O entendimento e percepção desse conceito de cidadania esteve sempre ausente em sectores tão importantes na organização do nosso país.

Portugal é um país injusto. Portugal “é“ um problema de Justiça e a primeira forma de o começar a resolver é tratando um enquistamento que ninguém se atreve a resolver.

Para além da infantil relação dos portugueses com a autoridade, cujas causas também conhecemos, existe por oposição, a assumpção da prepotência, sempre que se dispõe de uma pequena atribuição de autoridade. Vemos esta sordidez de comportamentos na nossa sociedade todos os dias. É porém intolerável o arrastamento deste mecanismo para sectores tão importantes na organização dos poderes de uma nação.

Os portugueses dizem, enfatuando o respeito, mas deixando escorregar a graxa: “eu acredito na Justiça Portuguesa”. O senhor por outro lado, perdeu o medo. Teria provávelmente que recuar muito na história do país, para encontrar nesta área tanta coragem. Não deve ser fácil. Deve até ser difícil, porque a regra perante a ameaça é a cobardia centrifugar as amizades e a luta ser ainda mais difícil. É por isto que lhe presto públicamente a minha homenagem.

29 outubro 2005

As doenças dos pombos

E para os que duvidem ou desconheçam os riscos a que nos sujeitamos, quando temos excesso de pombos nas nossas varandas ou quando tiramos tranquilas fotos com as nossas criancinhas a dar-lhes milho nas praças, aqui estão alguns links onde pode obter informação adicional, sobre estas “avezinhas decorativas”.

http://pwp.netcabo.pt/cm.fonseca/pombos/doencas.htm#LISTA_DE_DOENÇAS

http://www.biosaude.com.br/artigos/index.php?id=240&idme=9&ind_id=31

http://www.geocities.com/~esabio/pombo/pombos_urbanos.htm

16 outubro 2005

Gaivotas "gripadas"








Uma das fontes de contágio das aves que nos rodeiam é feita através das fezes das aves migratórias portadoras do vírus, nos bebedouros e nos locais de alimentação.

Nem de propósito, no local em que me encontro a escrever, um 7º andar numa zona alta, avisto a placa do telhado de um edifício mais baixo, situado no vale da Rua António Pedro. Existe ali uma zona de não escoamento das águas pluviais durante todo o Outono e Inverno. O que vejo neste momento e pode ser visto durante grande parte do ano é essa comunhão de partilha do bebedouro entre as gaivotas e os pombos. Para quem achasse que era difícil, aqui está o exemplo antes da chegada do famoso vírus H5N1.

Os Pombos e a Gripe







Existem hoje conhecimentos quanto aos problemas da saúde que não existiam num passado recente. Sabemos hoje por exemplo que os pombos são portadores de uma meia dúzia de doenças que podem afectar o ser humano com: Alergias, Rinites e Crises de Asma, Pneumonias, Meningites, Doenças Graves do Sistema Nervoso Central, Micoses, Doenças do Aparelho Digestivo (Salmonelas) etc., mas agora há outra ameaça.

A propósito da gripe das aves e porque não queria criar alarmismos, aguardava a opinião de entendidos para saber qual o perigo dos pombos que nos rodeiam, na transmissão de uma gripe que segundo declarações do novo responsável das Nações Unidas, David Nabarro, para o combate a uma eventual pandemia da gripe:
“... uma nova pandemia está eminente, dependendo das medidas de controlo levadas a cabo pelos países, pode causar “entre 5 milhões e 150 milhões de mortes”
E ainda do técnico Domingos Leitão da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves que diz:
“...porém, há duas situações que deveriam ser acauteladas: os caçadores e os pombos das cidades”
Marc Ryon, da Federação Portuguesa de Columbofilia, acrescenta:
“...Quanto aos das cidades, pode haver um risco de as aves serem vectores do vírus...”
(noticia do Jornal Público de Sábado 01 de Outubro, página 3).

Lisboa é uma cidade infestada de pombos e o que é grave é que se trata de uma ave que tem várias posturas anuais e já invadiu definitivamente todos os bairros fazendo pombais em tudo o que é degradação. A juntar a isto existem normalmente os velhinhos e pessoas com baixo nível de cidadania que os empanturra e facilita a sua propagação. Os pombos deixaram definitivamente de ser a ave da paz, são nitidamente os novos ratos alados.

Temos assim em Lisboa um enorme caldo de cultura para propagação da estirpe perigosa que está a entrar na Europa. E quem se importa com isto? Garanto que anda toda a gente distraida a avaliar pelo crescimento que verifico nesta freguesia. Recentemente na Turquia morreram seis pessoas com gripe num bairro onde está em investigação a morte pombos.

Esta distração está a fazer-me lembrar o época que precedeu a descoberta do virus da sida e a sua propagação através de transfusões de sangue. Já se sabia mas entre nós andava tudo distraído.

15 outubro 2005

Ainda sobe a Bárbara.

Tenho sobre a questão das esposas nas campanhas uma opinião que guardo para o fim.

O assunto “Bárbara na campanha” estava já arrumado até ouvir na TVI o comentário da Manuela Moura Guedes em pleno telejornal. Dizia o Miguel Sousa Tavares que aqueles resultados, dadas as peripécias na Câmara de Lisboa, eram uma derrota de Carrilho mas a Manuela achou que eram mais e da proeminência do seu aparelho vocal acrescentou triunfante, de uma qualquer mal disfarçada contenda interior: "... que a derrota não era só do candidato
mas de toda a familia!"

O brilho nos olhos, a veemência da afirmação e a própria frase, não podiam ser mais assassinas e foi aqui que decidi o comentário. Então é assim uma derrota de toda a familia? Ou antes, a MMGuedes que gostaria tanto, por alguma secreta razão, ver aquela familia derrotada? O candidato? Admito. Mas o pobre do petiz? E a familia no seu conjunto? Porquê tanto gaudio na derrota (segundo a Manuela), deste elemento fucral da nossa sociedade? Também fiquei a saber que a notícia inicial da Bárbara na campanha, terá começado naquele telejornal tendo sido comentada pelo Miguel e faz assim algum sentido este final.

Alguma vez as esposas de candidatos que já apareceram, tiveram assim este interesse e tratamento da MMGuedes e da TVI? Não vimos nós a esposa de Durão Barroso, Ferro Rodrigues, Cavaco Silva, António Guterres, Mário Soares, Freitas do Amaral, Jorge Sampaio? Alguma vez a MMG e a TVI colocaram esta questão ética?

"...que era a derrota não só do candidato, mas de toda a família" ? Na forma e no conteúdo a frase fez-me doer os ouvidos! Isto quer dizer que perdeu a Família da Bárbara e ganhou a Família de quem? Ou foi lapsus lingue?

Sei de amigos que não estão a gostar do que digo, mas já me conhecem, para mim há valores que se me impõe, eu reclamo quando me devem mas denuncio quando me dão troco a mais. É assim que se ganha o direito de poder dizer como eu que não sendo a favor das esposas em campanhas, porque os candidatos devem valer por si e não por apelos aos mais serôdios instintos conservadores da nossa sociedade, também não tolero e não embarco em denúncias públicas e orquestrações, essas sim, motivadas por razões muito menos éticas.

12 outubro 2005

Ganância & Loucura

8%, oito por cento !...Acabo de ouvir.

Os Proprietários apresentaram ao Governo, para cálculo nas novas rendas a exigência da aplicação de uma taxa de 8% sobre o valor actualizado do imóvel, usado para o cálculo do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis).

Isto é: no post anterior dava-se o exemplo de uma habitação avaliada por 30 000 contos e chegava-se com a taxa de 4%, a uma renda de 100 contos. Mas o que estes senhores exigem não é mais dez, nem mais vinte, nem mais trinta, mas 200 contos!...

Fico estarrecido com o virulência e a ganância que demonstra a proposta desta gente. Aposto que não há um que falhe uma boa missa dominical, uma flexão e comunhão à mesa do Senhor a mão no peito e um suspiro de tranquilidade por ver a sua alma no bom caminho da salvação. Mas eu, desculpem-me, só consigo ver o famoso Inferno de Dante, de Hieronimus Bosch, é um quadro magnífico que está no nosso Museu Nacional de Arte Antiga que nunca mais esqueci e é sempre dele que me lembro, quando pela vida dou com estes esbirros que nem numa tina de àgua benta se purificavam.

Juntamos a isto o despudor da Comunicação Social que de imediato reflete as posições do mais forte, esquecendo em tudo o que têm sido as posições de inquilinos.

Talvez a resposta os confrontem com o Inferno de Dante.