30 março 2011

Um inglês para anexar


Fixem-lhe o nome e as fuças - que não foram deformadas por Photoshop - pode ser que ele venha aí um dia a banhos, é Edward Hadas, colunista do Financial Times, um inglês sem vergonha, que nos provocou propondo que o Brasil anexasse Portugal como forma de resolver o problema da nossa dívida. Se lhe respondesse como merecia, seria injusto com os ingleses que possam sobrar e se aproveitem ainda, mas há no mínimo uma resposta: o boicote às subscrições do jornal e o protesto por todas as vias, exigindo um pedido de desculpas, talvez para este e-mail: corrections@ft.com encontrado na página oficial do jornal. Escrevam-lhe em português, pode não ler mas saberá a razão do protesto.

Aqui está neste link o fedúncio, tentando desculpar-se em conversa com o Editor do jornal depois dos protestos recebidos. Este tipo, é um nojo de gente, um jornalista miserável desconhecedor do respeito que cada nação merece mesmo até na existência de um acto de guerra, porque até aí os civilizados estabeleceram regras. Só com um pano encharcado nas trombas!

Imagem: Exame/Expresso

29 março 2011

Choque ou Revolução?

A voz de Lídia Jorge no debate Prós e Contras chegou-me da sala e terei ouvido qualquer coisa como: “Ou nós pensamos que só uma revolução pode melhorar isto ou nós pensamos que a democracia pode ter as suas virtualidades…”. José Gil já havia dito antes que era necessária a emergência de um novo elemento: “Um choque”. Isto tranquiliza-me, porque ando por aqui há muito com esta conversa e já me fazia a duvidar de mim. É provável que outros mais o digam ainda que escondendo o termo na argumentação, mas o que é importante é que a proposta exista como alternativa, se é que uma revolução ou um choque pode ser assim uma coisa para se anunciar.

Não há que ter medo, até as revoluções não têm que ser cópias de passados mais ou menos sangrentos ou floridos, a Islândia e o tipo de revolução que está a fazer neste momento, depois de cair no abismo, pode ser a prova disso. Há que acreditar que é possível mudar sem ter que dar tiros, porque até mesmo a Direita estará atónita com o resultado de deixar os mercados e a sua especulação em roda livre. Os filmes Inside Job, Zeitgeist e outros vídeos, e o livro Indignez-vous, de Stéphane Hessel, avisam-nos de coisas perturbadoras demais para que não tentemos a mudança de paradigma, que nunca será partir do zero, mas do momento em que tudo começou a ser mal feito.

Portugal, Grécia, Irlanda e outros que virão, têm já os seus próximos futuros hipotecados por muito tempo, para voltar depois a ser possível aos que lucraram com a derrocada do sistema, fazê-lo novamente, num ciclo de especulação e exploração com as mesmas regras. Uma mudança é urgente, mas o Euro que nos serve de escudo e amarra a compromissos não pode servir também para inviabilizar o futuro que com ele não se concretizou. É preciso lançar o debate, simular modelos, porque também como no limite dos materiais, é mais seguro reconstruir que reparar e com a brigada cinzenta que temos à frente dos nossos destinos, antes morrer agindo que não tentando.

27 março 2011

Uma solução que subscrevo.

Não sou eu que o diz, é o bloquista Daniel Oliveira, no Eixo do Mal: nas próximas eleições, o BE e o PCP deveriam tentar apresentar uma solução de entendimento governativa, quanto mais não fosse para mostrar ao Partido Socialista que querem ajudar numa solução e não continuarem apenas a querer crescer à conta do desespero do eleitorado.

Será que leu o último parágrafo meu penúltimo post?

25 março 2011

Estamos fartos!

O que poderá a Esquerda portuguesa fazer se o fizer isolada na Europa? Que lutas que propiciem uma alternativa ao actual modelo se podem alcançar, numa Europa onde o triunfo foi o do cego neo-liberalismo, o mesmo que serviu para escrever os tratados que nos obrigam? Com que instrumentos conta a Esquerda para essa luta? O voto? Apenas? É curto. Ou tem capacidade para outro jogo com outras regras - ainda que nas margens de alguma coisa, que as revoluções não se fazem sem transgredir - porque as regras que existem viciam sempre o resultado, e então vai a jogo assim, ou decide esperar pelo momento da concretização de uma união ou estratégia da Esquerda a nível europeu, em que deveria trabalhar fortemente, mas até lá, tem que prover o sustento. O pãozinho prá boca! É nesse sentido que acho que foi uma perfeita idiotice, motivada por jogos eleitorais ou ódios mal resolvidos, que se tenham votado os mesmos objectivos da Direita, porque sabemos como ela não se importa de governar com a receita do FMI, que em certo sentido é até a sublimação da política que querem fazer mas têm vergonha de anunciar. Decidir abrir-lhes a porta através de uma crise, que até pode dar mais do mesmo, não se vê como pode ser uma luta que se trava em nome do povo quando é ele a pagar, se não em nome de outra coisa qualquer, mas da qual também não têm consciência.

Diz-nos a experiência da vida, que uma prática repetida no tempo arrasta vícios, receio por isso que jogos parlamentares perpétuos façam a Esquerda debater-se por mais duas ou três cadeiras com o objectivo de equivaler a mais uns trocos na dotação orçamental que lhe cabe anualmente. É para o nosso futuro imediato que queremos que trabalhem porque é com ele que alimentamos os filhos. Que importa ao povo que o Bloco e o PC se representem por mais duas ou três cabeças se a Direita ultramontana lhe entrar casa dentro? Bardamerda para a receita que nos trazem, estamos fartos de eleições e dos berros que espantam os pardais com o megafone no carro que sobe e desce a avenida em tardes de canícula suada, isso, afasta-nos e faz-nos acreditar antes noutra estratégia: a do dinamite.

13 março 2011

É de lamentar... (???)

“Se a agressão aconteceu – não sei porque não a vi – é de lamentar”. São declarações de Vilas Boas, treinador do FCP sobre as agressões de que foi vítima Rui Gomes da Silva, Vice-Presidente do Benfica, à saída do restaurante onde os dois se encontraram por coincidência, no Porto.

“Se”
: É uma conjunção condicional que submete a oração à condição prévia de ter acontecido ou não o facto descrito.

“não sei porque não a vi“: Vilas Boas não é polícia, nem o Bobi nem o Tareco do restaurante, também ninguém lhe exige que tenha visto a agressão, mas… dizer “não sei porque não a vi”… Não o quero acusar de por em causa a veracidade das agressões que adeptos do seu clube levaram a cabo quase nas suas barbas, mas sabemos como a aplicação da semântica às suas palavras pode resolver o significado do que quis dizer de facto. E a confirmá-lo, veio Pinto da Costa hoje, por tudo em causa.

“é de lamentar”: Uma agressão daquelas não é uma queda no degrau à saída do restaurante que se “lamente”. Uma queda lamenta-se, uma agressão bárbara e cobarde, “para que o dito aprenda a não dizer mal do FCP”, não se lamenta, condena-se! Mas condena-se, sempre! Ou por outra, condenam as pessoas de bem, os arruaceiros que trazem o futebol português neste estado, só “lamentam”, talvez para não parecer mal. Valha-me o facto de ter amigos no Porto que sabem condenar isto porque é só com eles que temos que contar, assim como no Islão só podemos contar com os moderados.

São acontecimentos destes e declarações assim que justificam estas preocupantes palavras lidas num blog de adeptos do Benfica. Preparemo-nos então, porque um dia destes vão partir-se como resposta os vidros de uma qualquer viatura do FCP, e teremos aí o álibi para que a senilidade ao serviço do ódio, dê largas àquilo que bem sabe fazer: intoxicar os jovens azuis e brancos e levá-los a mais uma guerra para benefício dos mesmos padrinhos do futebol português.

O estado de quem?

Este 12 de Março foi um dia memorável de democracia participativa e esta geração mostrou que é uma tremenda injustiça termos deixado que tenha caído num beco, e que é impossível não retirar daqui conclusões. Uma semana de debates sobre as precaridades das suas vidas já antecedeu este dia e o seu efeito vai continuar, apesar dos que consideram estas indignações pólvora seca. Foi pena que um Manifesto apócrifo tenha confundido e afastado muitos, onde eu quase me incluí. O exercício da democracia, ganhou com o extraordinário ambiente vivido neste dia. Pela primeira vez estive numa manifestação onde não havia ódios à solta.

11 março 2011

Alguém tramou os "à Rasca"

Reeditado. A RTP2 retirou a disponibilidade de acesso ao link original para esta entrevista. Porque ela é importante para entender a questão, fica o link da Antena 1, em substituição do que está em baixo.
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Houve fraude! Afinal, o tal e-mail horroroso e mal escrito que recebemos - e me recusei reenviar - como sendo dos Geração à Rasca, não passa de um aproveitamento mal feito, por outros, os tais que reclamam Um milhão na Avenida e que assim nos baralhou o protesto de amanhã.

Vale a pena ouvir esta entrevista, onde os “à Rasca” se demarcam do ror de asneiras daquele e-mail, segundo as palavras de Alexandre Carvalho, um dos subscritores. O que ouvi a este jovem é bem estruturado e nada tem a ver com o que li. Aqui fica o link para a oportuna entrevista de Maria Flor Pedroso, o que é para mim estranho é que me tenha passado despercebido este pormenor descoberto por acaso num zap.

10 março 2011

A Revolução que subscrevo.

Recorte de um texto de Nicolau Santos recebido do Justino por e-mail:
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“Ricardo Salgado diz: “O sistema capitalista é amoral, tem de produzir resultados. As pessoas é que podem ser morais ou imorais, mas o sistema tem que ser amoral”. Amoral significa: “que supõe a ausência de toda a obrigação moral”; pessoa que não tem a noção de moral. Assim, tanto faz que as pessoas sejam morais ou imorais, para o sistema quem é valorizado é quem produz os melhores resultados. Ora, se o sistema capitalista para produzir resultados tem que ser amoral então os fins justificam todos os meios para atingir esse desiderato. E foi com base nessa amoralidade que se construiu a violenta crise em que o Mundo está mergulhado.”

E sobre isto sublinha o Justino:

“Os Jovens que pretendem fazer uma manifestação pelos seus direitos e contra a precariedade, contra quem é que se manifestam, (quer no seu manifesto quer, como se vê, na sua prática política)? Contra os capitalistas/empresários/empreendedores que limitam a economia, concentrando e não distribuindo a riqueza, quer não a distribuindo aos cidadãos quer não a distribuindo entre si, quer limitando o Consumo?
Porque os que limitam assim a economia na verdade travam o seu potencial de crescimento concentrando, inutilmente como Adam Smith recorda acima, a Riqueza em muito poucas mãos, e impedindo o alargamento do potencial de Consumo, pelo que um protesto contra eles seria bem natural.
Não.
Os Jovens que pretendem fazer a manifestação pelos seus direitos e contra a precariedade, decidem centrar o fogo dos seus protestos contra quem cada vez mais pouco pode – os que gerem o Estado. (…) Pelo que o alvo escolhido por estes Jovens está absoluta e lamentavelmente errado.”

Justino tem alguma razão na reflexão que faz, porque se virmos os gráficos do desemprego e vencimentos na Europa, veremos que a Grécia, Irlanda, Islândia, Portugal, Espanha, Itália, Hungria e outros que começam a dar sinais, não passaram de repente a ter maus governos. Parece haver assim uma desfocagem neste protesto que cada vez começa a ser mais global. Desde Adam Smith que a regra é esta: "O mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade.". Talvez se esteja então em fim de ciclo, porque o que Smith não previu, foi que o mercador ou comerciante, transformados agora nestes monstros capitalistas sem rosto, se transformassem nos Estados da era moderna. São eles que governam, os governos vão assistindo à sua evolução e gerindo os danos que provocam, porque não há pátrias para eles nem as contemplações de ordem moral ou imoral, que Ricardo Salgado subscreve. Seria contra eles/estes que os jovens que pelo Mundo se começam a manifestar, deveriam apontar os seus protestos, embora ache que quando um dia se fizer a arqueologia económica dos tempos que vivemos em Portugal, se ache um absurdo que o presidente de uma companhia de aviação ganhe num ano o que um Presidente da República ganha em cinco ou o que um padeiro ganha numa vida. Foi a lógica de Smith que o mercado foi instalando que nos trouxe a este paradigma e nisso os jovens têm toda a razão. É este sistema desumano que é preciso implodir, e o governo, ou os governos, são meros peões dele. No caso português então, apontar-lhe baterias é substitui-lo por outro neo-liberal mais radical ainda, e com menos vontade de controlo sobre os desvarios que as teorias de Smith provocaram. É por isso que me revolta a escandalosa grudagem que o Cavacolas, de Tacci, agora transformado outra vez em PR, fez aos jovens, no seu discurso, aliando-se assim à manif dos “à Rasca”. Se eu tinha alguma intenção de ir ver, perdi-a com este apelo. Eu não consigo estar onde está Cavaco, porque Cavaco não quer as mesmas revoluções que eu.

Entretanto, as corporações que se instalaram vão aproveitando o desânimo para tratar da vidinha e para sugar mais um pouco do Orçamento, colando-se oportunistamente ajudando ao desfoque do problema. Ainda não é esta a revolução que subscrevo.

09 março 2011

198

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As Agências de Rating.

Porque não assina esta Petição? Concorda com a forma como se têm comportado as agências de rating americanas? Não acha que têm enorme responsabilidade no desastre que abalou recentemente o sistema financeiro ocidental, ao deixarem que se andasse a vender lixo por valor? Quem são eles? De onde são eles? Que interesses defendem? Agora que não é rentável chafurdar no sector imobiliário descobriram que é possível especular e ganhar com a dívida dos países baixando-lhes a credibilidade?

Se fizermos uma pesquisa Google ao conjunto de palavras - petrodólares dólar euro fim império americano - que nos trazem o que já se escreveu sobre isto, veremos vários textos que apontam como a estratégia que estão a seguir pode passar pelo enfraquecimento do Euro, devido às dificuldades originadas pelo boicote aos petrodólares iniciado pelo Irão. Seleccionei este, entre vários: São os Petrodólares, Estúpido!.

08 março 2011

O Homem da Luta

A SIC entrevista no Primeiro Jornal, Gel, o Homem da Luta, ganhador do Festival Português da Canção. Falava-se da censura, dos incómodos que têm causado e dos problemas que têm tido devido às suas forma de actuar, e o Gel pergunta ao entrevistador:

- Achas que não? Tu como jornalista nunca ninguém te tentou mandar calar?
- Não.
- Nunca?!
- Não.
- Mas nunca sentiste que se calhar nunca devias ir por aí?
- … (O entrevistador mantém o sorriso que lhe vinha de trás e nesse esforço de imutabilidade se percebeu apesar de tudo, o que não queria que se percebesse.)
- Essa é uma questão diferente, tentar mandar calar, não.
- Ah é pá… a pior censura é a auto censura! Não tenhas a menor dúvida disso: a pior censura é a auto censura!

Com esta pequena conversa ganhou para mim muito mais do que ganhou com a canção com que venceu o festival.

Nota: Partindo do princípio que não é homem para se deixar dominar por fidelidades atávicas das suas causas, e que tenha a noção que as auto censuras que assim se consentem são exactamente iguais às daquele Pivot. A entrevista aqui.

07 março 2011

90 anos! ...


O partido tem de ter uma visão mais alargada da sociedade portuguesa e ser um «partido político», em vez de uma «central sindical», considerou, defendendo que o PCP deve «negociar» propostas” (…)

Há, como se vê, mais gente que acha que este Partido Comunista não cativa eleitorado de esquerda, e a razão explicou ontem muito bem Carlos Brito à TSF. Aceda no link em cima, à entrevista, e ouça como o PC bem podia estar a comemorar o seu aniversário com uma outra forma de fazer política. O PC não deve ter medo de se assumir como um partido de poder, mas para isso tem que mostrar às pessoas que quer e pode governar. Não pode continuar à espera de revoluções que à força lhe abram caminho. Se a sua luta é justa, só pode torná-la consequente se for governo. O eleitorado sentirá quando a política que propõe deixará de ser um jogo de toca e foge, para ser uma intenção credível. Querer cavalgar a onda sindical a todo o custo mesmo se ela representa o mais abjecto dos corporativismos, contra a opinião da opinião pública, é uma espécie de jogo arriscado como utilizar o crédito dos fornecedores para manter a tesouraria. O PC continua a não entusiasmar como partido de esquerda e a sua febre em querer crescer à custa do PS, parecendo por vezes mais próximo do PSD, revela-se uma das suas piores estratégias porque o ódio com que o faz assusta qualquer eleitor que à esquerda não queira votar PS, mas isso só se fará com outra gente porque o que ouvimos nestas comemorações continua a ser mais do mesmo, e assim a malhar na esquerda nunca irão a lado nenhum.

05 março 2011

Estabilidade ou Instabilidade?

Diz o camarada Jerónimo:

Será que quis dizer o que disse? Para mim, a frase não faz sentido. Aquele “e muito menos” altera todo o sentido e é uma aberração, porque não o tenho por arruaceiro. Leia a frase sem aquela expressão. Então a estabilidade da sua própria casa não deve ser um valor absoluto e um fim em si? Pelo menos na minha é, aquilo que menos quero é que haja desatinos em casa. Quando eu desatinar e colocar a família em perigo, eles próprios sabem quando devem romper os equilíbrios para por o barco a navegar. Ou será que com as pressas em que anda, queria dizer: constância, duração etc. Não sei, talvez. Imagine-se no poleiro, o que me vai pedir é que lhe dê estabilidade, não é? Como posso eu botá-lo fora se não souber o que sabe fazer? Se tiver que estar lá pouco tempo estará, mas enquanto estiver tem que ter sossego para me provar que é bom ou é uma nódoa. Resumindo: não quero instabilidade por instabilidade. A Revolução, é outra conversa.

- (...) "Somos e assumimo-nos como o partido da classe operária e de todos os trabalhadores" (…)

Pois é camarada, da classe nem vê-la e trabalhadores, cada vez há menos. Assim não espanta. Os tempos estão outra vez a mudar, para mim e para si. Ofereço-lhe esta para meditação.

02 março 2011

Da Turquia ao Islão.

Foi numa espécie de festa da "conversão” dada a modelos femininos, em Itália: “Khadafi disse-lhes que o Islão devia tornar-se na religião da Europa”, e que “o primeiro passo para a islamização da Europa será a entrada da Turquia na União Europeia”. Agora, na praça Tahrir, ouço a Irmandade Muçulmana dizer que “Sim, Democracia, mas a Constituição que nós apoiaremos será de inspiração e subordinada ao Islão, à semelhança da Turquia”. Ora, li em tempos aqui que: ”A democracia não é o resultado de um referendo, é o apego ao exercício eleitoral e ao respeito pelas minorias” , minorias de que eu faço parte.

Como se resolve então a questão? “Se o voto democrático que levou Hitler ao poder é o mesmo que legitima as Teocracias”? “Ou quando o pensamento politicamente correcto faz rejubilar a Europa com o SIM dos turcos a um referendo que atenua a laicidade a que o Estado era obrigado e enterra o legado de Atatürk.”? Extraordinário legado, digo eu. Não sei como se resolve a questão. Talvez algures no politicamente correcto. Fica isto também ao cuidado dos adeptos da entrada da Turquia na União Europeia, lembrando sempre que por não haver uma continuidade territorial as fronteiras da Europa serão sempre definíveis por outros critérios que não os geográficos. Ah… as fronteiras! Mas como não defendê-las se elas defenderem os meus direitos de minoria, como aquele que me permite manter o pescoço negando as teorias de uma religião, para os quais lutaram homens como Giordano, Galileo etc.

Poderemos vir a ter um dia a Turquia na Europa, uma vez que está segundo a “nossa” Democracia - paradoxalmente - a remover “obstáculos”. Mas a pequena parte turca europeia que é a Trácia justifica que se puxe o resto do imenso território turco para este lado? O avanço do Islão fará em breve da Turquia uma grande Teocracia e há que perguntar se valerá a pena, em nome da argumentação soft que defende uma Turquia europeia, extensível ao Magrebe, como já por aí li, embarcar em aventuras que sabemos como começam mas nunca como acabam? Com tudo isto, ainda não falamos da Mulher - como se fala aqui - ou de mim, que sou ateu - como aqui -. Tentei apenas entrar no labirinto de que fala Carlos Esperança e que é a interpretação que vejo fazer da Democracia à luz do Islão, porque eu confesso, bloqueio sempre perante tanta dúvida.