16 dezembro 2014

Bom Natal pá!

Nunca tive jeito para construir natais: tenho-os apenas cá dentro, bem no fundo onde a memória seletiva não chega para os apagar.
Às vezes há circunstâncias que os desafiam. Este ano coube a uma pinha que me ia caindo na cabeça outras, são cães abandonados – recorrentemente – que numa noite fria e chuvosa de pelo molhado fazem o desafio. Mas passemos ao postal construído da pinha ao post só para desejar a todos que as memórias seletivas nunca consigam apagar os vossos.



11 dezembro 2014

CONVITE: Assembleia Cidadã de 13 e 14 Dezembro

Convido todos a participar na Assembleia Cidadã do Juntos Podemos. São dois dias de debates e conversas com o objetivo de entender como transformar uma maioria social contra a troika e um poder que serve os interesses dos especuladores, numa maioria política. Debatemos a partir da experiência do Podemos espanhol mas como pode ver-se o programa é diversificado.

PROGRAMA

Juntos Podemos - Assembleia Cidadã, 13 e 14 Dezembro no ISPA, Rua Jardim do Tabaco, 34.
Transportes: CARRIS 712/728/734/706/735/759/781/782 - CP e Metro Santa Apolónia

DIA 13 de Dezembro
- OFICINAS AUTO ORGANIZADAS DAS 9.30 h - 13 h.

TEMA: DÍVIDA
Rosário Caetano, pela IAC;
Paulo Coimbra, pela IAC:
Rui Viana Pereira, enquanto colaborador da Revista RUBRA
Vítor Lima, enquanto editor do Grazia Tanta.

TEMA: JUSTIÇA SOCIAL E DESIGUALDADES
- RBI (Rendimento Básico Incondicional)
António Dores (ISCTE),
Roberto Merrill (UMinho)
Dario Figueira (ISTecnico),

- Conversa com o Circulo do Podemos Lisboa
Por ativistas do Podemos Lisboa
.
TEMA: DEMOCRACIA
- Habitação
Coordenapo por "Mais Democracia" 

TEMA: ICE sobre o TTIP
Ricardo Cabral Fernandes, Plataforma não ao TTIP
Zé Oliveira, Plataforma não ao TTIP
Carla Graça, Quercus

- PLENÁRIO/CONFERÊNCIA: NÃO HÁ DEMOCRACIA COM CORRUPÇÃO, 14h - 15.45 h
- Flávio Ferreira, sindicalista do BES
- Joana Amaral Dias, Psicóloga
- José António Cerejo, jornalista
- Jesús Jurado, porta voz do Podemos de Sevilha
- Lúcia Gomes, jurista

- PLENÁRIO/CONFERÊNCIA: TEMOS O DIREITO DE ESCOLHER O MODELO ECONÓMICO SOB O QUAL VIVEMOS das 16 h às 17.45.
- Fernanda Rivas de Oliveira, antropóloga
- João Romão, economista
- Jorge Bateira, economista
- Raquel Varela, historiadora
- Rodrigo Fernandez (Investigador holandês da SOMO).

Dia 14 de Dezembro
- PLENÁRIO/CONFERÊNCIA: A DEMOCRACIA É DE TODOS, O POVO É QUEM MAIS ORDENA, das 11h00 às 13h00.
- Carolina Bescansa, dirigente do Podemos 
- João Rodrigues, economista
- José Neves, historiador
- Paula Gil, doutoranda em Ciência Política
- Nuno Ramos de Almeida, jornalista

- PLENÁRIO FINAL, das 14.30 às 18h00.
Espaço de fazer propostas e tirar conclusões. Aqui se pretende levar as conclusões dos dois dias de debate e tirar algumas conclusões do ponto de vista da agenda de acção. Como é óbvio toda a gente que participar nas discussões está convidada a integrar e decidir neste momento.

Estamos a construir um movimento democrático em que as pessoas exercem o poder.
Convocamos uma Assembleia Cidadã para o dia 13 e 14 de Dezembro.
Juntos podemos garantir que só há democracia sem corrupção.
Juntos podemos dizer que temos o direito a escolher o modelo económico em que vivemos.
Juntos podemos construir uma verdadeira democracia em que o povo é quem mais ordena.
Começamos aqui um processo para construir um novo sujeito político. Uma força que afirma a democracia de todos contra o poder de muito poucos.
A palavra é tua. Juntos podemos.


Horários de funcionamento da Assembleia Cidadã e formas de funcionamento decididas nos plenários e reuniões abertas.

10 dezembro 2014

É o tempo da audácia!

A luta politica que travamos, tem de centrar-se definitivamente na necessidade de rompermos este ciclo em que vivemos, motivado pela deterioração dos governos que o abriram e por esta "democracia" que o permitiu. Todos o sentem: os pais que têm filhos e não lhes veem um futuro, e os filhos, que dominados pela angústia que os pais mal podem avaliar, desesperam desta vida. Não pode ser portanto com a mesma receita política que falhou que vamos conseguir fazer a mudança, até porque o esforço é agora como raramente foi, e se essa política não o conseguiu em tempo de vacas gordas, menos conseguirá em vacas magras. Desta vez, só mesmo com muita audácia, como diz o Jesus Jurado. Está portanto na hora de reconhecer que muita gente que ficou para trás tinha o mesmo direito de ser ouvida, e é isso que acho que agora juntos podemos inverter. Rompam também com uma certa formatação política que vos inibe de pensar de outra forma, embora não seja necessário que a escondam, e não tenham receio de ouvir no ar o palavrão “populismo”, que isso faz parte da forma de vos condicionar. Tenham é medo do popularucho que vos impingem. Desse, eles não falam.

Todos ao ISPA! Rua Jardim do Tabaco 34, dia 13 e 14 de Dezembro, para começar a pensar nisto de forma diferente.

01 dezembro 2014

Os arcos: da governação ao parlamentar.

Escreveu José M. Castro Caldas, no Ladrões de Bicicletas: "Agora há um vazio. Partidos políticos que estão no lugar que há muito ocupam, embora tenham perdido a confiança de grande parte dos seus apoiantes.”

Basta dizermos “partidos do arco da governação”, para saber-se que são coisa a evitar como intenção de voto. Se a governação é má é porque os partidos são maus. Eles tiveram, cada um em seu tempo, o tempo de provar se essa dedução é lógica ou não. Não o tendo feito, confirmaram-no.

Mas se os partidos do arco da governação não conseguiram trazer a esperança às pessoas que se encontra nos mais baixos níveis, que outros de outro arco deveriam ter curado que essa esperança não se perdesse e fosse transferida? Não seriam os restantes do arco parlamentar? Eles não falharam também? É que em termos parlamentares a esperança converte-se em votos, e os votos não aumentaram ou foram transferidos na razão direta da perda de esperança no outro arco.

Foi isso que fez triunfar em Espanha o Podemos: a capacidade de renovar e transferir essa esperança para fora do arco parlamentar, através da transparência de processos na construção e abertura da democracia.

Uma das nossas dificuldades em termos profissionais é entendermos que a repetição de qualquer atividade tende para processos viciosos se não curarmos da renovação. E se uma característica tem a atual composição do arco parlamentar é manter em anos de marasmo a esperança dos portugueses em banho-maria, ainda que alianças espúrias se esforcem por mantê-la.

É tempo de rompermos com o que em nós é mais difícil: as convicções políticas, nas ideias feitas de que só há uma via para atingir o objetivo. Eu já o fiz. Se não for com esta do Juntos Podemos, que não se esconde que é inspirada, outra será, porque há sempre a possibilidade de não termos começado com os processos certos, as pessoas e nos momentos certos, e também nós termos errado por termos deixado esvaziá-lo. É assim que vejo este projeto, embora saiba que está só ainda na fase da construção da esperança. Se quero que seja devagar, é porque tenho pressa e não quero que falhe.

27 novembro 2014

"Juntos Podemos" - 1ª Conferência de Imprensa

Rita Merêncio, Paula Gil e Joana Amaral Dias na conferência de imprensa em representação do Movimento Juntos Podemos. Anúncio da Assembleia Cidadã 13 e 14 de Dezembro, no ISPA, Rua Jardim do Tabaco, 34.
Aqui o link da notícia em Portugal, no DN. E em Espanha através da Agência EFE, no jornal El Confidencial.

26 novembro 2014

"Juntos Podemos"



Estava inativo desde Julho para as mensagens que me têm motivado aqui desde 2004, porque as esperanças politicas motivadoras de uma causa tardavam. A canga económica que montaram a este povo, fê-lo emigrar, desistir e perder as esperanças de renovação desta classe política e na eficácia da atual representação parlamentar. Finalmente, é de Espanha que nos vem a esperança. O movimento Podemos surpreendeu nas eleições europeias e demonstrou que não temos que ficar sujeitos a uma militância sem consequências: dizem as sondagens que é já a primeira intenção de voto dos espanhóis nas próximas eleições. Em Portugal, partimos atrasados mas haveremos de chegar também. Decidi por isso ajudar na formação de um movimento que nos possa dar as mesmas esperanças. Tem por enquanto como nome provisório Juntos Podemos, até à Assembleia Cidadã que o vai constituir publicamente e atribuir-lhe um nome definitivo, e que vai realizar-se em:

13 e 14 de Dezembro

ISPA - Instituto Superior de Psicologia Aplicada

Rua Jardim do Tabaco, 34
CARRIS: 712 / 728 / 734 / 706 / 735 / 759 / 781 / 782
CP e Metro: Estação de Santa Apolónia


Quem me conhece, sabe que a minha liberdade é a fundadora de todo o meu pensamento político. Será um espaço com um enorme respeito pela democracia, e tudo o que ali se fizer vai ser no cumprimento absoluto da transparência. Terão oportunidade de ver isso em breve, através da visualização do que será a nossa agenda, dos nossos debates e as actas das nossas assembleias. De outra forma não estaria nele, e serei o primeiro a dar-vos nota se nada disto se cumprir.

Aos que estiverem interessados na informação regular que daremos, façam chegar-me o endereço electrónico para os incluir nessas comunicações. O meu email está ali disponível no perfil.

21 julho 2014

A Intoxicação da Informação Ocidental.

A forma como a Comunicação Social que temos nos dá uma notícia que quer que tenha uma determinada interpretação induzida, é uma questão nunca resolvida, porque tem a ver com os interesses próprios dento do sistema vigente a cada momento e não com o apuramento de verdades incompatíveis.

Um avião caiu, atingido no ar e logo lá em cima a 33 mil pés começou a desintegração de tudo. O resultado foi a dispersão por uma vasta área de guerra, isolada, num zona que não é já um Estado com todas as regras, com leis que já não valem ali, sem polícia, sem segurança, etc. A Comunicação Social ocidental começa a sua saga por querer mostrar ao mundo como tudo ali é sinistro. Os separatistas pró russos, que à maneira do 007 devem ser todos feios e ter cremalheiras de titânio para melhor comerem criancinhas, são mostrados com câmaras fugidias e nervosas, e vai-se afadigando em dizer que não é normal ver uma área de acidente a ser devassada. Esperava-se o quê num campo que é palco de guerra, sem Estado, dominado por homens com armas em vez de forças policiais? A pilhagem de valores? Ah sim, pois, é o ser humano no seu esplendor sempre que estas tragédias acontecem em qualquer lado. Mas aqui não, segundo ela tudo é cirúrgico e vai-se ao limite de dar tendenciosamente a noticia da forma que explico:

Como pudemos ver, os destroços ficaram espalhados por todo o lado. Nas buscas que se fizeram para identificar os corpos, que assinalavam com uma bandeira, foram descobertas as caixas negras (laranjas), e é aqui que a notícia é sibilina. O que achavam vocês que os homens deveriam fazer às caixas num cenário caótico daqueles, num não-Estado que é aquela região? Achavam que deveriam sinalizar as caixas com uma bandeirinha? e deixá-las ali ficar à mercê do saque? Não! Os homens deveria proteger as caixas, levando-as, e guardando-as, porque aquilo vale ouro num acidente. Como se sabe a comunicação do Ocidente com aquela região e aquela gente não é em canal aberto, está tudo cheio de filtros, a juntar a isto acrescente-se o domínio da informação pela animosidade do padrão Washington-Londres-Berlin, contra Moscovo, porque querem a NATO às portas da Rússia, e começa-se aqui a espalhar a notícia de que os separatistas tinham roubado as caixas negras. Pelos vistos, queriam que elas tivessem sido assinaladas para levantamento posterior. E dão a notícia assim numa TV. As aspas são minhas:

(...) “Sem acesso livre ao local. “Relatos” dão conta de pilhagens e a destruição de provas criminais para apurar o que se passou. Os separatistas “terão mesmo” retirado as caixas negras do avião”.
.
Depois passam as imagens do local e dizem:

(...) “As imagens foram filmadas na sexta feira “mas só” neste domingo foram divulgadas pela Reuters. No meio dos destroços “um homem” com acesso ao local “controlado” pelos separatistas transporta um objeto cor de laranja, a mesma cor que caracteriza as caixas negras do Boeing 777. Os serviços de segurança da Ucrânia divulgaram... “ etc.

Ou seja, as palavras: “Relatos”, “terão mesmo”, “mas só”, “um homem”, “controlado”, estão ali para nos levar para onde querem. Naquela frase: “Os separatistas “terão mesmo”... o verbo “terão mesmo” é verdadeiramente uma adaga árabe para esventrar por dentro.

Conclusão, os homens não largam as caixas negras a qualquer um, querem ter a certeza que autoridade vai tomar conta delas e escolheram a ICAO - Autoridade Internacional de Aviação Civil.

O que escrevo, não pretende dizer que não possam ter sido os separatistas a derrubar o avião, e acredito que quem o fez, foi por erro, porque não vou ao ponto de achar que uns e outros seriam gente para isso. Em contraste com este afã, está a miséria da forma como estão a vender ao ocidente os crimes de guerra que estão a ser cometidos por Israel com a cobertura dos EUA.

16 julho 2014

Os judeus contra si próprios.




13 julho 2014

Uma estátua que é um descaramento.


Foi de mau gosto e cegueira política ter-se elevado um símbolo partidário à dimensão de estátua, mas foi também uma aberração que a homenagem ao seu personagem central ocupasse nela uma pequena parte do monumento, numa espécie de versão degolada, sendo o resto, a ostentação provocatória de um símbolo partidário. Imaginem que era o PCP que estava na Câmara e a coisa se fazia com Álvaro Cunhal, a foice e o martelo?
Passamos todos estes anos na espectativa de que aquilo fosse algum vanguardismo difícil de interpretar, mas a estátua continua a não se elevar para além da enorme tristeza do monumento funerário que é, só restando uma opção, - não digo que seja a do camartelo que é recomendado para os dois Centros Comerciais do Martim Moniz – mas a desmontagem da estrutura, para não ficar ad eternum a perpetuar o mau gosto dos cidadãos de Lisboa, através da indigência do elenco camarário que teve a cegueira de ali plantar um símbolo partidário, e logo numa das principais entradas da cidade. Tenham juízo quando se reunirem para desmontar o mausoléu. Ver aqui.

05 julho 2014

Pessoa, Christian Kjelstrup e a Uroens Bonkandel


Christian Kjelstrup, ficou fascinado por Pessoa através do Livro do Desassossego, abriu na Noruega uma livraria temporária - Uroens Bokandel - onde só vende este livro, e vendeu num curto período muitas centenas de exemplares. Ele está agora em Lisboa, até Domingo dia 6, na loja "Vida Portuguesa", na Rua Anchieta, 11, ao Chiado, com o Livro do Desassossego na edição da Tinta da China. Vale a pena passar lá e dizer-lhe que é sempre bom vermos o génio de Pessoa reconhecido por gente tão distante geograficamente de nós, mas tão próximos da língua portuguesa através da qualidade com que escreveu. Foi o que eu fiz. Parabéns Christian.

28 junho 2014

Andam a transferir-nos o rendimento.


Colocado em gráfico temos outra perspectiva do que se passa e ainda falta lá o efeito inflação. Experimentem. Coloquem os vossos rendimentos numa folha Excel e apliquem-lhe um gráfico. O que ali falta foi para tapar os desmandos, os desfalques e o efeito da corrupção dos vários BPN’s deste país, as transferências reais e bem visíveis de rendimento de uma classe para outra através de todo o tipo de rendas e agora também as da habitação. Foi para as pavonices de Belém e os almoços de S. Bento mais as dotações orçamentais que o nosso voto determina, e para as horrorosas campanhas eleitorais onde nos esbanjam o dinheiro a vender mentiras. Foi para as enormes frotas de luxo de carros alemães fabricados fora do país, que os de Palmela não lhes servem. Foi para sustentar os pelouros e as cadeiras douradas e muita vaidade pelos corredores do poder.
Querem empobrecer-nos à força, para enriquecerem sem esforço. Todos os dias sabemos mais sobre a razão de estarmos assim. Agora, são novamente as notícias do FMI que confirmam o erro, e nos mostram como esta classe indigente de governantes vive numa canina e salivante subserviência.
O pior de tudo, se isto não fosse já mau, é a dificuldade que é fazer entender isto a tantos. Salazar vai perdurar no ADN deste povo por muitas gerações. Inculcou-lhes o medo. José Gil tinha razão.

18 junho 2014

A Saída do Euro

Basta atender à constatação de que sendo um países com uma das moedas mais fortes do mundo, mas também com uma das dívidas mais altas, para percebermos que estando amarrados ao Euro nunca  mais conseguiremos sair deste buraco. É aliás estranho, que tenhamos todos embarcados nesta quimera, sem nos termos interrogado por que razão poderíamos ter de um momento para o outro, forma de competir com uma moeda tão forte. Sabemos agora, depois de termos caído por terra, que afinal tudo foi desenhado em função dos interesses alemães de domínio da Europa.

É para tornar isto mais claro que deixo o link do debate sobre a saída do Euro que fizemos na Associação Abril, com o Dr. Garcia Pereira. O facto da reportagem estar dividida em cinco vídeos até vos facilita a visualização. Não deixem de ouvir, não só pela qualidade que Garcia Pereira acrescenta aos debates em que participa, mas também pela responsabilidade que todos temos em ter sobre esta questão uma opinião formada. Que não seja o facto de não terem os principais partidos um discurso claro e imperativo sobre a saída do Euro que vos deixe ficar sem uma opinião própria. Que eu tenha dado por isso, foram o PCTT/MRPP e o MAS aqueles que claramente o disseram. Outros, com mais responsabilidades, ficaram-se por um discurso macio, parecendo ter receio de o assumir com clareza:

31 maio 2014

Um Homem Não Se Apaga

(…) “e exila-se no México, onde se converteria num dos mais prestigiados intelectuais do século XX.
Naquele país, escreveu nos mais importantes jornais e revistas, fundou o Clube de Jornalistas, lutou contra as injustiças de que eram vítimas os indígenas, foi agraciado por diversos Presidentes da República, o seu nome foi atribuído a salas de museus, auditórios, escolas, ruas… Considerado um dos principais teóricos da pintura muralista, foi amigo de Frida Kahlo e de Diego Rivera, entre inúmeros intelectuais, e o seu prestígio difundiu-se internacionalmente.”

Sabem a quem se refere este texto? Não? Eu também não saberia. A questão do meu espanto tem a ver com o facto de me ter passado despercebida a história de um homem, de cuja existência soube, mas nunca com o conhecimento desta forma tão elogiosa? Conhecia o seu nome mas não o seu prestígio. É por isto principalmente que trago este texto, embora não deixem de estar presente as razões que concorreram para que ele tivesse sido apagado da história portuguesa. Estou certo que este livro vai causar grande celeuma, porque é escrito por alguém que está muito por dentro da sua história, e isso vai causar incómodos.

Deixem-me continuar a sublinhar o resto para saberem de quem se trata. Estes extratos foram retirados da contra capa do livro que vos recomendo. Só li umas dezenas de páginas a meio dele, mas o suficiente para o recomendar vivamente, porque é história que talvez desconheçam. Não vão faltar aqui contraditórios, só não quero insultos por tocar numa ferida que muitos nem sabem que têm.

(…) Francisco de Paula Oliveira, o mítico Pavel, é um dos mais misteriosos combatentes antifascistas portugueses. Aderindo desde muito jovem ao Partido Comunista Português, as suas qualidade de militante levaram-no a dirigir interinamente o Parido, sendo considerado o sucessor natural de Bento Gonçalves, o secretário-geral a cumprir pena no Tarrafal.
Em Maio de 1938, depois de se evadir da cadeia de Aljube, Pavel foge para França. O Partido Comunista, que havia preparado a evasão, abandona inesperada e surpreendentemente o seu militante, abrindo caminho à ascensão de Álvaro Cunhal a secretário-geral.

Desprezado pelos seus camaradas, Pavel adopta o nome de António Rodríguez, um galego morto durante a Guerra Civil de Espanha, e exila-se no México, onde se converteria num dos mais prestigiados intelectuais do século XX.

Apesar destes feitos extraordinário, este homem é ainda desconhecido em Portugal e o seu nome continua a ser um tema incómodo para o Partido Comunista, de cuja história foi riscado. Porquê? A resposta está neste livro.”

Chamou-se António Paula Oliveira; Pavel e António Rodriguez, no México estimam a sua memória como a de um grande intelectual. Em Portugal, alguém se encarregou de esconder isso.

PAVEL – UM HOMEM NÃO SE APAGA, de Edmundo Pedro.  Edições Parsifal

28 maio 2014

Em Espanha. A Democracia de Marhuenda.

A direita troglodita em Espanha disfarça mal a forma como encara a democracia, e ver a erupção repentina de uma força à esquerda foi coisa que digeriu muito mal. Vai daí, através de Francisco Marhuenda, director do jornal La Razon, - uma espécie de José Manuel Fernandes, como alguém disse  – atirou-se como gato a bofe ao jovem Pablo Iglesias do partido “Podemos”, que ascendeu a quarta força política de Espanha no Parlamento Europeu, com 5 deputados, e só lhe falta pedir agora a instauração de um auto de fé. Marhuenda pede um boicote na Comunicação Social espanhola a Pablo Iglésias por ter tido a ousadia de ter conseguido ser a quarta força nestas eleições. A polémica está neste link: Marhuenda quiere Pablo Igesias fuera mas é interessante conhecer os dois protagonistas, ainda que num outro debate sobre as bolsas de estudo. Aqui:
 

Lido em L'OBÉISSANCE EST MORTE.

22 maio 2014

Os acontecimentos do Chiado. Solidariedade com Miguel Carmo

Saltem do sofá e mostrem a vossa solidariedade ao Miguel, que eu não sei quem é, mas presumo que seja um coração generoso.

Tem sido uma decepção a falta de solidariedade que se tem verificado com os que têm sido levados à justiça, apanhados por questões menores nestas lutas de protesto tão necessárias à manutenção de uma vigilância sobre as injustiças que se abatem sobre nós. Não queria estar na pele deles, não pelas consequências, mas pelo desalento que deve ser estar daquele lado só, sem apoio dos que tinham a obrigação de não me deixarem a pagar sozinho o preço da ousadia de não ter ficado calado:
Um texto de Miguel Carmo

“Olá.

O meu julgamento começa amanhã à tarde no Campus de Justiça e prossegue, pelo menos, nas próximas duas quintas-feiras.

O Ministério Público (MP) acusa-me, com base no testemunho de um polícia que assina o Auto de Notícia em anexo, de ter projectado uma cadeira de uma das esplanadas do Chiado sobre uma linha de polícias que na Rua Serpa Pinto protegia a detenção de um manifestante. Não tendo sido identificado durante a manifestação, nem em nenhum outro momento anterior ou posterior, o Auto refere que se fez uso para tal de informações do Núcleo de Informações da PSP, na forma que passo a citar: “trata-se de um indivíduo que é presença habitual neste tipo de manifestações/concentrações, pautando sempre a sua conduta de forma agressiva para com as Forças de Autoridade”. Ainda não é certo se este julgamento servirá para esclarecer a qualidade de polícia política que a PSP parece requerer para si no documento citado.

Passaram agora mais de dois anos sobre os “acontecimentos do Chiado” e a memória dilui-se. Nada que a Internet e os jornais da altura não reponham num instante. Foi dia de greve geral combativa, com várias manifestações a atravessarem o Chiado em direcção a São Bento. Perante a passagem de uma delas a PSP tem a ideia genial de deter um estivador que vinha rebentando petardos ao longo do percurso. É um homem de meia-idade com um pacemaker, cuja detenção provoca o espanto e reacção imediata dos seus amigos e depois a indignação de toda a manifestação. Foi este o momento inicial de um descontrolo policial que varreu, a vários tempos e intensidades, todo o Chiado até ao Largo de Camões com um balanço final de dezenas de feridos entre manifestantes, jornalistas e transeuntes. Nesse dia temos o Ministro da Administração Interna na televisão a explicar-se e dias depois a ser requerido pelo Bloco de Esquerda para uma audiência parlamentar convocada de urgência para o efeito; temos um inquérito aberto pelo IGAI ao comportamento da PSP, preenchido com declarações de várias pessoas agredidas; e temos o MP a agrupar num mega-processo penal cerca de uma dezena de queixas.

De tudo isto nada reza a história. Macedo é ainda Ministro da Administração Interna, os resultados do IGAI são aparentemente nulos e o MP arquiva todos os processos na fase de instrução, por falta de provas, todos à excepção daquele contra mim. A PSP atacou uma manifestação em dia de greve geral, o Ministro da Administração Interna defende-a e responde politicamente no parlamento; as várias queixas apresentadas contra polícias, tanto no penal como junto do IGAI, são arquivadas e esquecidas, sobrando um processo contra uma pessoa que, como milhares de outras desde o último mandato de Sócrates, têm participado e organizado várias manifestações. É disto que fala, em específico, a ideia de que a história é sempre a história dos vencedores.

Junto algumas ligações de Internet,

As audiências serão sempre às 14h, no 5º Juízo Criminal de Lisboa, 1º Secção (edifício “B” do Campus de Justiça, na Expo)

Agradeço divulgação em blogues e fb pois não os tenho. Que a denúncia seja por ora a nossa arma. Se alguém quiser produzir opinião com mais folêgo sobre esse dia/julgamento posso enviar documentação vária do processo, nomeadamente o despacho de acusação e a nossa contestação.

Abraços e beijinhos

Miguel Carmo”

15 maio 2014

Que eleições são estas?


A forma como decorre esta campanha eleitoral tem já motivos suficientes para nos debruçarmos sobre o seu conteúdo. A primeira conclusão que pessoalmente tiro é que os partidos não estão a esclarecer o cidadão dos problemas europeus, porque estão mais focados no que será a projecção dos seus resultados para outras eleições que se seguem. E é por isso que assistimos à forma caricata como se transforma o objectivo de explicar os combates no parlamento europeu, num outro objectivo doméstico. Considero melhor a estratégia de alertar o cidadão para coisas como estas: “Levar a troika ao Tribunal de Justiça da UE”. “Um país endividado que tenha pedido um programa de apoio não pode ser sujeito a um tratamento ilegal”do que andar em looping fixado na aposta de me dizer que não vote nele vote em mim que eu é que o defendo: isso não é uma proposta de trabalho para a Europa, é assédio para uma coisa tão pouca, como mais um deputado que nada mudará. Mas deixar aqui um exemplo não significa sugerir uma votação, embora seja verdade que a minha última crença política foi acreditar que existia solidariedade na Europa e aquele programa do Ulisses, do Rui Tavares, teria pernas para andar, porque forçaria os países do sul a um entendimento comum, com a solidariedade dos honestos do norte. Mas a crise e os egoísmos que se desenvolveram fez-me ver que essa Europa não existe. Posso contudo dizer-vos que estou empenhadíssimo em que a Europa saiba que eu não gosto da estrutura da moeda que tenho, e por isso pondero escolher entre os partidos que expressamente apelem à saída do Euro, como apelam o MAS e o PCTP/MRPP, fazendo isto parte do tal sobressalto eleitoral que é preciso impor. Quanto à CDU e o BE, são só evasivas num discurso de não me comprometas, que dá para o que se quiser. A outra opção de sobressalto que iria certamente juntar-se à fortíssima abstenção por via da emigração – 700 mil na última década – seria a opção pelo voto em branco, tão legítima quanto qualquer outro voto expresso, como forma de obrigar os partidos a sair do conforto e reclamar uma reestruturação da forma de representação parlamentar porque, pelo andar da carruagem, os jovens que lá estão hoje, estarão lá daqui a 40 anos de barbas a tentar o mesmo e nós já enterrados.

15 abril 2014

Abril em São Pedro de Alcântara

Mas “Todos os rios correm para o Carmo”, e a Associação Abril vai concentrar-se da mesma forma no jardim de S. Pedro de Alcântara, pelas 21.30 h do dia 24 e seguiremos, em grupo para o largo do Carmo, formando, sócios e amigos, um dos rios que correrá para o Carmo.


Carta Aberta ao Primeiro Ministro


Carta escrita por António Mariano, Presidente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal, no jornal i, lida em O Estivador.

07 abril 2014

A Guerra dos Portos.

Porque a solidariedade é a única coisa que funciona, deixo um texto em link da página de "O Estivador", com os depoimentos internacionais dessa solidariedade. Um exemplo a seguir:






05 abril 2014

"...Porque a solidariedade é a única coisa que funciona"



04 março 2014

A propósito de “- Precisa de saco?”

Se por um lado não podemos todos optar com êxito pelo regresso imediato à sustentabilidade de uma vida fora da caixa onde estamos metidos, por outro, é dramático projetarmos o futuro, e parecer-nos estar agora num ponto de não retorno. O triunfo do egoísmo plasmado na ascensão imparável do neoliberalismo pela mão da política, mesmo até daquela que supostamente sempre esteve mais próxima dos grandes valores do Humanidade, deixa-nos sem grandes esperanças de poder reverter o processo antes que um qualquer desastre - dito regenerador - no Mundo, a reponha. Chego a acreditar na cabala que circula, de que há por aí um desígnio a congeminar-se nesse sentido e paradoxalmente, nunca o Homem teve como hoje, projetistas da vida em sociedade tão capazes de oferecer soluções que livrem as nossas filhas, no futuro, da caixa de um supermercado e do tapete rolante das compras. Aquela teoria maquiavélica, não é assim uma coisa tão abstrusa, - lembremos que a “Solução Final” não foi até nenhuma obra de ficção, saiu da cabeça do Homem, é que as hordas de pobres do mundo já têm agora acesso ao conhecimento que não tinham antes, dos excessos com que vivemos, e ninguém os vai conseguir deter na exigência de terem também esse direito: um emprego na caixa de um supermercado. A pressão já é grande, mas muito em breve se tornará insuportável. Alguma coisa de fundamental o Homem teria que impor a si próprio porque o triunfo deste neoliberalismo rapace faz parecer aqueles momentos dramáticos do assalto a uma coluna de alimentos na chegada a um campo de refugiados famintos. Estamos a viver um estertor político comparável, onde tudo vale, só falta tirar olhos.

01 março 2014

Blogue em reconstrução

Este blogue está em reconstrução, porque os gajos que mandam nisto me obrigaram a abandonar o modelo que já vinha de 2004 e optar por um formatado, igual a todos os outros, onde só posso alterar padrões dentro da "caixa". Está por agora assim até novo look.

27 fevereiro 2014

A violência sobre o nossos idosos.

A valsinha que acompanha o texto dedico-a aos meus pais, pela memória que tive deles hoje, provocada pela contundência das notícias do dia. Eles eram alentejanos e gostariam certamente dela.

Este não é propriamente um local para descarregar estados de alma, mas eu explico o que se passou.

As notícias do dia quanto à violência doméstica sobre os nossos idosos, deixaram-me um pouco assim. A propósito de mais uma notícia triste, ouvi coisas horríveis do que está a acontecer entre avós, pais, filhos e netos, entre portas, sem que a nossa sociedade se dê conta do drama que tantos idosos estão a viver. Isso fez-me pensar, que aqui há algum tempo atrás insistia que sendo o povo português de brandos costumes, existia contudo nele um lado pérfido, o da sordidez.

Abandonei depois a tese, porque até a mim me custava admitir que fazia parte de um povo com estas características. Hoje porém, não resisto a voltar ao assunto, por achar que a crise e o drama do desemprego e da miséria financeira não podem explicar tudo, há mais qualquer coisa que faz com isto esteja a acontecer e assim sendo, retomo a constatação de que estes comportamentos só podem ser gerados na sordidez endémica que grassa entre nós. Não sei se estatisticamente somos nisto diferentes da Europa. O que me importa é isso que acontece.

Isto trouxe-me à memória os cabelinhos brancos dos meus e não pude deixar de lhes dedicar esta musiquinha, que  não sendo o meu estilo, fará certamente as delícias deles onde quer que estejam.


25 janeiro 2014

Notícias da clandestinidade.

E pronto amigos, disse-vos aquilo antes de partir. Passei entretanto as passinhas do Algarve, mas cheguei! Argel é uma cidade simpática. Parece que estou no Algarve mas com o sol pelas costas, o que é bom porque não queimo as fuças. A primeira curiosidade é não ver afinal aqui mais camelos do que aí, a não ser que andem escondidos. Agora que aqui cheguei e me livrei desse tipo, dos Barretos, dos Soares, dos Santos e dos comentadores/jornalistas lambe botas – que é bem feito que lhes apertem o pipo da caneta - posso finalmente sair da clandestinidade e dizer que o Graza, sou afinal eu. A bandeira tritonal com o arroio que tem sido a minha identificação, continuará a sê-lo, mas porque as redes sociais decidem sobre a nossa identificação com a maior sem cerimónia, com os nossos nomes escarrapachados, quer estejamos com a língua de fora ou com uma valente bebedeira, decidi dizer que eu não sou afinal aquele Graza que têm identificado, mas sou este. Há uma diferença, e não é da máquina nem do modelo, é da falta de cuidado de cada um a decidir sobre a imagem dos outros. Se me publicarem nas redes e não tiverem o cuidado de ver se tenho a língua de fora ou estou com um grande cacho, não me identifiquem s.f.f.: é que para além disso, o álcool por aqui é um líquido incompatível com a fé dominante.
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Agora, vamos a eles! Que a porra desse país fede cada vez mais, mas não me confundam com um fedayin que a minha luta nem religiosa é e nem desse modo saberia como fazê-la. Ah, se virem o Manel Alegre digam-lhe que preciso dos contactos dele por estas bandas.
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P.S.: Estive para reverter este processo da identificação, porque acabaram de me dizer por cima do ombro, que não costumo ser narciso. Por mim foi um exercício fotográfico com uma intenção: eu, a máquina, o espelho e uma perspetiva de mim, por mim, sem rede. São riscos que se correm. Não gosto que se enganem a meu respeito, mas nada posso fazer por isso.

11 janeiro 2014

Arrumar a trouxa.

Já avisei o Ricardo, mas aviso agora todos. Estou seriamente a pensar em passar à clandestinidade. Bem sei que isto não se avisa, faz-se, mas as coisas estão ainda num patamar em que posso preparar o exílio na boa. Vou começar a arrumar a trouxa! Isto já deu a volta e nós ainda aqui andamos distraídos. Este tipo tem afinal um perfil estranho, lembra-me coisas más e estão a acontecer coisas que me assustam. Agora é aquela notícia bizarra sobre os jornalistas, amanhã é sobre os blogues e depois sobre o Facebook e vocês continuam aí na mesma, sentados à espera. Eu não. Vou basar. África. O magreb é capaz de ser uma alternativa, agora que eles caem mortos nas praias é só arrebanhar que esses vêm cordeiros e famintos. Vamos passar a ter a azeitona, vindimas, fruta, tudo apanhado na hora e eles quase pagam para fazê-lo e não refilam com falta de informação liberdade ou dos impostos. Soares dos Santos vai ser finalmente um homem feliz, mas também toda a corja de malfeitores que deixamos que nos assaltassem: primeiro o Parlamento, depois os órgãos de Comunicação Social, depois os bolsos, agora o garrote definitivo na C.S. já subserviente e amansada pela necessidade do sustento familiar, cortando a liberdade de informar que conquistamos em 1974. É isso, África está a ficar sem gente, e se tiver que aturar retintos filhos da puta que sejam eles gente que não conheço. Ficam cá os velhos, os hooligans da bola, e as Maria-vai-co’as-outras, não queiram ficar vocês.
Mando-vos notícias de Argel, talvez por uma qualquer rádio pirata, que o monarca de lá quer dar-se bem com a Europa e não me vai permitir uma frequência legal. Dou-vos algumas horas antes de apagar a luz, porque de outra maneira não viam o papel na porta.

04 janeiro 2014

É hora de repensar tudo.

Porque é urgente pensar sem dogmas e questionar tudo, a catástrofe social e ambiental estão à nossa frente, e a falência do momento exige humildade, descarte do egoísmo, mas muita, muita força e união de todos os que se importam não só com o seu futuro mas com o de todos os outros.  Leia o resto desta excelente  entrevista de Anselm Jappe, no Público: