29 janeiro 2012

Manipulação Mediática


Faço hoje, de dois amigos, editores do blogue, num tema que merece sempre atenção. São duas respostas que recebi a um email que enunciava as “10 Estratégias das Técnicas de Manipulação Mediática", segundo Noam Chomsky.

Diz o Paulo, numa reflexão enriquecida por uma vida na Normandia onde se nota a marca da construção em Língua Francesa:

“É evidente que como dizes “o sistema” consegue elaborar modos de comunicação extremamente eficazes, muito bem refletidos e como sempre o Zé Povinho engole tudo sem se dar conta daquilo que come...

No entanto eu acho que foi sempre assim em relação à classe dominante, que teve sempre muitas ideias para manter o seu poder. Só que em certas alturas era pela força e pelo terror que acalmavam os ímpetos do povo que aspira à liberdade e à dignidade.

Hoje o assunto é muito mais complicado. Quer dizer que a evolução das diferentes formas de comunicação, nomeadamente a evolução das tecnologias informáticas, Net, redes ditas sociais e sobretudo a evolução no que diz respeito à manipulação das massas pela “comunicação”, alcançou um nível muito complexo e que não está ao alcance do primeiro borra-botas.

E nesse esquema, entreter as massas com mil merdas sem interesse (sem interesse para alguns, mas interessante para outros), faz que, efectivamente tudo é feito para não “perder” tempo a pensar!

Havia um provérbio que dizia: atenção: “PENSAR OU REFLETIR, JÁ QUER DIZER DESOBEDECER!” Isto não significa que não há resistências e outros modos de fazer frente. Mas é claro também, que é cada vez mais difícil. E é mais difícil e complexo, porque as propostas de alternativas ao governo deste mundo, desta Europa, destes países, destas regiões, destes distritos, destas cidades, destes bairros, destas pessoas, não oferecem nada de estimulante, nada de horizontes “ensoleillés”, nada que tenha a ver com os projetos e as ideologias que se transformaram em ilusões e desenganos eternamente entretidos como o paraíso, como se um dia pudéssemos atingir a paz, a calma e a fraternidade entre os humanos...Tudo é recuperável no objectivo de “marchandise” de dar dinheiro, do ter e do ser, ninguém ou muito poucos se preocupam…o poder da comunicação é sem igual, actuelment… é difícil escolher e não cair em emboscadas…tudo ou quase é pervertido…o desenvolvimento do individualismo foi tal, que as normas e os valores de ontem não têm nada a ver com a evolução da sociedade de hoje! Enfim... quando falas do “sistema”, o que significa um termo generalista que não diz a quem temos a ver, é simplesmente a classe dominante, os grandes patrões deste mundo, os detentores do funcionamento da finança, dos especuladores e sobretudo daqueles que sabem que o dinheiro deve sempre ir buscá-lo lá onde ele está, quer dizer “chez les pauvres”… e como há cada vez mais pobres eles têm ainda mais dinheiro a recuperar e mantêm-se e entretêm-se “tranquilamente” a precaridade e a paz social!!... Às vezes há revoltas, e mesmo revoluções… estás a ver o que deram as revoluções da “primavera árabe”? como te disse tudo se recupera!....Isto é um bate papo que poderia ser o suporte duma “soiré” aqui nas terras de Normandia onde espero que este ano tenha o prazer de vos acolher!!... E apesar desta visão realista e desencantada, o principal é resistir de uma certa forma, manter o espírito “en eveil” e preservar aquilo que conseguimos alcançar: a dignidade e o prazer de conservar grandes amigos como nós somos.”
 
E o Alexandre:

“Hoje a "Comunicação" já é uma ciência, com metodologias próprias, e onde se estudam os fenómenos comunicacionais espontâneos e os perversamente provocados. Alia-se, por sua vez, às técnicas de marketing, para vender sabonetes e presidentes da República, como dizia o outro, o Rangel. E a democracia começou a degradar-se, quando os políticos aderiram a estes processos."

Resistir, manter o espírito “en eveil”, foi a razão deste post.

22 janeiro 2012

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Reflexões sobre o Impeachment

Reeditado

Para além das razões formais que podem levar ao impedimento definitivo de um Presidente da República, deveriam existir também razões de ordem moral. Isto é, o presidente de um país não pode apenas parecer que é honesto e moralmente são, tem efectivamente que sê-lo.

Cavaco é um dos políticos há mais tempo no activo e isso faz dele co-reponsável nas razões do estado deste Estado e a ser comedido nas asneiras que balbucia vezes de mais. Vir queixar-se publicamente que não lhe chegam as pensões que aufere para governar a casa, quando auferiu em 2011, segundo o Jornal I, pensões no valor de 140.000 euros, quando há portugueses a debater-se já ao nível da sobrevivência, é moralmente reprovável por todas as razões, e em simultâneo, uma afirmação da sua incompetência e de que é um péssimo gestor, um mau economista num orçamento tal fácil, ou então, não sei se pior, está a mentir-nos, mas seja o que quer que for, é mais um prego na credibilidade pessoal e política que quanto a mim nunca teve. Este homem é e sempre foi, enquanto político, uma fraude que a Direita soube vestir ao jeito pimba para vender nesta feira poeirenta em que o país de vez em quando se torna e que nos envergonha quando escolhe assim.

Leitura recomendada: A revolta e a piedade, de José António Barreiros.

Reedição: Faltou dizer que li pela primeira vez a utilização do termo impeachment ao Presidente da República, um termo do léxico norte-americano adaptado à nossa Constituição, no Legalices, por Ricardo Sardo, pelo que aqui ficam os links: Pode? e Belemgate, para leitura obrigatória das reflexões, também jurídicas, sobre esta questão.

19 janeiro 2012

Que dia histórico!


De facto, é um dia histórico este… mas por isto: Ricciardi, um banqueiro, a dizer que “Este é o governo mais corajoso da democracia em Portugal”. Esta é ou não a melhor forma de dizer dos direitos que foram defendidos? Assim sendo, está tudo dito. Não podia o governo ter pior ajuda, porque se alguém tinha dúvidas, ouvindo este senhor, sabemos quem foi defendido. E se o que este senhor disse não é mais do que uma opinião, por que razão não pode Otelo ter direito a ter a sua, e eu a minha? que é esta: Têm dúvidas de que isto não vai acabar bem?

Imagem retirada do Ponte Europa.

18 janeiro 2012

Contributos para uma Revolução - II

A alteração feita por este governo à lei das rendas implementada pelo PS que permitia a mudança mas tinha ainda alguma zona de protecção ao inquilino, vai causar um desequilíbrio que potencia qualquer coisa de socialmente muito grave. Todos se assustaram com o que disse Otelo, e vai agora ser inquirido, não tanto pela opinião que manifestou mas antes, pelo peso e pelo medo que vai em muita consciência. Mas o que ele disse cabe bem aqui, e é simples: o desemprego é endémico, o tecido social está em ruptura, há famílias em desespero por alteração de estabilizadores, e os atingidos por esta lei das rendas são basicamente idosos pobres, facto que pode ver-se na quebra de 40% em 10 anos de contratos anteriores a 1990, quebra que seria maior ainda nos próximos 10 anos, logo, um grande factor a ter em conta na resolução do problema por essa via.

Essas alterações vão provocar a maior instabilidade nos bairros pobres, e a população assim atingida que tem ainda uma rede familiar, não vai assistir impune à desonra da família pelo despejo e esvaziamento das suas vidas, removidas provavelmente para subúrbios onde já não ganharão raízes. A Cristas, vai mexer nesta área com a tranquilidade que a ausência de um opositor permite, porque os idosos não têm capacidade reivindicativa, e o terrível engano pode estar na facilidade com que se pode legislar nestas circunstâncias. Não foi por acaso que esta pasta foi empurrada para o PP e o seu rosto seja o de uma caloira com sede de apresentar serviço. Não tenhamos dúvida, a infelicidade conjugada com outros factores de desencanto que essa alteração vai criar, vai ser insuportável e vai gerar uma rede de solidariedade na revolta que será um rastilho perigoso.

E tudo isto porque não foram capazes - ou não quiseram - fazer uma coisa muito simples: legislar na agilização do despejo dos prevaricadores faltosos ao pagamento das rendas, retirando assim esse entulho da argumentaria dos proprietários, o que pode configurar que é coisa que dá até jeito para funcionar como arma de arremesso. E dessa forma incluem todos os que cumprem e têm contratos legais que agora mandam rasgar.

Destaque: Jornal de Negócios de 27/12/11

15 janeiro 2012

Alerta na Coudelaria de Alter

O ano começou fértil em asneira que é como quem diz, mais do mesmo e o mesmo motivo para a indignação. Escolho para recomeçar, o relevo ao que pode estar a passar-se com os cavalos de Alter de Chão.
 
Chamou-se Coudelaria Nacional, agora é a Fundação Alter Real. Salvou o cavalo lusitano através de uma grande persistência no apuramento da raça, apesar das tormentas por que passou, mas debate-se novamente com a tendência para a asneira de quem gere estas coisas sem sair do gabinete, fazendo pairar novamente nuvens sobre ela avaliando pelo que diz o Presidente da Câmara, aqui no Jornal I. Há para mim uma questão que preocupa: a Coudelaria é um património valiosíssimo sob vários pontos de vista e não sei porque digo isto, mas o facto de o seu modelo ser uma fundação, preocupa. Admito que seja um preconceito e uma injustiça para as grandes fundações do país, mas não tranquiliza ver alguns interesses ligados a patrimónios nacionais com este valor. Se lhe adicionarmos ainda o facto de a presidência pertencer à cobiçada Companhia das Lezírias, temos melhor noção dos riscos em causa.

Depois, quem tutela estas questões governa como uma tropa fandanga de incapazes, julgando cumprir a função por aparecer em mangas de camisa na Comunicação Social. Contra este modo de tomar conta, tem valido a resistência das instituições, como agora a Coudelaria de Alter, que vão apesar de tudo sobrevivendo à negligência, impondo-se galhardamente a tanta asneira, nada podendo porém contra interesses que não são os seus. O Alentejo dificilmente encontrará um pólo com mais valor do que os cavalos que cria desde 1748 e Portugal deveria ter outra atenção com a mais antiga coudelaria do mundo.

Imagem da Fundação Alter Real

01 janeiro 2012

Bom 2012

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Foi um Reveillon doméstico minimizando gastos, e a foto é do arquivo pessoal reportada ao foguetório do ano passado, fazendo de conta que é deste. Tenham vocês Saúde e um Bom € Ano, e não se fiem em mim porque vou andar por aí em € dieta.