30 dezembro 2011

O Crespo...


...é um mééééééééérrrrrrdas!

… é uma reacção incontida - vim directamente do sofá prá’qui – porque não aguento andar há muito assistindo pasmado à subserviência e ao medo com que cada entrevistado mais ou menos mediático se acagaça perante o lado pidesco que lhe detecta no interrogatório, e os leva à sabujice da anuência, culminado com uma entrevista à Ministra (a da elevação da Virgem ao céu) Cristas - e que até é vejam bem… “democraaata”! “cristããã” meu deeeus!…- e este chorrilho televisivo dá-me ironicamente uma enorme felicidade: saber que não frequento felizmente os mesmos templos de limpeza de almas desta gente. Que nojo! São-no de tal forma que nos encostam a radicalismos que não queremos por respeito à nossa formação tolerante. Toleraaante! Não disse cristããã! Esse cristã, que lhes enche a boca e esvazia a alma e se aproveita do nome de um homem que não escolheria hoje por nada uma cruz para ir morrer por gente desta.

28 dezembro 2011

Contributos para uma Revolução

(Reeditado)

As revoluções não morrem, permanecem apenas em estados letárgicos para eclodirem quando se altere de forma insustentável o equilíbrio de forças que une as sociedades ao poder que elegeram ou lhes foi imposto. Mexer sem cuidado em alguns desses equilíbrios, pode, sem que menos se espere, desencadear a eclosão da fúria e da revolta. Foi assim que assistimos com espanto a revoluções que começaram pela morte de um vendedor de rua, ou o espancamento de um jovem, ou a prisão de um delinquente. Esse estado de equilíbrio não é mensurável, é imperceptível porque a revolta é dia-a-dia abafada individualmente em cada um, até um dia. E há de facto um dia, um dia como aquele que vemos muitas vezes na natureza ser o da eclosão simultânea de cada ser. Mistérios da Vida. Gestações cronometradas. Algumas dão sinais, outras espantam pela acção consertada da regeneração que empreendem. O seu êxito depende depois de factores externos, umas vezes favoráveis outras adversas, mas em maior ou menor grau garantiram a renovação.

Da mesma forma, as revoluções não acabam enquanto existirem razões que as justifiquem, ou seja, a regeneração das sociedades autistas à realidade humana que as cerca, criada pelos seus egoísmos. Não serão estas 100 mil famílias, inquilinas de avançada idade, a quem o governo, interpondo-se numa atitude inédita, vai obrigar a rasgar contratos de arrendamento feitos de boa fé, que farão a revolução, mas serão, quando começarem a ser desenraizados pelo desalojamento das acções de despejo que vão seguir-se, mais uma parte dos que estão prontos a aceitá-la, e vão estar certamente na primeira fila quando chegar o momento de atirar as pedras e a tralha que estiver à mão.

Destaques: Jornal de Negócios de 27/12/11

Reeditado para deixar uma reflexão sobre o tema. Um artigo de Daniel Oliveira, no Expresso: http://aeiou.expresso.pt/escrever-direito-por-linhas-direitas=f595853


23 dezembro 2011

Queiroz ganhou!

Perdeu o Horta, perdeu a ADoP, perdeu o Sardinha, perdeu o Laurentino, perdeu o Madail e perdeu este incompetentíssimo dinossauro. Perdeu o futebol português e perdeu Portugal 56 181 francos suíços, porque em Portugal é ao contrário: perdem os manfios mas quem paga somos nós. Mas não deveriam ser os responsáveis pela maldade e incompetência a pagar a factura? E o Horta continua em funções? E o patrão não o processa pelos custos? Carlos Queiroz foi vítima de um processo sórdido, um estúpido conluio, também porque houve uma corrente comunicacional contra ele. Pessoas que considero foram incapazes de distinguir as amarguras das estratégias de jogo, da armadilha que uma vingança mesquinha ajudou a montar e lhe arruinou a reputação. Um labéu assim, não há indemnização que indemnize. Parabéns Carlos Queiroz por isto porque o tribunal sentenciou que afinal é você que é a pessoa de bem.

21 dezembro 2011

Fujam! Emigrem!

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O postal de Natal deveria ficar aqui neste lugar até que a estrutura das filhoses indicasse que a Festa tinha acabado. Mas a falta de vergonha, reiterada em declarações sucessivas por este governo - quanto ao conselho aos portugueses para emigrarem -, e a vergonha que sinto por estar assim representado, obriga-me a interromper as Boas Festas. Foi primeiro um Secretário qualquer, depois o Primeiro-Ministro Passos, logo socorrido pelo amigo/estratega Relvas, e agora foi o euro deputado Rangel a sugerir “… a criação de uma Agência nacional para gerir esse processo”. Fica desta forma claro que não é falta de jeito para comunicar, é mesmo estratégia. É uma nova estratégia! Como é possível? Numa altura em que é preciso motivação, quem nos dirige abdica e diz que não vale a pena! Começa a parecer experimentação na área da psico-social, ou seja, sucedendo a um governo que apostava no optimismo mas esquecia o realismo político, a receita por oposição seja o pessimismo dos braços caídos e o alerta geral como forma de amedrontar, no fundo, a estratégia de um povo dócil para melhor aplicar as receitas. O que está a ser levado à prática é o figurino sempre apregoado pelas teorias conservadoras, que agora podem aplicar de mão beijada.

O cúmulo de tudo isto é podermos ouvir dos seus apoiantes, a justificação de que este governo está por contraposição apenas a ser “sincero”, e chegados a este argumento, constatarmos que é nessa atitude das massas imbecilizadas que se tem justificado sempre o triunfo e a perpetuação de tanta autocracia ao longo dos tempos. Não sabemos onde vai dar isto, sabemos apenas que não é a primeira vez que amadurecendo a acefalia desses apoios, alguém vai tirar o devido proveito.

18 dezembro 2011

O Postal de Natal

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As culturas podem ser permeáveis à música por ser uma linguagem universal, mas devemos incentivá-las a não se deixarem aniquilar nos idiomas em que sempre se entenderam. Rejeitar os maus efeitos desta forma de aculturação é lutar por esse preciosíssimo património imaterial da Humanidade. Poderia ficar aqui por exemplo uma canção em galego, mas porque gosto de ouvir esta bonita “índia” cantar na Língua Navajo, aqui fica uma versão do Holly Night, numa árvore rabiscada para os amigos. Ela chama-se Jana Mashonee. Bom Natal a todos.

Cesária excluiu-nos

Cesária Évora veio um dia a um programa de televisão, e o Herman esforçava-se para lhe arrancar a descontracção que permitisse aquela conversa dos afectos, mas Cesária permanecia insensível mais ainda para além daquela sua postura altiva não permitindo o êxito da entrevista, até que nos deu um murro no estômago respondendo a uma pergunta, quando disse: “A minha segunda pátria é França”. Não foi o conteúdo do que disse mas a forma pontiaguda que lhe deu. Começava assim a fazer sentido a dificuldade do Herman. Não foi o facto de ter tido êxito em França, foi a sua passagem em Portugal no Verão Quente de 1975, numa altura atribulada sua e da vida do nosso Abril que parece tê-la afastado de nós. Que ela preferisse os franceses por a terem adoptado, é normal, porque foi ali que triunfou internacionalmente, mas que se tenha definitivamente posto de candeias às avessas connosco que a ouvíamos desde jovem, é que nunca aceitei. Saramago estava zangado com Portugal, o institucional, mas os portugueses estavam fora dessa amargura. Por que raio não quis a Cesária aceitar o nosso afecto?

Reedição por ressalva no título: "excluiu-nos" e não "exclui-nos".

17 dezembro 2011

Uma Ministra conflituosa

Todos nós conhecemos na vida pessoas que estragam comportamentos profissionais por não conseguirem livrar-se das suas frustrações, complexos e outras infelicidades, e os transportam para constantemente colidirem com os outros. Quando assim é, damos com os rancorosos, vaidosos e maus carácter que enferneziam a vida a cada um. Pessoas assim têm alguma coisa a não correr bem consigo.

A forma como a Ministra da Justiça está a tratar a análise dos pagamentos feitos aos advogados que prestam apoio judiciário aos necessitados de apoio jurídico sem condições económicas, é verdadeiramente indigna, mesquinha e revoltante. Veja aqui no Legalices a demonstração disso. Quem puser os olhos no seu comportamento neste caso, perceberá que é um comportamento estranho, parecendo contaminado pelo ódio e pelo despeito motivado por azedumes pessoais e por um preconceito intolerável contra os advogados “pobres” – pobres no sentido em que são os não instalados na praça – apesar das tentativas de colaboração da Ordem no sentido limpar a lista dos flagrantes casos de má interpretação de ocorrências.

O nome destes jovens advogados está estupidamente a ser posto em causa, porque, dizer que se é advogado a prestar apoio judiciário passa a ser um injusto rótulo no cartão de visita. Assim o resto da classe se aperceba da solidariedade que é devida a estes mal tratados e ofendidos, porque se torna claro que os perdedores serão todos se não estiverem em bloco na defesa deste ataque à honra e prestígio da profissão, por uma senhora que trouxe para a relação com os advogados, via Ordem, o estilo da birra e o tique mimado – como aquelas proeminentes rugas verticais denotam -. Ora, não conseguir despir-se desses atavismos para exercer um dos cargos mais importantes da governação do país, pode ser a ruína num sector em cacos. Não sei até se o nível de ofensas não seria passível de uma outra atitude, por parte dos ofendidos. Esta Ministra não presta porque é rancorosa, convencida, arrogante, mimada e elitista. Tia!

15 dezembro 2011

Gente (des)Norteada


A década de 70/80 foi um período caracterizado pela influência de um certo tipo de caciquismo de base empresarial retrógrada, disseminado por uma onda vitoriosa de Direita de alguma forma instilada pelo medo do comunismo e influência do PCP, e vivíamos num ambiente de uma espécie de vergonha da nossa produção do Sul, face à do Norte. O argumento que nos era arremessado pelas cliques reaccionárias dominantes, como forma de aplacar veleidades reivindicadoras, era de que no Norte é que se trabalhava, no Norte é que estava a riqueza e a produção, no Norte não se reivindicava por nada. O Norte era “boa gente”, o Sul era uma “chusma” de calões. Enfim, o Norte era moda. O Norte até tinha a maior densidade de Ferraris do mundo por metro quadrado. No Sul, o representante de uma empresa do Norte achava estranho o valor da minha remuneração face aos valores que poderia ganhar no Norte, com menos problemas fiscais e menos trabalho nessas justificações. Mas nestas análises ficava de fora daquele quadro de desenvolvimento regional, as condições laborais globais daquelas costureirinhas e a sua consciência delas. O que aquele reaccionarismo pretendia era só já jogar povo contra povo, o do Sul contra o do Norte, pelo apoucamento de um, contra a exaltação do outro. Foram os períodos de florescimento dos Jardins e dos Pintos.

Entretanto, veio a crise dos têxteis e do calçado… e a miséria no Vale do Ave e etc.
 
Agora, o reaccionarismo volta, mas do Norte, e vai sendo moda condenar o Sul pelo centralismo e pelo roubo de verbas. Mais uma vez, o provincianismo medíocre joga regiões contra regiões, apenas e só para aplacar raivas que vai incompreensivelmente destilando.

Uma das questões nacionais a que mais sou sensível é a que põe portugueses contra portugueses e mina a velha unidade e a solidariedade do povo português. Não pretendo fazer deste blogue nenhuma caixa de ressonância dando tempo de antena a portugueses que vivem avinagrados no ódio e nos egoísmos regionais, mas é um mau serviço que prestamos ao país se deixarmos passar, os discursos dos Jardins, dos Pintos e dos Fieis servidores de mentes com graves complexos por resolver. Hoje encontrei aquele.

12 dezembro 2011

Sonhos inconfessáveis


O ogre da ilha tem um sonho que não confessou, e sente-se constantemente atacado porque fala na “resistência de cada dia” a que são obrigados. Como sabemos que o ataque não é por bandos de cagarras transformados em hordas, será porventura pelos tais colonialistas continentais. Pobres madeirenses. Não os sabíamos por essa razão em sofrimento. Sabíamos sim do espartilho claustrofóbico em que alguns dos seus mais esclarecidos habitantes se encontram, o que transforma em degredo a partilha de uma ilha tão bonita, que assim vira um deprimente rochedo. Ora, em 1974 não aproveitaram a oportunidade, e também não nos parece que existisse de resto algum dossier em aberto, ao contrário, receberam até com tranquilidade os ditadores depostos. E até podia dar-se o caso de se sentirem confortáveis com “aquele” tipo de colonização. Não? Seria assim como que uma colonização “amiga”. Ah! mas nós por cá não gostávamos deles nem da colonização que faziam. Mas o 25 de Abril fez-se também por essa razão: o fim da colonização. A descolonização pode ocorrer por duas formas: pela retirada do colonizador, ou pela conquista da independência por uma qualquer via, a diplomática ou a das armas. Jardim já nos conhece, sabe que a última coisa que queremos é que algo de mal aconteça ao povo da Madeira. As armas ficam assim de fora, e a nossa retirada sem sermos convocados a isso, seria considerada um abandono. Resta a via diplomática. Basta então de chantagem. Decida-se, e pergunte. Força! Porque considerar-nos colonialistas, ofende-nos na ordem de grandeza imediatamente a seguir a filhos da puta, e desaforos destes à nossa honra deve ser uma instância superior a resolver. Um dia destes convocamos para isso o Presidente de República que nos saiu em rifa, se não tiver nele medrado definitivamente o autismo a que alguns traços velados apontam, para, definitivamente não vermos o arremesso constante de um povo contra o outro que ele faz com a indignidade de uma besta.

04 dezembro 2011

Hoje, também eu sou ateniense!

O Professor Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, disse um dia destes de cabeça erguida, de uma forma eloquente e generosa: “Sinto-me ateniense e grego, e não cidadão deste mundo, um mundo de manajeiros, de tecnocratas sem rosto, de ‘mãos invisíveis’ que ninguém controla”. Era também nesta forma altiva que gostaria de ver o outro professor exibir-se lá fora, e não com a arrogância parola com que diz que “Portugal não é a Grécia”, como se estivesse a ensinar geografia a meninos no seu economês requentado! Os gregos não merecem esta conversa da treta, como nós não merecíamos o desaforo do presidente checo que ele não soube conter, ou mais recentemente o dos finlandeses, e é com esta falta de solidariedade em efeito dominó que se está a desconstruir a Europa, que a bem dizer nunca esteve. Os alemães, têm outra vez uma estratégia e têm outra vez colaboracionistas, gente descartável, trânsfugas mais repugnantes para eles do que os vencidos de onde vêm.

01 dezembro 2011

A Independência às urtigas?

  
Os países tomam para seu dia nacional aquele em que o povo colectivamente melhor se revê, associado de um modo geral a factos de relevo que tenham sido de exaltação nacional. Os franceses têm o 14 de Julho comemorando o dia da tomada da Bastilha. E que dia! Os britânicos, pela razão da sua própria constituição não têm um dia específico, têm vários que celebram o dia dos países que constituem o Reino Unido. Os alemães instituíram o 3 de Outubro, Dia da Unidade Alemã, pela sua reunificação. Os americanos, o tão celebrado 4 de Julho, Dia da Independência. Na Rússia celebram o seu dia em 12 de Junho, pela Declaração de Soberania do Estado Russo. Os Espanhóis, pela dificuldade que têm devido à sua unidade como país, têm o 12 de Outubro, Dia da Hispanidade que celebra a chegada de Colombo às Américas. O Brasil celebra a sua Independência no dia 7 de Setembro, etc.
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Nós temos o 10 de Junho, Dia de Portugal, que é apenas o dia que celebra a morte de um poeta, o maior é certo, mas por muito que Camões nos valha, não deixa de ser apenas o da morte de um português que morreu na miséria e abandonado por uma nação que não o soube reconhecer em vida. O povo não soube durante muito tempo que ele morreu naquele data, e ainda hoje muita gente não saberá, sendo por isso uma data que nunca se inscreveu na memória colectiva. É com Salazar que este dia começa a ser celebrado como sendo o Dia da Raça, hoje alterado para Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. Mas não deixa de ser uma data forçada com a qual o povo não se identifica, foi-lhe imposta, e para todos os efeitos uma data que o povo não viveu, e é nesses factos que radica a razão da genuína comemoração de um dia. É um dia que o povo não o canta na rua. Talvez seja por isso que ele continua a ser uma seca comemorativa. O 5 de Outubro, Dia da República, vai infelizmente sendo o mesmo, e talvez pelo período que a nação atravessou nos tempos que se seguiram, se tenha ofuscado para o povo o valor desta data, mas deve continuar a ser comemorado. O 1º de Dezembro, Dia da Restauração da Independência é um dia ainda na memória do povo, porque, ainda hoje nas vilas mais recondidas do Alentejo a alvorada se faz com a charanga da vila a acordar toda a gente tocando o Hino da Restauração. Aqui e aqui. Eu não o esqueço porque acordava estremunhado com o ribombar da banda ainda bem de madrugada. A República, tem erradamente deixado cair esta data por ela ser afecta aos Monárquicos, mas é um disparate que o faça por essa razão, e deve continuar a ser uma data a preservar como feriado, por celebrar o restauro da nossa Independência, coisa que me faria passar a guerrilheiro urbano se algum dia a voltássemos a perder.
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Que me desculpem os bons amigos espanhóis que tenho, este post nunca lhes foi dedicado, é antes, aos outros “espanhóis” que o povo gostaria de expulsar de Portugal.