28 abril 2008

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La Rioja: A vergonha.

A partir de hoje La Rioja fica manchada como a região demarcada do famoso vinho espanhol, onde durante alguns anos puderam trabalhar, nas famosas vinhas e olivais, em formato de escravatura milhares de portugueses, oriundos de franjas da nossa sociedade com baixa escolaridade, toxicodependência e alcoolismo, sem que ninguém se tenha aparentemente apercebido disso. Foram maus embaixadores da nossa dignidade, mas são nossos, e devemos assumir a sua defesa com a mesma veemência com que defendemos os bons. Para um cidadão espanhol que não teve de cruzar-se com o problema, admito, mas para os beneficiários a quem o trabalho interessou é que já é difícil de entender tanto desconhecimento. Depois, a questão começou por ser assinalada desde 2005 e provavelmente já existia antes, estamos em 2008! Foi preciso deixar correr tanto tempo de crime a céu aberto para intervir? Quem andou também aqui a falhar e não teve pressa? Nós, ou eles? Como é possível tanto alheamento e aproveitamento da tragédia humana? Não haverá aqui mais por explicar?

Madeira: Desenvolvimento ou PIB?

Quando olhamos o desenvolvimento de Portugal hoje, não temos bem a percepção do que éramos há 34 anos. Amigas francesas que aqui estiveram analisaram-me essa mudança de que nem sempre nos damos conta. Apontaram-me aquilo que as deixou perplexas, porque diziam-me, nunca pensaram vir encontrar um país tão modificado. Respondi-lhes que para alguma coisa deveriam ter servido os biliões que temos recebido da UE, por muito desbaratados que eles tenham sido, ainda deram para alguma coisa. Essas alterações terão sido reflectidas também nas estatísticas e corrigidas as enormes diferenças que apresentávamos face aos nossos parceiros europeus. Por exemplo, a taxa da nossa mortalidade infantil, um indicador do desenvolvimento humano, que estava em 1975 em 38,9%, era já em 2006 de 3,3% (!), sendo a melhor a da Suécia, com 3,1%. Devemos considerar isto brilhante sobre qualquer ponto de vista, porque é uma das mais baixas do Mundo. Isto demonstra que analisar o desenvolvimento de um país ou região não pode ser apenas pelo efeito visual do betão, fontanários ou rotundas. Há uma realidade subterrânea do desenvolvimento que não se capta assim.

Vem isto a propósito das loas tecidas por Cavaco e Jaime Gama, a Jardim e ao desenvolvimento da Madeira. Também ali, o efeito dos Fundos Europeus, por se tratar de uma região ultra-periférica, acabou por funcionar. Era o que nos faltava que não tivesse sido assim! Ou onde estariam então de outra forma tantos milhões? Não sei se Cavaco e Gama se sentiam ainda no país saído da revolução quando se espantaram com a evolução da Madeira. Einstein falou sobre a relatividade e mostrou-nos como devemos olhar para estas coisas, ou escolhemos observar a velocidade do comboio parados na estação e temos uma medida, ou a observamos de outro que o acompanhe em paralelo e obtemos outra. A que se referiam? Estavam na estação ou também iam de viagem? Valorizaram todos os itens do Índice do Desenvolvimento Humano? Não sei. Um não viram por certo, foi a sua mortalidade infantil que era de 7,9% em 2003, quase três vezes superior à dos Açores com 2,9%. Devem ter olhado para o PIB porque não falam de outra coisa, mas com olhos vesgos porque, como se diz aqui no Quintus: “...É que se a Madeira se destaca agora da média do PIB nacional não é porque esteja efectivamente mais rica do que a média, sobretudo porque as grandes, extensas e graves áreas de pobreza na ilha são sobejamente conhecidas, é porque o famigerado Offshore da Madeira catapulta para a estratosfera os rendimentos supostos dos ilhéus,...” e eu acrescento que com tanta condição natural não à PIB que resista à verba do turismo.

Ir à Madeira olhar para uma ilha betonada e para esta qualidade de PIB é esquecer que o Índice de Desenvolvimento de qualquer região do planeta se deve fazer por critérios internacionais iguais para todos. Aqui vão eles e são mais do que um:

Indicadores do Desenvolvimento Humano

Condições sociais
- Taxa de mortalidade infantil
- Esperança de Vida (Indicador colocado aqui a posteriori. Ver explicação aqui)
Empregabilidade
- Taxa de desemprego
- Proporção da população entre os 25 e 59 anos com ensino superior
- Patentes <> População Activa
Padrão de Vida
- PIB (mas !) em paridade de poder de compra, por habitante.
Factores Culturais
- Rácio de Emprego entre Homens e Mulheres
- Mortes Acidentes Viação
- Nascimentos cujas mães estão entre 40 e 49 anos.

26 abril 2008

Canções da Galiza

Sou seguramente descendente Celta porque é neste som que me revejo, longe de qualquer Flamenco ou Sevilhana por onde se ficaram os Iberos. E reparem, canta quase em Português. É Galego:
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Nota: Pesquisado a partir de uma referência do Alexandre de Castro.

Abril


Porque há sempre quem nos pára
Renovamos sempre a esperança



Alguns não dão sempre a cara,
“ – Outros o tempo amança!”



Mas é no sonho e na alma
Que resiste a nossa infância.

Troféu Tacci

Por ser único e não um daqueles que todos dão a todos, sem tirar mérito àqueles e aos todos.

Por ter sido justamente ganho não estando a concurso, o que o torna ainda mais único.

Pela qualidade do cartoonista que o atribuiu.

Pelo stress que envolveu a pesquisa que levou à vitória.

Pela surpresa do acerto à primeira tentativa.

Pela surpresa que foi ele próprio.

Aqui fica o registo em primeiro plano, a fim de evitar usurpações indevidas.


23 abril 2008

Arraial do 25 de Abril

PROGRAMA

No Quartel do Carmo
16.00 h - 22.00 h - Exposição cronológica sobre o 25 de Abril
------------------------ As salas da revolução

No Largo do Carmo
18.15 h - Bandas de música brasileira: “Logo aí” e “Mr. Isaac Project “
19.00 h - Coro do Ministério da Educação
19.20 h - Cantares do Sul
19.40 h - Grupo de cordas
20.00 h - Grupo folclórico da USIA
20.20 h - Dançando forró com Eddy Souza
20.40 h - Duo USIANO
20.50 h - Momento de poesia: Elsa de Noronha
21.00 h - Grupo hip hop “Wonderful Kova m”
21.20 h - RefugiActo: apontamento teatral
21.40 h - Grupo de batuque “Finca-pé”
22.00 h - Duo luso-cubano “Edu- isa”
22.40 h - Grupo de dança Alfa Arroba
23.30 h - Pedro Branco
23.50 h - Rui Sequeira
00.00 h - Pedro Branco+ Rui Sequeira
(Grândola, vila morena!) (Apagar as velas do bolo do 34.º aniversário do 25 de Abril e distribuição aos presentes)
Final da Festa = Viva o 25 de Abril, sempre!


20 abril 2008

A minha descoberta

Pode ser desfasamento, mas assumo. Por causa desta adivinha, descobri esta Rita, e tenho pena de não a ter ouvido na FNAC Chiado. É jovem, portuguesa, bonita, e tem uma linda voz. Inicia carreira a solo. Era a Rita Redshoes na Banda do David Fonseca. Ouçam aqui.

Feios, Porcos e Maus!

Quem não pode estar em desacordo com esta loucura que se passa no país, onde já se interiorizou que o tempo lava tudo porque a memória do povo é curta? Só o PSD pelo vistos e alguns oportunistas movidos por geoestratégia pessoal, exptuando dois ou três amigos. É esta falta de altivez e nobreza comportamental que me entristece. Parece faltar-nos na matriz um código de honra, ou de conduta que nos guie nas decisões que farão escola às gerações que assistem à nossa governança. Temos medo do rigor. Por medo da adversidade, escolhemos o caminho fácil como faz a avestruz. Amanhã já ninguém se lembrará do desempenho destes actores. Eles voltarão de tacha arreganhada e bateremos todos palmas, como naquela mesa onde se celebra a alegria familiar com os dotes da flatulência de cada um.

19 abril 2008

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Interpretações do Jardinismo

Já todos escreveram sobre as recentes bacoradas na Madeira, sobre Jardim e Cavaco - neste caso, duvído se Presidente da República, tal foi a ausência de reacção de Estado. Aguardei até ao último dia da visita. Já tudo foi dito. Nada foi feito. Sinto uma enorme amargura pelo conluio daquele povo e pela provocação que nos faz pela boca do chefe sabujo que bajula. Pelo conluio do PSD que vende a honra e engole alarvidades por troca de votos, ou então, porque rindo, gosta. Pelo complexo de quem o visita e se verga e agora, a última esperança, que transformou um P.R. num Cavaco partidário, mole, frouxo e conivente. Confirma-se: não precisávamos de um Presidente que se limitasse a ler o manual. Com esse perfil temos muitos capazes de decorar o livro de instruções que aquela posição só pode ser por inerência de um Homem com alma que sinta o que lê, que saiba despir-se de formatações e serafismos e lembrar-se que representa 10 milhões de portugueses e não uma clique laranja. Não perdoo a Sócrates e aos cretinos dos Silvas que saltaram em cima de palanques em ataques desbragados a Manuel Alegre. Concordo com o Vitor, aqui, aqui e aqui, nada disto seria assim e a nossa honra estaria agora lavada. Aquele homem não é democrata, serve-se da democracia. Vem do antigo regime onde foi tolerado e não foi por acaso. A análise ao independentismo que varreu os primeiros anos de 1974 daria a medida das suas aspirações entretanto refreadas e a chantagem permanente é prova disso. Agora, tem pela frente gente sem tomates.

18 abril 2008

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Patrimónios Imateriais

Se a questão da matriz linguística comum do Galaico Português existe, há que olhar para ela. Vejamos estes links:
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Por embaraçosa que seja para nós a questão, já nos basta Olivença. Se os Galegos não querem perder o seu património estão no seu direito: O Galego e a CPLP, fonte Wikipédia.

A minha infância foi passada em África em conjunto com famílias de Trás-os-Montes, e no convívio assimilei algum sotaque daquela região. Uns anos mais tarde, regresso a Portugal e numa visita a uma aldeia da Galiza revivo a minha juventude numa taberna ouvindo os proprietários falar-me num idioma que eu entendia como o português que ouvi dos meus amigos em África, tal era a semelhança entre aquele Galego e o nosso Português da raia Transmontana.

Mais tarde em Lisboa fui comprovando que nós éramos para os Galegos um pouco mais do que o vizinho Portugal. Nós éramos o país de acolhimento dos tempos duros de Franco, em Espanha. A Juventude da Galicia era a Associação onde em Lisboa fazíamos as nossas tardes de convívio e reveillons, e as Adegas Mó e Dão, na Rua dos Sapateiros, eram as Casas de Pasto onde depois de uns anos de ausência o galego Sérgio não se esqueceu do Xenhor Xoão e me cumprimentou na mesma forma efusiva e bonacheira. Tenho, talvez por isso com os Galegos uma empatia que não tenho nem sinto com os seus irmãos Castelhanos, mas sei que esse problema não passa só por mim e também já é tarde para me desfazer em esforços.

O património dos povos não é apenas o material representado pelas suas pedras ou edificações mas sobretudo o imaterial, como a sua Língua ou Dialectos. Deixá-los morrer é perder raízes históricas importantes também para a humanidade e devemos protegê-los como se protege qualquer vestígio arqueológico. Sinto por isso que os Galegos ao insistirem em não querer perder a sua raiz linguística merecem o respeito das instâncias internacionais onde todos estamos representados.

14 abril 2008

Inteligência Artificial

Gostaria que do universo dos meus poucos leitores alguém pudesse responder a esta dúvida do Vasco, colocada à família via “Geni”. Como a resposta pode ser importante para a humanidade e a demonstração que nos enviou de exemplos dessa aplicação é fascinante, para uns, e provavelmente perturbadora para outros, aqui fica a questão:

"...Estou a precisar de algumas luzes num projecto que estou a fazer para a Universidade. Alguém sabe alguma coisa de multi-agent systems?

É basicamente um software constituído por vários agentes que aprendem a retirar o melhor proveito do ambiente em que estão inseridos (software também neste caso). Por exemplo um agente que aprende a jogar Xadrez do zero ou gamão ou damas ou cartas ou futebol, etc...Já criei um agente isolado com sucesso, o que preciso é criar uma SOCIEDADE de agentes que co-operem entre si para o um mesmo objectivo comum... alguém?..."

Questionado se não era “muita ficção cientifica”, o Vasco respondeu:

"...A maior barreira para o desenvolvimento destes sistemas não está na teoria, porque a teoria já foi toda escrita matematicamente à mais de 20 anos. O problema está na restrição computacional, que, não vai demorar muito tempo a ser ultrapassada quando os microprocessadores virarem nanoprocessadores tornando-se 1000 vezes mais pequenos. A lei de More diz isso mesmo que a cada 10 anos a quantidade de transístores num mesmo espaço duplica. O mito A.I. não é mais mito. Afinal, todo o Universo é baseado na máquina de calcular onde a raiz desses cálculos são as RV: variáveis aleatórias. Eis aqui um exemplo dessa aplicação:..."
A Sílvia e eu temos uma coisa em comum Vasco, o nosso herói é Stephen Hawking!...
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09 abril 2008

A explicação da Justiça

Disse muito bem Ricardo, no exterior” e “População em geral”. É exactamente esse o meu enquadramento e colocou-me no espaço que reivindico. A minha voz é dessa forma mais uma contra a importância que a Casa da Justiça atribui ao ritual com que a pratica, e clama contra essa preocupação transformada dogma que permite que aqueles a quem começamos a reconhecer como fundamentais para nos representar no debate e renovação desse modelo, sejam afastados e corporativamente ignorados.

07 abril 2008

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Voos de luxo

"... Pronto! Finalmente descobrimos aquilo de que Portugal realmente precisa: uma nova frota de jactos executivos para transporte de governantes. Afinal, o que ..."

"... Precisamos, diz-nos o Presidente da República, de trocar de jactos porque aviões executivos "assim" como aqueles que temos já não há "nem na Europa nem em África"...."
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Vá ler o resto aqui. Escreveu Mário Crespo no JN, em Fevereiro, mas eu que já sou como o outro que não lê jornais, deixei passar esta.

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Máscaras

Há pessoas que conseguem esconder-se por detrás das máscaras que colocam e raramente deixam cair. Mas como nada é para sempre, um dia poderemos ver as suas entranhas num simples esgar.

Lembro-me de Almerindo Marques desde os tempos em que exerceu funções num governo de Mário Soares, depois no BPI e por aí fora. Uma personagem inabalável, daquelas que controem a sua imagem pela ausência de sinais. Um destes dias o Bloco de Esquerda confrontou-o com a sua passagem da RTP para as Estradas de Portugal (IEP), para sanear financeiramente aquele Instituto Público, instigando-o com o facto do seu salário ir triplicar naquelas funções. Já não me recordo bem quais foram as palavras com que se defendeu, retive apenas o esgar na sua resposta que ao fim destes anos todos o desmascararam. Vi-lhe as entranhas. Afinal o senhor não é nada o que parecia.
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05 abril 2008

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Espanhóis, outra vez.

O anúncio na rádio era agressivo pela sua insistência e a meu ver ridículo por prometer o céu. Esta semana, foram uns quantos com a língua de fora parar ao hospital com intoxicação ou reacção alérgica e com uma particularidade em comum: todos tomaram Depuralina, um suplemento alimentar para permitir vestir o mesmo número de bikini este Verão. A Direcção Geral de Saúde ordenou e muito bem a suspensão da venda, mas a empresa espanhola disse esta semana que não senhor, quem manda são eles, e se as autoridades portuguesas não vergarem prometem processo e tribunal por isso. Ou seja, estão-se borrifando para o carácter preventivo da suspensão, só temos é que deixar impingir a droga e pronto. Entretanto quem vende, reclama. Aquilo estava a ser um maná!...
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04 abril 2008

A Justiça e a Lei da Rolha

Ouvindo a TSF abordar num fórum a questão da chamada lei da rolha, imposta aos juízes pelo Conselho Superior de Magistratura, a propósito do dever de reserva, era natural que entrassem opiniões divergentes, mas não houve uma a defender a decisão do CSM. Para aqueles senhores, o silêncio e calar as vozes incómodas que vão dando mostras que a Justiça anda manietada com tanta teia de aranha e conservadorismo míope dos seus interpretes, parece ser mais importante do que a liberdade. Restringir o direito de expressão e proibir os juízes de ter opinião livre é qualquer coisa que vem do fundo das catacumbas dos maus tempos. E como diz o Bastonário Marinho e Pinto, proibir os juízes de emitir uma opinião com receio de que esteja em questão a credibilidade e a independência dos juízes, é dizer que estes não estão preparados para essa nobre função e assim sendo, a gravidade da questão é mesmo de outro nível.

Por isso, subscrevo o que entre o Bastonário dos Advogados e o Juíz Eurico Reis foi dito: “Não é o unanimismo que faz uma boa Justiça”. “A Justiça tem como destinatário final e único beneficiário dela o povo. É o povo que deve estar satisfeito com a Justiça que é praticada em Portugal. O povo tem o direito de saber o que está mal e têm o direito a perder o medo de entrar num tribunal por não acreditar na forma como ela é exercida no país.”

Se a Justiça fosse a votos, seria uma nova Revolução.
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Os Tribunais Plenários

Todas as grandes instituições tiveram o seu lado negro. A Igreja teve a Inquisição. A Justiça, os seus Tribunais Plenários.

"...Este é um dos aspectos mais esquecidos do fascismo. Tão esquecido que até os juízes transitaram, tranquilos, para a democracia. ( in I.Camões)" .in Bloquisto.
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