31 março 2005

É MUITO BOM TER AMIGOS!

Como o amigo é grande e amizade é um bem inestimável, aqui fica também em registo virtual a minha homenagem a um amigo no última dia de trabalho.

Amigo Reis.

Se algum dia alguém duvidar de ti e não acreditar na tua odisseia, mostra-lhes esta carta e diz-lhes que tiveste um mundo de amigos e que hoje ficam com um nó na garganta e muitas amigas que deixas à beira de um ataque de nervos. Em seguida, mija-lhe em cima, porque hoje finalmente te saiu a sorte grande!

Diz-lhes que não é fácil chegar lá, muito sacrifício ficou pelo caminho, a família que o diga, mas que as conquistas difíceis são as que mais nos marcam e valorizam.

Não permitas que duvidem um minuto da tua honestidade porque esse é o pecúlio maior que levaste de uma vida de trabalho.

Mostra-lhes que vale a pena fazer tudo com ética, de outra forma, não estarias a sair pela porta grande depois de colar cartazes nos elevadores, e que não é qualquer um que anda de gatas em frente da secretária do patrão!

Avisa-os no entanto que não confundam humildade com outro palavrão qualquer, porque cada um tem o direito de escolher a roupa que veste, sem que por isso deixe de ter o crédito que lhe é devido.

Ou então, que foste a prova que de espinha direita se pode servir melhor uma empresa, não levando a má consciência de um qualquer Judas.

Diz-lhes que houve um amigo que teve muita honra em ser convidado por ti, e teve mais, em ter trabalhado contigo.

31 de Março de 2005

(Para a posterioridade: GRAZA, vizinho na juventude (sem saber), colega de guerra (algum tempo), primo por afinidade (uma homenagem ao Sogro), colega de trabalho (quase uma vida) e amigo (p’ra sempre)

18 março 2005

ATENTOS, CRITICOS E DISPONÍVEIS!

Como se vê pela reacção deste inquilino, continuamos pouco convencidos que os nossos direitos fiquem salvaguardados com a primeira lesgilação que vai sair deste governo.

" Caros Vizinhos,

Relativamente ao Fórum, (da Associação de Inquilinos Lisbonenses, realizado no Sábado dia 12 de Março, no Forum Picoas) na minha modesta opinião, penso que é muito grave a ausência de um representante do PS, já que antes das eleições promoveu e participou em debates sobre estas questões. Que me desculpem os membros e simpatizantes deste Partido, mas outra coisa eu não esperava, se não, que depois das eleições, e com maioria absoluta, passaria a esquecer os problemas daqueles que o ajudaram a atingir essa mesma maioria.

Penso também que a posição da AIL não é a que melhor defende os interesses dos inquilinos, mas como não sou associado não pretendo criticá-los, embora também não me tenha agradado a tentativa de coarctar a exposição, talvez incómoda, do nosso Prezado Vizinho A. C.. Talvez nos devêssemos todos associar e tentar contribuir para uma AIL melhor!

Os intervenientes tiveram opiniões muito diversas, cada um com pontos com os quais estou de acordo outros não mas, parece-me que a Comissão terá que desenvolver um grande trabalho no sentido de gerar consensos sólidos para que se possa chegar a uma proposta que não seja negativa para nenhum dos inquilinos.

Temos também que andar depressa porque parece que uma das prioridades Nacionais deste Novo Governo e um dos factores das desgraças deste País é a Lei das Rendas.

Ouvi falar muito da necessidade da actualização das rendas ditas "antigas", e eu tenho uma dessas, mas defendo também que se essas fossem actualizadas, as modernas e especulativas também o deveriam ser, mas no sentido inverso. Não me parece que este ou qualquer outro Governo tenham pensado nisso e na minha opinião este é o verdadeiro problema do mercado de arrendamento. Não fossem as rendas especulativas que se têm praticado desde sempre, porque as rendas "antigas" também já foram especulativas, e o mercado seria diferente e o parque habitacional talvez não chegasse ao caos a que chegou.

Em resumo, o Fórum foi positivo mas temos muito ainda que fazer. O meu contributo é muito insignificante e embora não tenha grande disponibilidade para participar, sempre que puder, o farei com o maior empenho.

Peço desculpa se feri susceptibilidades. Não foi e nunca será essa a minha intenção, mas sim contribuir para a defesa dos interesses que nos unem.

Pela unidade de todos os inquilinos sem excepção (com rendas "novas" ou "antigas").

A todos os melhores cumprimentos "

Texto de J. A.

16 março 2005

CINEMA EUROPA E CIDADANIA

Já chamamos a atenção para o problema à volta da destruição de mais um cinema em Lisboa: O Cinema Europa em Campo d’Ourique.

Voltamos novamente, não só para dar conta que aquela luta tem ganho o seu espaço de visibilidade, apoio e agora audição, com o tema a ser hoje tratado na TSF, mas também, para demonstrar a validade que podem ter estes movimentos de cidadania.

Somos frontalmente contra qualquer movimentação mais ou menos corporativa que se acoberte da generosidade da aderência do cidadão, a causas que considera suas. Há por vezes linhas de fronteira que tentam ser aproveitadas, para desvirtuar um dos mais bonitos movimentos do exercicio dos direitos do cidadão.

Só com uma sociedade civil esclarecida e forte, crítica e actuante o cidadão verá defendidos os seus legitmos direitos, isto é: delegar responsabilidades, quando já percebemos que são fracos os níveis de eficácia dos poderes investidos que funcionam muitas vezes em função da denúncia de telejornal, é um risco.

Campo d’Ourique está por enquanto a ser um exemplo disso. Têm por isso todo o nosso apoio os habitantes daquele bairro, assim como, quem faz os possíveis por manter aqui, esta luta em aberto.

15 março 2005

RAZÕES PARA DUVIDAR.

São naturais as mudanças de estilo de um governo que entra. O contrário é que admirava. Nenhum se quereria assemelhar ao que acaba de sair. Conhecendo Sócrates, sabía-se que quereria marcar diferenças nítidas. Achamos normal. Contudo, há questões onde não vai poder ser tão criativo assim, dado que o que conta é sempre o benefício que se obtem, ou o mínimo de prejuizos que se colhem, com essas alterações.

Vem isto a propósito do timing escohido para a apresentação de uma nova lei do arrendamento urbano, até meados de Junho.
Não é precisa formação específica para termos a noção do estado geral do País. Sabemos que o desemprego aumenta porque as empresas fecham por falta de competitividade, ou controlam custos por essa via, e que o Estado não recebe porque essa espiral de contracção afecta as receitas no cofre que acaba também por não fazer investimento produtivo que estimule por essa via o sector privado que... Uma pescadinha de rabo na boca!

Sabendo isto, fácilmente concluimos que se as empresas do nosso País não competem cá dentro, e lá fora, não é por causa de inquilinos teimosos que estão há muito tempo em casas onde o Estado e a Lei permitiu que estivessem até agora. Sabemos, isso sim é que se o País está mal é porque a quem compete investir, não investe, e a quem compete dirigir, não dirige.

Porquê então esta prioridade à lei do arrendamento urbano? É tão fundamental para o nosso atraso crónico que mereça honras de primeira? E é aqui que nos assalta a dúvida quanto à regra das primeiras e das últimas leis de uma legislatura: daqui a quatro anos já ninguém penalizará ninguém pelos desvarios iniciais de uma lei penalizadora para os inquilinos. Esta pressa conjugada com as declarações que lemos do presidente dos Proprietários, Manuel Metello, no DN Negócios de 14 de Março: em muitos aspectos a proposta de lei do PS era mais equilibrada do que a do PSD” ou “a proposta de lei se tinha descaracterizado de tal maneira que foi ficando cada vez pior à medida que o Governo ia introduzindo alterações e onerava em demasia os proprietários”, deixa-nos com muitas interrogações.

O PS tem o caminho aberto e nós demos uma boa ajuda, merecemos por isso que não repitam a atitude autista da Lei Arnaut.

03 março 2005

PORTUGAL, HOJE...

Até á recente distinção feita pela revista Le Nouvel Observateur, confesso, desconhecia José Gil.
O seu livro Portugal, Hoje – O Medo de Existir, é uma raridade na forma e no conteúdo. Não é só um livro a não perder como é uma mensagem que merece uma ligação permanente. Este livro descasca-nos, e nomeia as nossas deficiências de uma forma que nenhum de nós ousou, provavelmente admitir. Conhecíamos, por exemplo, a nossa relação difícil com a autoridade, sabíamos que alguma coisa andaria próxima destas deficiências, mas dizê-lo sequencialmente desta forma, buscando raízes que apenas podíamos pressentir que ligavam com áreas pouco ou nada acessíveis do nosso passado, é um exercício de maestria.

Adiante com os Fóruns já propostos, mas este livro merece discussões públicas mais amplas do que estas em círculos mais ou menos fechados e porque não dizê-lo, por vezes demasiado elitistas.

Muitos já divulgaram aqui e bem, José Gil, e foi desta forma que o conheci, espero não me acusem aqui de plagio por mais este déjà-vu.

O Portugal, Hoje, merece.

02 março 2005

CORAGEM DE POLTRONA.

Acabo de ouvir numa entrevista o ex-Bastionário da Ordem dos Advogados, dizer sobre o ex-Governo de Arnaud/Santada que demonstrou “coragem”.
Que demonstrou coragem por várias medidas tomadas, entre elas a Lei da Rendas, a famosa “Lei Arnaud”.
Não é novidade este tipo de declarações vindas desta área. Neste caso, presumo que por convicção e solidariedade neo-liberal que quer queiram quer não, é uma matriz de centrifugação social. Mas noutros, em que o afã era tão grande, permitam-nos a dúvida: haveriam interesses de outra ordem.
Fazer uma coisa boa, ser altruísta, dá concerteza alguma paz de espírito. Mas ao contrário, havia na confecção e apresentação desta lei demasiado nervoso no ar. Notava-se nas poucas intervenções públicas que aconteceram. Não se apercebeu disto quem esteve por fora neste processo, porque como já dissemos noutro local há apatias na nossa sociedade que confrontadas com a reacção a interesses que não são os seus, acabam por sobressair como egoísmos naturais.
Agora, o que me tem espantado é o argumento dos correligionários e dos fazedores oficiais de opinião, por que os há e bem pagos, quais Goebbels da comunicação social que insistem na tecla da “coragem”, quando falam nesta iniciativa. Coragem é a melhor palavra que encontram para branquear a forma como tudo foi feito, é que para o Povo esta palavra tem raízes, daí a aptência para o seu uso e abuso e abastardamento. Sempre que se atribui a um acto o grau de corajoso, eliminam-se logo de uma vez uma série de graduações na sua classificação. É assim como a tradicional negociação nos nossos vizinhos do Magreb: há que começar por cima para dar direito ao chá.
Coragem?!...
Coragem é bravura! Coragem é valentia! Coragem é desassombro!
Coragem é esquecer o medo, não se lembrar de si. Coragem, é Che Guevara e Madre Tereza, Mandela ou Xanana. Coragem é um Forcado de peito aberto. É o lado bom da Força!
Coragem é precisamente o contrário disso: praticar Coragem em poltona de gabinete!
Coragem é o contrário disso!...