26 março 2009

Invejosos Sociais

Como se diz aqui, Invejosos Sociais, é o que somos! É a nova moda. Mas não é apenas Sócrates a classificar-nos desta forma, anda até mais gente a não gostar que nos indignemos com o escândalo dos vencimentos anuais dos nossos gestores! Começam a perder a vergonha por esse discurso. Também João Marcelino por exemplo, diz no DN: “Este clima de puritanismo é nefasto. É mais uma razão para desgostar os bons quadros e promover a inveja mesquinha” Assim mesmo, tal qual!... É claro que enroupa a crónica com outra conversa mais soft, mas: ”puritanismo nefasto”, “desgostar os bons quadros” e “inveja mesquinha”?. Com gente desta cá, e AIG’s nos States, começo a duvidar que esta civilização dê volta a esta crise gerada no egoísmo dos sistemas neoliberais que nos impuseram e em cuja solução recusam agora colaborar, dizendo que somos nada mais nada menos do que: invejosos. São estes peitos inchados de vento, sumidades que acham que diferenças de vencimentos de 450 para 40.000 euros/mês estão correctas e se justificam neste mundo em estertor.

Não há sistema democrático que consiga repor alguma decência nisto, e é isso que é preocupante. A única via possível quando as massas se fartarem teria que fazer tábua rasa do Direito. O problema, é que as massas podem mesmo não se importar de prescindir por algum tempo de um Estado de Direito, ou mais grave: nem tenham tão pouco possibilidade de se importar com isso. Quanto a mim, apenas e só, porque também elas pagariam a factura. Perante tanto egoísmo, já estou assim.

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24 março 2009

Quem lhes corta o pio?

O exemplo do Portugal triste que não quero está aí pasmado nas reacções mais absurdas a uma falta mal assinalada, apesar de corriqueira nos fins de semana da bola. Por causa disto, já houve trolha, pela primeira vez deitada fora uma medalha numa prova oficial, e pela primeira vez reclamada a sua não aceitação, há demissões na direcção da Liga, há treinadores que choram, há dirigentes em desespero por não conseguirem ganhar o troféu de que foram os maiores impulsionadores, há um senhor Dias Ferreira na TV a reclamar que o clube não castigue o jogador que agrediu o árbitro, este senhor é para além de comentador residente, advogado (?!), ex-dirigente do Sporting, irmão de sangue da família laranja, mas para mim sobretudo, incendiário desportivo com declarações destas e outras que lhe costumamos ouvir. De repente, lembro-me que o Sporting tem como ídolo o único jogador português que agrediu violentamente um treinador nacional, e foi recebido no estádio em delírio. Não deve ser por acaso. Há ainda, en passant, um árbitro ameaçado de morte e há um clube pateticamente em histeria: o Sporting. Que exemplo ou sinal acha um clube destes estar a dar da nossa imagem, sobretudo aos jovens que gostam de futebol? Toda a gente viu o que aconteceu, só o Sporting não. Coisas recentes aconteceram ao Benfica, ao Braga, ao Rio Ave e a outros. O árbitro errou e veio depois de visionar o lance reconhecer isso mesmo. Eu próprio, só depois de rever a imagem confirmei que apesar da inflexão do braço, que engana os árbitros, a bola só é jogada afinal com o peito. Erradamente induzido pelo alarido apitou, e a confirmação só veio afinal do outro árbitro que também foi enganado pela dinâmica do lance. O Sporting parece agora, perante o exagero das suas reacções descabeladas, assentar as suas lamurias no facto de não ouvir uma palavra de dirigentes, particularmente do Benfica. Coisa estranha esta, o poder de acalmia reclamado!
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Entretanto as Juves, os Boys e os Ultras vão-se alimentando do veneno destilado pela irresponsabilidade destes senhores que ganham balúrdios com o futebol que supostamente deveriam defender. Quem lhes corta o pio?
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22 março 2009

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Almada no Restelo

Sendo Almada Negreiros para este blog, uma referência como português, artista plástico, escritor e vanguardista sempre, em qualquer tempo, tudo quanto a ele diga respeito merece o devido destaque.

Na recente polémica com a Casa de Alcolena ao Restelo, onde um valioso património estava em vias de ler levantado e que foi tão bem denunciado pelo Cidadãos por Lisboa, faltava-me o essencial, saber do que falávamos e a isso não havia maneira de ter acesso.

Uma intervenção na página dos CPL, esclareceu-me a dúvida e é justo dizer aqui que afinal estava tudo muito bem documentado com fotografias de Paulo Cintra, na proposta apresentada pelos CPL para salvar aquele valioso espaço. Aqui fica o acesso neste link, para os Cidadãos por Lisboa. Veja o rico património que estava em causa.
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18 março 2009

Carta a um amigo

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...nessa altura, não havia carta que não fizesse sem a abertura da garrafa que continha os restos poupadíssimos de um velho Calvados que daí trouxe. Os restos foram-se, o perfume esfumou-se, mas uma das últimas garrafas vazia ficou, como vês, e preserva ainda a memória de uma das coisas mais bonitas que temos, a amizade. Conclusão: há coisas que resistem à falta de rega!

Preciso dizer-te o que falta mais?
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Foi a partida

"... no principio era o verbo". Era o começo! Mas se a eficácia prometida se perdeu, não foi por culpa do Arroios mas pelo movimento que dependia dos outros, esses, ficaram sentados e nós partimos sozinhos. Olhamos em frente e empenhamo-nos em Ítaca. De vez em quando, vão passando caminheiros mais lestos que nos renovam a esperança e validam a viagem. Obrigado a eles.
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14 março 2009

Sobreiros, outra vez?!

(Reeditado)
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Depois daquele, foram mais este e este atentados em Setúbal e agora, mais este com umas centenas deles em Almeirim, ocorrências com poucos dias de intervalo, tão próximas que até parece que umas estão a encorajar as outras. Já não sei o que pense deste país em que as leis se suspendem para voltarem a valer depois ao sabor dos interesses ocasionais e locais, nem sei o que pense acerca desta fúria assassina com os sobreiros. Só encontro uma explicação: Ninguém pagou ainda com o pelo na prisão aqueles atentados, e quando há penalizações elas cobrem as mais valias geradas. Só pode ser isto. De outra forma ninguém arriscaria ficar uns tempos à sombra misturado com meliantes sujeito a vir de lá a pegar de empurrão. Só quando isso acontecer os sobreiros deixarão de cair. Mas confesso, gostava de ver alguns a sair de lá de rabo assado.
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Reeditei o post, porque mal sabia que enquanto incluía o link do assunto de abertura deste texto, ele voltaria a estar na ordem do dia. Vejo agora num telejornal e confirmo aqui no JN que há ainda quem tenha o mesmo entendimento e sinta a mesma revolta pela forma como tudo isto se faz em Porugal. Mas está dificil, como pode ler!
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12 março 2009

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Setúbal vs. Sobreiros

Quando os autarcas de Setúbal não encontram outra forma de gerir um município, ou atrair investimentos para a região que não seja à custa da desmatação do concelho, arrancando sistematicamente sobreiros, uma árvore protegida, como já o deixaram fazer aqui, por razões comerciais, está chegada a altura de dar lugar a outros que o consigam fazer sem ter que vender os dedos juntamente com os anéis. Agora, foi autorizado o abate de mais de uma centena de árvores para instalação do centro de aprovisionamento de uma empresa comercial!... Repito, comercial, sim, porque comércio até parece ser aquilo que mais falta faz neste país. Já fui a favor da regionalização, mas cada vez me convenço mais que autarcas destes sem freio, hipotecariam o resto do país.
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10 março 2009

Arruaceirismo na A.R.


Vem este comentário que deixei no Pátio das Conversas a propósito daquele ditado popular, que é nem mais nem menos do que o convite à zaragata. Se eu não reagir como um árabe ou como um cigano a um qualquer desaforo, quer pelo meu estado de espírito, pela minhas diferenças culturais, sociais, religiosas etc., em relação ao provocador, a minha família já não é boa porque eu decidi não reagir? Eu posso reagir a um desaforo pelo direito que tenho de me indignar, nunca porque a minha família é boa ou má. Um exemplo típico é aquele em que num ambiente de trabalho ficam todos suspeitos pelo desaparecimento de uma carteira e os mais assanhados decidem lavar a honra quando a vítima insinua que a suspeita recai no colectivo. Nessa altura, estes samurais são os primeiros de que suspeito!

Tenham juízo, não metam as nossas boas famílias nos nossos desentendimentos, e já nem no Japão há samurais a fazer espichar sangue, o mundo e a nossa civilização evoluíram nesta matéria. Ainda faltam os árabes e os ciganos, mas haverão de lá chegar.
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06 março 2009

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Afinal a história repete-se!

"In "Chinatown, Africa", Vanguard correspondent Mariana van Zeller travels to Angola to investigate China's rapidly growing presence in Africa. While many welcome China's investment, others see reason for concern. Chinatown, Africa is revealing look at a growing superpower's adventures abroad"

Uma amiga fez chegar-me um email/catástrofe cujo conteudo se pode adivinhar neste primeiro parágrafo: “A crise econômica atual e uma futura guerra civil nos Estados Unidos vão impulsionar a divisão da maior potência do planeta em repúblicas que ficarão sob influência de diversos países. A opinião é do analista russo Igor Panarin, um ex-agente da KGB que atualmente lidera a formação de diplomatas no Ministério das Relações Exteriores, em Moscou. Apesar de improvável, sua tese vem ganhando espaço na mídia russa nas últimas semanas....”

Da forma como tudo é previsto, diria que o ex-agente tem mais perfil de vidente do que analista, mas como tinha visto um dia antes a excelente reportagem de Mariana van Zeller, do link de introdução, fez-me pensar na reconfiguração geo-estratégia mundial em curso, com novas potencias a emergirem, como a China, e resolvi responder-lhe desta forma, complementada com aquele vídeo.

“Não custa nada revermos a história que estudamos porque aí vamos encontrar as respostas. Se atentarmos na ascensão e queda dos maiores e mais bem organizados impérios que a humanidade já viu, facilmente chegamos à conclusão que qualquer império tem um tempo de vida útil. Não é assim difícil de antever que o império americano não vai durar para sempre, porque a dinâmica do seu desenvolvimento pode ter transportado também o germen da sua implosão. Sempre foi assim: nascimento, apogeu e queda, como a vida dos seres à face da Terra. Não tenho dúvidas que um dia isso acontecerá, não sei é quando, e a fragmentação motivada por egoísmos internos pode ser uma das formas. Não esqueça, e já escrevemos sobre isso, é o egoísmo humano o nosso calcanhar de Aquíles. A emergência de outras potências ainda com muito por explorar, a China por exemplo, que consegue por nos confins de Àfrica trabalhadores seus a "ajudar" países africanos por troca de minérios, trabalhando em condições quase infra-humanas, ajuda nesse dequilibrio de poderes. No fundo é a reedição do que os americanos fizeram pelo mundo, noutros moldes, indicando que afinal a história se repete, porque os homens fazem sempre as mesmas asneiras.“
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03 março 2009

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Agora, é proteccionismo.

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Tenho mantido no blog um link residente e fiz aqui e aqui apelos para o Movimento 560, por entender que os portugueses têm abusado de adquirir produto estrangeiro, baseados numa realidade que foi verdade há muito, mas que não faz sentido hoje, porque o que fazemos internamente em nada fica a dever ao que vem de fora e são muitos os exemplos da superação, conforme disse no post Made in Portugal. Mas são agora vários os amigos que me enviam emails com um pps: “Compre produto nacional – compre código de barras 560”. Ora, é precisamente neste momento que deveremos moderar esta atitude por confirmar-se como uma medida proteccionista que em nada ajudará: se não comprarmos estrangeiro, e o estrangeiro não comprar ao estrangeiro, ficaremos certamente todos a jogar ao pau com os ursos. Retiro assim provisoriamente aquele link, voltando depois da crise, para vos lembrar que a mão de obra nacional deve ser apoiada.
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