31 julho 2013

Bradley Manning: Vilão ou Herói?



A quantos não está a passar despercebida ou atribuem a devida importância, a condenação do soldado americano Bradley Manning, que esteve na origem da revelação de documentos secretos dos EUA pela Wikileaks?

Este jovem soldado, foi condenado para o resto da vida, tendo caído a possibilidade de condenação à morte, pelo facto de – a meu ver - ter prestado um grande serviço à humanidade, ao revelar segredos sobre as guerras do seu país. Em vez de culpado, deve ser por nós considerado herói pelos serviços que prestou, porque como diz uma petição de eurodeputados ao governo Obama: (…) “mais do que causar danos, a entrega de documentos por Bradley Manning ao WikiLeaks sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão fez uma muito necessária luz sobre essas ocupações, revelando,entre outros abusos, uma rotina de assassínio de civis, o que, prosseguem, contrasta enormemente com os relatórios de progresso fornecidos ao público por líderes militares e políticos”.

Pelas revelações da Wikileaks e do conhecimento dos documentos sobre as atividades da CIA, que o tempo já permitiu desclassificar e tornar públicos, e entretanto editados em livro, como este que aqui e aqui me refiro, o povo americano está a perder uma oportunidade de mostrar uma grandeza que afinal não tem, e vive, como outros, sempre de má memória, em circunstâncias idênticas de controlo de massas, num autismo nacionalista perigoso, porque são eles que permitem que tudo se passe na maior conivência. Uma coisa os EUA fazem com grande eficiência: é a forma como dominam a sua opinião pública, através da auto censura inculcada em cada um no que respeita ao seu país, mas sendo uma atenuante, não pode ilibar aquele povo do sono infantil em que vive.

Do resto do mundo que se saiba, salva-se o grupo de eurodeputados que fez o apelo a Obama que acima referi, por mim, não posso deixar de lhe prestar a minha homenagem, juntando o meu protesto e quem sabe, fazendo com que uma corrente maior possa devolver a liberdade a um ser humano cujo crime foi lutar pela liberdade de outros.

30 julho 2013

Um beijo que vem do cavaquismo

Leiam o resto no link que vale a pena.

Hoje, no começo da sessão de apresentação da moção de confiança no Parlamento, o cumprimento uniforme dos membros do governo que ainda não se tinha cumprimentado, foi mais uma vez aquele resquício que ainda resiste dos tempos do cavaquismo, o de um único beijo como cumprimento.

Confesso que nunca o aceitei, não só por ele representar uma rotura nos hábitos, como por aparecer como uma pretensa marca distintiva na minha interlocutora, e ser até ostensiva na medida em que quem a transporta sabe por que razão o faz. Não sou afinal tão radical por dizê-lo desta forma, e com isso atingir alguém, porque encontrei uma opinião idêntica à minha, quando fazia pesquisa nesse sentido: a de José António Saraiva, de cujos hábitos e pensamentos me considero bem longe.

11 julho 2013

Por momentos vi o povo nas galerias...



Ia escrever, que por alguns momentos, não sabia quem esteve por detrás desta ação nas galerias do Parlamento, e que seria uma daquelas a que teria dado maior valor porque, sem cartazes de propaganda, teríamos cabido todos dentro dela, e que uma ação assim nestes moldes, seria a repetir, porque aquilo que fazemos deve ser feito em nome do povo e cada vez menos em nome das bandeiras que nos levam à ação.

Disse que ia escrever isto mas não escrevo, porque volto o filme da reportagem atrás e verifico lá, por uma tarja, que foi uma ação feita pela Frente Comum de sindicatos. Reparem como a verificação tardia da colocação de uma tarja de uma instituição nos protestos, modificou a forma como eu julgava que tudo se tinha passado. É que a diferença entre uma imagem e outra, embora não pareça tem uma diferença abismal, uma, tem o encanto da utopia de ver um povo fazer coisas sem bandeiras, outra, quer queiramos quer não, a de um déjà vu. Necessário, justo, mas já visto.

08 julho 2013

“Definitivamente, a fé move montanhas.”. De quê?



Já muitos escreveram sobre a cena de ontem nos Jerónimos, de termos uma Igreja a aplaudir de pé os atores das mais ridículas cenas políticas que algum governo já nos deu em Portugal. Cavaco e Maria, Passos, Portas e Ca., tiveram um banho de aplausos, um apoio inusitado para alguns, mas não para eles que já o esperavam por conhecerem a estrutura política dos crentes em Portugal. Podem apoiar a sua política na fé, sempre benévola para os amos mas exigente nas orações de expiação aos pobres, que não será isso que os salvará do ridículo, como ridícula foi aquela suada plateia ontem.

Daniel Oliveira diz no Facebook que “Definitivamente, a fé move montanhas.” Sim, mas conheço outro tipo de montanhas, e se foram as que me ocorrem não passam de montanhas de asteriscos.

Substituam os asteriscos pelo que entenderem.

07 julho 2013

A propósito da Alemanha: Pessoa e Unamuno.


“Pessoa terá desconfiado, como Miguel de Unamuno, e como outros críticos, do intuito e do alcance da proposta de Lorenzo em prol de uma “armonia ibérica”. Num artigo publicado a 7 de Junho de 1917, em España. Semanário de la vida nacional, Unamuno defende que a proposta de harmonia luso-espanhola se baseia numa grande admiração pela Alemanha, ou melhor, pelo seu tipo de imperialismo, e que essa proposta facilitaria que Portugal fosse, mais tarde, anexado a Espanha, apesar da aparente neutralidade espanhola perante a guerra. Unamuno defende, pois, a independência política da República portuguesa, como também o fará Pessoa, e propõe uma “unión moral” que nasça da “soberania popular”, convertendo, assim, as pequenas nações em símbolos de resistência ao imperialismo de conquista de índole alemã. Pessoa, como Unamuno, realça também o papel que as pequenas nações podem cumprir no âmbito dos mais desmedidos sonhos e expansão imperialista (texto nº 9 [97-1])”. in Fernando Pessoa. Ibéria – Introdução a um Imperialismo Futuro, Edição de Jerónimo Pizarro e Pablo J.P. López, da Ática. (Pág. 14),