26 junho 2007

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Melhorar o Arraial

A má experiência do ano passado numa das noites de Santos Populares num local onde não devia ter comido sardinhas nem bebido sangria, levou-me a partir dali a achar que seria possível fazer com que esta forma tradicional de fazer arraiais pudesse ser melhorada sem lhes tirar o cariz popular que os caracterizam.

A minha proposta, deixando que tudo ocorra no seio da iniciativa popular, apela no entanto para uma “entidade” que publicamente evidenciasse as boas práticas da oferta, sem imposições e sem perda da genuinidade dos festejos de cada bairro, de cada rua ou de cada pátio. Os bons exemplos distinguidos passariam a ser emitados pelo resto da comunidade. Essa distinção, tendo já o prémio de ser pública, não precisaria de outros prémios para não distorcer o carácter popular da mesma, funcionando mais como um motivo de orgulho para a zona ou para o promotor, não invalidando que não fosse criada uma atestação (uma espécie de bandeira azul) passada pela entidade que acompanhou e aconselhou nos festejos.

A ideia é que com pequenas intervenções e aconselhamentos se consiga com relativa facilidade corrigir hábitos enraizados que não faz sentido esperar que seja o tempo a mudá-los. São os alguidares de àguas turvas, o peixe maltratado antes de assado e o trapo sujo que vira pano. Mas também, a comunidade que não é chamada a ter outros cuidados no tratamento da sua zona, da sua banca, da sua porta, janela, estendal etc.. Os nossos bairros populares têm aquela condição especial para a festa da proximidade entre os cidadãos. Torná-la mais urbana, através de cuidados de que hoje se nota a falta, não a mataria, pelo contrário talvez a recolocasse de outra forma no roteiro turítico interno e externo. Melhorar é possível, mas parece haver quem não saiba como.

24 junho 2007

O Pátio D. Fradique




A página dos “Cidadãos por Lisboa” tem vindo a recolher testemunhos escritos ou fotográficos de assuntos de interesse relevante para a cidade na óptica de quem os coloca. Numa dessas rúbricas, “ Lisboa – “ foram colocadas duas fotos do Pátio D. Fradique que é a zona de acesso pelo lado Nascente do Castelo de S. Jorge.

Como aquelas fotos me surpreenderam e desconhecia totalmente a entrada da zona Oriental, fui investigar. Vou exagerar a reportagem porque acho que a situação justifica. Pasmei de surpresa! Como é possível que Autarcas e Governos sucessivos tenham permitido a manutenção daquela degradação e que aquela seja uma entrada para um dos mais importantes monumentos de Lisboa e um dos mais visitados em Portugal. Enquanto lá estive não havia um visitante que não levasse uma foto de recordação. Um verdadeiro escândalo a precisar que os Lisboetas peçam responsabilidades imediatas. Aqui fica também a denúncia da vergonha para aqueles que não se calam com o prestígio internacional de Portugal nesta altura de Presidências Europeias.







































Averiguação posterior:

Houve uma tentativa em 2003 de tratar a questão do pátio, mas como vemos foi rejeitada. Uma maioria PPD + CDS na CML votou contra!...
Reunião de Câmara de 19 de Fevereiro de 2003







22 junho 2007

O Maestro

Bem sei que isto assim deixa de ser generalista por se repetir nas mesmas propostas, mas há momentos em que me importa mais denunciar ou apoiar publicamente as causas a que dou relevância, do que o enquadramento ou a diversidade do que devo trazer aqui, frete que nunca me farei.

Por isso aqui vai um testemunho tão comunicacional como só este Maestro consegue ter. Ele tem de facto o dom da comunicação.
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17 junho 2007

APL. Privados do Tejo




Para manterem a sua importância as cidades têm que vencer barreiras que não existiam quando a sua localização as tornou estratégicas. Ao longo do tempo modificam-se algumas condições, natural ou artificialmente, que lhes fazem perder o valor que as levou à prosperidade. É exemplo desta modificação natural a cidade de Santarém e a perda da navegabilidadade do rio, tão usada por várias civilizações. Mas também nos tempos modernos se têm criado obstáculos à evolução da forma como tinham sido criadas. E é exemplo desta modificação artificial a cidade de Lisboa e a ocupação da sua zona oriental pelo desenvolvimento industrial e a respectiva necessidade de transportes ferroviários que levou à criação da linha férrea de Sta. Apolónia a Vila Franca. Se juntarmos depois o aparecimento da linha do Cais do Sodré a Cascais, verificamos que foi criado pelas duas linhas um arco de estrangulamento à plena fruição das suas margens que levou quase ao abandono da sua zona ribeirinha.

Resta agora uma zona compreendida entre Sta. Apolónia e o Cais do Sodré, como a única livre de linha férrea e portanto a única disponivel para uma utilização mais dinâmica da zona do rio. Ou melhor, restava, porque é exactamente para aqui que se pretende transferir o cais dos grandes cruzeiros que inclui o levantamento de uma barreira de construções de apoio ao novo porto que envolve o condicionamento quase total daquela zona.

Lisboa continua navegável e não deixou de ter amarração, basta subir ou descer para se encontrar zona do rio já interdita pela linha e aí refazer o porto. Mas nós somos assim, permanentemente embevecidos pela cultura do pato bravo: quanto mais raro mais valioso, melhor para construir e cimentar. Ninguém nos perguntou se queriamos definitivamente aquela zona transfornada num espécie de condomínio fechado. O processo já está em andamento e parece que ninguém deu por isso, mas também é verdade que poucos dos que souberam, reagiram e são sempre os mesmos a fazê-lo:

“De Miguel Sousa Tavares, no Expresso:
Pois então, lá vamos outra vez. A distinta Administração do Porto de Lisboa (APL) está lançada em mais uma tentativa de nos roubar parte do Tejo. Agora é o projecto do novo terminal de passageiros de paquetes em Santa Apolónia. Um muro de construções de oito metros de altura por seiscentos de comprido (!), que inclui centros comerciais e hotel. Também na zona do Cais do Sodré está a nascer, a uma velocidade incrível, uma construção maciça, em cima do rio, e que vai quase até ao Terreiro do Paço, eliminando uma zona de jardim, de passeio e de vista. Suponho que seja também obra do porto de Lisboa, uma vez que nenhuma placa no local indica do que se trata e eu já sei que, à beira-rio, do Parque das Nações a Algés, mandam esses senhores e ninguém tem mão neles.
Este porto de Lisboa é verdadeiramente um «case study» de pirataria impune. Têm ao seu dispor a melhor de todas as zonas da cidade de Lisboa: 13 quilómetros de frente de rio — um luxo em qualquer cidade do mundo. São terrenos do domínio público marítimo, isto é, terrenos públicos,” ...

Leia o resto aqui no Instante Fatal.

16 junho 2007

Televisão sem rigor

A propósito das Televisões que temos e do tendencioso jornalismo que praticam, os diagnósticos estão feitos. Somos ainda uma democracia insipiente porque é exercida por um povo que foi privado dela durante longos anos e os mais novos educados enquanto dávamos os primeiros passos nessa aprendizagem, sofrendo estes de uma espécie de efeito hereditário. Se relacionarmos dez princípios básicos que deveriam enformar os nossos comportamentos, teríamos inicialmente estes quatro: a Ética, a Integridade, a Responsabilidade, o Respeito à Lei.

Atendendo ao comportamento da Televisão e sendo os jornalistas que a dirigem, que a fazem, nenhum destes profissionais tem estes quatro principios iniciais como base. O que temos visto de discriminação na cobertura das candidaturas à Câmara de Lisboa em desfavor de alguns candidatos é o exemplo flagrante da falta de pudor instalada. Não venham porém com o discurso habitual como se fossem intocáveis quando são acusados, nem agitem a costumeira defesa corporativa, porque não estão acima de classe profissional nenhuma em Portugal. Bem sei que têm também um patrão que lhes nutre o sustento, mas então, não respondam com a falsa indignação quando lhes apontamos as vergonhas por estas formas de fazer jornalismo.Há muitas questões em Portugal com falta de Provedores com poder, esta, é uma delas e para mim, de Justiça. Exemplos:

Helena Roseta denunciou hoje na SIC Notícias a profunda discriminação no tratamento noticioso das actividades da campanha. Entre 4 e 11 de Junho, esta candidatura teve 15 minutos, quando as restantes tiveram cerca de 40, à excepção de Sá Fernandes ( 1 hora ) e Carmona ( 1 hora e 45m ).

No caso concreto da TVI, desde o dia 4 de Junho e até ao dia 13, todos os noticiários omitiram as acções desta candidatura. No entanto, a opção editorial levou a que os candidatos António Costa e Sá Fernandes aparecessem em notícias com uma duração acumulada de oito minutos e dois segundos. Registamos ainda que foi anulado, por indicação da direcção da TVI, um convite já por nós aceite para participar num programa dessa estação.

Leia o resto em Cidadãos por Lisboa.


09 junho 2007

Movimento Zona Ribeirinha

A zona ribeirinha é intocável! A Câmara só cedeu as margens do rio junto à cidade para o desenvolvimento da actividade portuária, ponto final. Se houverem alterações radicais que motivem reduções excepcionais desses espaços, estes só têm que ser devolvidos a Lisboa e a nenhuma outra entidade pública ou privada. É necessário levantar a voz, sair do casulo e acompanhar pessoas como Helena Roseta que estão a levantar o seu protesto e a propor soluções que beneficiem “todos” os lisboetas e não só alguns.

Na sua campanha Helena Roseta está a defender as seguintes propostas:
um plano de bacia, com uma gestão integrada, para o estuário do Tejo, que deverá ser proposto ao Governo; o lançamento de um concurso internacional de ideias para novas soluções urbanas que permitam ligar, com percursos públicos, pontos da parte antiga da cidade com o rio, vencendo a barreira do comboio e da rede viária; e uma nova entidade gestora, com a presença da APL e da Câmara Municipal, para gerir o território ribeirinho, que deve manter-se como domínio público mas conseguir conciliar a vocação portuária de Lisboa com as possibilidades de lazer que devem ser estar associadas à zona ribeirinha.

A APL – Associação do Porto de Lisboa, é uma entidade de direito privado para a qual os cidadãos não votam, logo, não tem o direito de mexer em nada que altere radicalmente a visibilidade que Lisboa quer ter do seu rio, ainda que a coberto ou embrulhado num projecto nacional. É preciso acordar antes que o mal esteja feito. Alguém tem de pegar nesta bandeira de forma a poder juntar os cidadãos que queiram lutar por isto. A APL tentou no tempo de Cavaco Silva com o POZOR, mas encontrou um Miguel Sousa Tavares decidido a impedir a asneira. A APL está novamente a tentar e aprendeu com o erro anterior que as coisas têm que ser feitas com outro cuidado e vai concerteza apanhar Lisboa distraida. É a Lisboa que compete urbanizar a cidade.

05 junho 2007