27 dezembro 2006

Que Educação? Qual opção?

É tarde mas ainda a tempo. A Revista sobre política educatica “Pontos nos ii", merece-me esta referência ao não lhe ter sido permitida a 12ª edição, a de Dezembro.

Já aqui disse que as questões relacionadas com a Educação e Ensino neste país, são de tal forma determinantes para a viabilidade do contexto de nação que pretendemos alcançar, que nesta fase de muita incerteza face aos resultados que rapidamente precisamos alcançar, todos devem estar atentos para exigir que não se abrande o ritmo de alteração qualitativa dos resultados.

O aparecimento de uma revista nesta área, ocupando um espaço próprio, tinha todo o sentido e começaria a dar resultados no tempo próprio para estas matérias. A evolução e a experiência fariam com que outras dinâmicas de crescimento provavelmente se juntassem ao seu espaço inicial.

Exigem-se nestes projectos gente independente, de pensamento autónomo mas também entidades proprietárias sem vícios na matéria, caso contrário ninguém consegue mexer ou contribuir com nada. Infelizmente parece que foi isto que aconteceu. Quem leu os onze números daquela revista viu como ali se debateu o Ensino, sem constrangimentos e sem medo, coisa que vai sendo rara. Debater também é contestar, mas houve alguém que achou que numa sociedade séria ninguém contesta e vai daí:

“...Saiu Novembro e Dezembro ficou pronto. Mas...Na passada sexta-feira, 24, o ozalid da edição que devia estar amanhã nas bancas veio para revisão final. Na segunda, 27, quando as jornalistas foram introduzir as emendas, todos os registos informáticos haviam sido limpos. Durante o fim-de-semana, a administração apossou-se indevidamente da edição de Dezembro da Pontos nos ii e impediu a sua publicação. Dessa edição constava uma entrevista de fundo a Jerónimo de Sousa, um editorial muito crítico sobre Sócrates e uma Mensagem aos Leitores e aos Colaboradores, que narrava com mais detalhe o que acima fica escrito.O anterior são os factos. O que se segue é a minha opinião....”

Parte corpo central do comunicado do Prof. Santana Castilho, Director da revista, no Jornal Público de 4 de Dezembro.

A Texto Editora, estranhanente sucumbiu e afinou por outros valores, mas assim nunca mais lá chegamos. Porque não são meia dúzia de iluminados fechados num Ministério, ainda que bem intencionados que detêm a chave do problema, é da confrontação do conhecimento das teorias que nasce a opção, caso contrário, nem há opção.

23 dezembro 2006

Um Natal seco e farto.

Era um Natal húmido de temperatura suave com uma névoa engrossada quase chuva. Já tudo recolhera e os retardatários para a ceia tinham chegado. Procurava em vão onde pudesse comprar tabaco. No início da calçada estava um cachorrito preto, de pelo liso meio molhado que me interpelou sobre qualquer coisa, com a inclinação da cabeça o espevitar das orelhas e um abanar do rabo. Dei-lhe apoio moral com um toque na cabeça que agradeceu, trocamos um olhar e lá ficou à espera de alguém que lhe respondesse. O nevoeiro, era agora chuva muito fina. A última tentativa para o tabaco era nos cafés do jardim público. A rua era comprida e pouco iluminada por candeeiros antigos iguais aos que se furtavam ao Villaret, no filme . Das janelas vinha claridade que ajudava a marcar espaços iluminados na rua e as pedras borrifadas reflectiam os escassos pontos de luz. Já caminhava há algum tempo quando atravessei a rua e olhei para trás reparei na silhueta do cachorrito refletida nas pedras de basalto preto gastas pelo tempo, já quase seixos redondos. Aquele pobre tinha-me seguido durante todo aquele tempo. Aproximei-me dele. Das casas vinha o som abafado do “Twelve days of Christmas” de Harry Belafonte. Desta vez não me interpelou, baixou a cabeça, julgo que num sinal de submissão. O pelo lustroso e limpo estava a ceder e começava a ficar encharcado. Voltei a fazer-lhe uma festa, agora com a palma da mão e disse-lhe mentalmente que não o podia levar. Parece ter confirmado aquilo que já sabia e lá ficou parado.

No regresso, sem tabaco e já molhado ía decidido a dar-lhe uma consoada seca e farta, mas a última conversa foi para ele decisiva. Deve ter continuado a sua busca de um coração mais mole naquele dia.


Não fosse a solidez das minhas convicções e perguntaria: Quem seria aquele cão que me pôs à prova e ainda hoje passados tantos anos me aparece sempre nas minhas memórias de Natal? Se ele voltar algum dia, terá com certeza um Natal seco e farto.

22 dezembro 2006

Agora, obstruimos.

Primeiro, um juíz espanhol faz cair sobre a Banca portuguesa o anátema de: bla bla bla bla bla bla... ( Parece que apenas 5% dos montantes “passados” reportam a um Banco português, mas só se baixou o tom do escarcéu e falou baixinho depois de isto ser uma evidência pública e assim foram poupados inicialmente os Bancos espanhóis, por onde passaram os outros 95%...).

Depois, um deputado espanhol ataca os Transportes portugueses de: bla bla bla bla bla...
Agora, vem num jornal: "...O grupo espanhol Ferrovial denunciou o Estado português junto das instituições da União Europeia por alegada obstrução da concorrência no sector da construção e obras públicas, refere a imprensa espanhola".

- Mas a Somague era a maior empresa de construção nacional. Agora é espanhola.
- Mas cada vez mais vemos placas de empresas espanholas na construção das obras nacionais.
- E os Bancos espanhóis (Totta) remodelam só com nomes de empresas de construção espanholas.
- E o Corte Inglês não deve ter levado um prego nacional.
- E a Praça, até é praça de Espanha!
- E São Sebastião não é português, já é todo de Espanha!
- Os carros vão ser construidos em Espanha!
- E a porra da cebola tresanda a cebola de Espanha! Ainda por cima invadiram o Metro e dizem-nos para sorrir que estamos em Espanha!...
- Apesar da evidência conhecida, de todos saberem que na Europa o país com maior blindagem à concorrência exterior tem sido a Espanha, ainda querem mais de nós?

Mas o que querem não damos. Nem que se fodam...

19 dezembro 2006

Está em onde?



No Metropolitano de Lisboa:

- SORRIA! ESTÁ EM ESPANHA.

Numa campanha publicitária destas, não há objectivos ou falhas que não sejam observados à lupa.

(Em Portugal) é uma mensagem subliminar.

De mau gosto.







17 dezembro 2006

Será que vem quem tem...?

Convido-vos a ir espreitar este debate: “Não vem quem não tem...”, sobre uma questão levantada à volta do tratamento da Língua Portuguesa, em Portugal e no Brasil.

Emana dali uma imcompreenção e zombaria brasileira que não é nova, e que só atribuo aos pruridos da velha questão colonial, que entendo mas não aceito.

Para além do problema de fundo, a Lingua, ressalta outro não menos importante, que passa pela relação entre brasileiros e portugueses que mais recentemente venho detectando. Chamou-me à atenção para isto, o conhecimento que tenho de um caso de ódio visceral que um brasileiro, casado com uma amiga portuguesa, tem aos portugueses. É que quem ler aquele debate verificará que andam por ali afectos pouco confessáveis.

Os portugueses sempre lidaram com os brasileiros de coração aberto, mas vou verificando que ou não têm isso em conta, ou a conhecida chacota com a anedota do português é mais um indício, este sim, da falta da sua apregoada humildade. O problema que ali se colocou não passará também muito pela infidelidade nestas relações?

Um bravo aos cavaleiros da Língua Portuguesa: SAM, Ricardo, Duarte Temtem e Vítor Sousa que tão apaixonadamente a defenderam. Mas não deixem de ir espreitar as “preciosidades” deste senhor Alencar.

Incúrias camarárias.


Abuso. Usurpação. Falta de civismo. Benevolência. Inércia. Ou “Licença de Ocupação da Via Pública” ? Que importa?!

Ninguém se importa.

A qualidade de vida de uma cidade não se mede pelos projectos que se prometem, mas pelas obras que se fazem ou pelas asneiras que não se permitem.




14 dezembro 2006

O Estado em causa.

A TSF hoje, reportando ao Correio da Manhã :

"... Em declarações a este diário, Pinto Monteiro acrescentou que só teve conhecimento destas denúncias no domingo após ter lido uma notícia no jornal, frisando que considera que estas pressões são «muito graves», pois colocam em causa o próprio Estado....”

Comecei mal o dia: “... pois colocam em causa o próprio Estado.”

A notícia queimou-me com o abanão que dei no café matinal! Mas é claro, o Estado fica mais uma vez em causa com estas cenas que envergonham a Justiça e o Estado! Não estou hoje com a força anímica suficiente para verter aqui todas as correlações onde me levaram estas declarações, mas não quero deixar de dizer apenas que me vieram à memória flashes das quantas vezes este pobre Estado foi posto em causa nos últimos tempos, por questões provavelmente mais graves, sem que se tenha ouvido sobre isso alguma declaração de quem quer que seja com responsabilidades na Justiça.

Este senhor Procurador poderá ser alheio a tudo isso e não está com este meu espanto a ser cruxificado por nada, deu até alguns bons indicios iniciais ao tocar na parte mole da ferida da Justiça. Mas, senhor Procurador, o Estado está a ser colocado em causa há muito tempo, como exemplo: foi preciso termos passado da hipótese grevista no Terceiro Poder da nação, para as “pressões”, para o Estado já ter passado a estar colocado em causa?

Mas repito para que não restem dúvidas: colocam mesmo em causa o próprio Estado. Aquele que nós concebemos.

09 dezembro 2006

Colonização. Pontos de vista.

Colónia, … conjunto de individuos duma nacionalidade estabelecidos em país estrangeiro.

De um modo geral há a tendência para que saído da sua terra o colono queira ganhar raízes na terra que vai ocupar, tornando-o um individuo conservador e pouco crítico em relação aos valores de respeito pelos direitos naturais das populações autóctones.

Resposta ao comentário de aafonso.sousa em 06/09/06, na página Memórias de Telémaco A. Pissaro

Disse o Sousa: “…Essa burguesia colonial é, grosso modo, de origem popular. Foram emigrantes pobres que saindo do meio rural português, sem outra formação que não fosse o trabalho rural, encontraram nas colónias promoção social. Esta burguesia não conheceu verdadeiras relações de trabalho. Trabalho forçado — conhecido por «contrato» — e criados, foi tudo com que aprenderam a lidar. Nas colónias portuguesas — conheci bem o caso de Angola — a maior parte da mão-de-obra intensiva era recrutada compulsivamente por «contrato»…””… É este o paradigma das relações de trabalho que alguns ainda têm e outros deixaram em herança aos filhos e netos”.

Porque o que li neste comentário não foi nada daquilo que vivi entre 1955 e 1961, acho que devo deixar o meu testemunho, desapaixonado, porque me parece que a este tempo de distância já deveria haver mais debate do que discussão acalorada.

Cada um de nós verá sempre o problema em função dos prejuizos morais e materiais que teve. Ninguém apagará o rancor e a mágoa de alguém a quem arrancaram pedaços de si próprio através do desventramento sacrílego e desumano da familia e portanto, da sua vida. Mas também por muita simpatia que se tenha pela emancipação dos povos – e eu tenho – não podemos cair na apologia da barbárie que corre ao lado das guerras oficiais, como forma de conquistar direitos pelos quais se cometem crimes. Nestas questões traumáticas só o tempo e a história conseguirão fazer prevalecer a luz mais certa para observar os factos. Mas independentemente da afectação que cada um teve, é preciso procurar formas de leitura das suas vivências para construir o que mais se aproxime da realidade. Não vale a pena pegar a molho para dizer que a realidade foi exactamente aquela que se pretende demonstrar, quando diz por ex.: “...Trabalho forçado...e criados, foi tudo com que aprenderam a lidar”

Antes de abordar a minha experiência africana, não quero deixar de referir um texto que encontrei na net e que considero exemplar sobre o que foi a Colonização Portuguesa em termos agrícolas. Podem encontrá-lo aqui:
http://www.ipbeja.pt/pubol/Artigo.pdf, com destaque particular para a página 7 que é aquela que mais me diz respeito.

Em 1955, com a idade de 6 anos, saí do Alentejo com os pais, um irmão de 8 anos e um primo de 18. A família vendeu os activos de um pequeno negócio comercial e agricola e com uma pequena verba aventurou-se com um pequeno apoio logístico do governo para fixação numa aldeia de colonato. Fomos daqui com cerca de 30 famílias de Freixo-de-Espada-à-Cinta continuar o Colonato da Cela que tinha acabado de nascer. As famílias que foram comigo eram de facto pobres. Uma maior formação escolar do meu pai veio a determinar que fosse eleito à sua revelia, regedor da aldeia. Aquela era gente rude mas boa. Gente que lá porque caía em Àfrica não ía a pedido de uma qualquer alegação futura, desatar a virar-se do avesso só porque não estava em Trás-os-Montes. A tal promoção social, que diz o Afonso Sousa que encontraram, foi a do trabalho que nem mouros, porque a porra da terra e a forma como o colonato foi arquitectado não davam para mais nada.

Devo referir antes de continuar que fui encontar de facto populações nativas de uma humildade, respeito e reverência para connosco, verdadeiramente surpreendentes, pelo menos para mim. O seu respeito era tal que não se cruzavam comigo num caminho que não fosse numa posição de cedência de passagem reverencial, o que confesso, me criava embaraço.

A nossa exploração agricola foi inteiramente desenvolvida pela família, e em circunstâncias nenhumas foi admitida mão de obra nativa, a prova está no relato que ipbeja faz na sua página assinalada em cima:“…Não era autorizada a chamada utilização de”braço negro”, e quantas vezes ela era necessária…

Mais tarde, pela falência da experiência da colonização agrícola e depois de se ter gasto o pecúlio que se levou da Metrópole, não restou outra alternativa que não fosse mudar de vida. O pai, pela a sua formação escolar, arranjou trabalho adequado na Vila de Santa Comba. Aí, a situação mudou ligeiramente, porque na vila, fora do Colonato, já era permitido admitir empregados e recordo-me que se resistiu durante bastante tempo aos pedidos de emprego que todos os dias batiam à porta. Por fim, o meu pai cedeu e um moço três ou quarto anos mais velho que nós, ajudava em casa e acabava por brincar connosco a maior parte do tempo. A imagem de o ver subir às àrvores, pegar numa espécie de cigarra à qual tirava as asas, e meter boca abaixo, não me saía da cabeça à hora do jantar.

Até aqui a minha experiência africana passava em qualquer Tribunal dos Direitos do Homem. Ou não?

Luanda foi a próxima etapa da família. O pai consegue o emprego de encarregado geral numa empresa de amiantos e fibrocimento. Passei então a viver a 8 Km de Luanda na estrada do Cacuaco. Aquilo eram já instalações fabris de grande emprego de operários, maioritáriamente negros. Eram empregados normais que marcavam o ponto como aqui. Excepto quando recebíam a semanada, era um sarilho... eu ouvia o meu pai aflito porque a balda era geral, apareciam alguns dias mais tarde a dizer que tinha morrido o tio ou a prima, que já tinham “matado” no mês anterior. Mas não me recordo que isso despoletasse perseguições futuras. O meu pai era uma pessoa de que sempre me hei-de orgulhar. Quando saía das aulas do Liceu Salvador Correia de Sá, fazia a descompressão espreitando a laboração da fábrica até que uma estridente sirene mandava toda aquela gente para os balneáreos – os melhores que vi na época - de onde saíam todos a cheirar àquele sabonete de glicerina americano horrível, o Lifeboy. Dia sim dia não, o Matias, que era um venerável chefe de turno, homem muito calmo, vinha à nossa residência que ficava no perímetro da fábrica e aprendia aí com o meu irmão as primeiras letras e os primeiros números. Ía fazendo os seus progressos descontando a dificuldade de aprendizagem que era natural. Um dia, em Janeiro de 1961, deixou de vir. E nunca mais veio.

Até que veio o fatídico Fevereiro de 1961. O Matias, porque queria outra coisa para a sua terra, parece que engrossou as fileiras de um movimento de libertação. Não acredito que o Matias tenha pegado numa catana para esventar meninos, mas não lhe perdoo, em nome do tratamento exemplar que lhe demos que tenha deixado os seus amigos fazê-lo. Alguns dias depois, para nossa protecção, porque estávamos isolados, montámos guarda noturna, potentes alofotes nas cercas, metralhadoras FBP no quarto, dormida por turnos e uma viatura com chaves na ignição e portões abertos. A vida assim era complicada, percebemos que ainda que boa gente, eles não queriam que lá ficássemos. Lembro-me de me despedir do meu cãozito a chorar porque ele percebeu logo de manhã que alguma coisa de trágico ía acontecer na vida dele.

Meu caro Afonso Sousa, o mundo não é a preto e branco. Os valores por que pauto a minha vida encontro-os na vertente social dos partidos de esquerda, mas não é qualquer cartilha que me fará ter leituras a preto e branco do que se passou em Àfrica. Claro que houve erros, desde logo porque Àfrica já existia antes dos Europeus lá chegarem. E é aqui que começa o equívoco.

Permita-me que discorde profundamente de si é que pela memória da integridade e ética dos meus pais não poderia deixar de lhe dizer que eles nunca foram os burgueses malteses que o Afonso aqui trouxe e que não há revolução nenhuma que não plante também a sua burguesia.

07 dezembro 2006

Ramalho Eanes

Confesso é para mim um tema incómodo.

Primeiro achei-lhe perfil de Salazar em 1975. Depois, votei nele para Presidente da República. Mais tarde achei que Mário Soares não terá andado bem com ele, não sei ainda se, mais por desejo de protagonismo de Soares, do que mérito de Eanes. Aos poucos fui-me desiludindo. Os últimos braço-dado com Cavaco foram o ponto final. Mas isto, não deixa de fazer com que Eanes não seja para mim um questão incómoda para discutir.

Nem de propósito, um email recebido esta semana, dá-me uma ajuda na leitura do livro de cabeceira do momento: Os Espanhóis e Portugal, de José Freire Antunes. Diz-nos o amigo Alexandre:

"Ramalho Eanes – Doutoramento (Opus-Dei)


Em defesa da instituição Presidente da República, alguém já afirmou que o General Eanes não se deveria ter exposto a um exame universitário, principalmente numa universidade estrangeira e, ainda por cima, acrescento eu, da Opus Dei. A ser verdade que ele não pertence nem nunca pertenceu, como afirmou, a esta instituição secreta da Igreja Católica, obscenamente ligada ao regime de Franco e aos seus crimes contra os democratas e republicanos espanhóis, e actualmente um dos grandes sustentáculos financeiros do Vaticano, a par do Santuário de Fátima, a escolha da universidade, a ter de fazer-se, teria de ser outra.


Se, pelo contrário, o General pertence ou pertenceu à Opus Dei, encobrindo a sua filiação, tal como o rigoroso secretismo da seita impõe aos seus membros, e escolheu a Universidade de Navarra em conformidade com esta sua identificação, então a opacidade de alguns comportamentos políticos está explicada. Não nego ao General Eanes, como não nego a qualquer cidadão, o direito às suas opções ideológicas, políticas e religiosas. Mas, exijo aos detentores dos altos cargos da República, quer os do presente, quer os do passado recente, uma postura de transparência em relação a eventuais ligações com organizações secretas, cuja história não as recomenda. E a Opus Dei não é uma organização recomendável.

Alexandre de Castro"


E diz então J. F. Antunes no seu livro: “...O Opus Dei edificou uma rede escolar, com destaque para a Universidade de Navarra (Pamplona)...”. Diz também que para a cerimónia de canonização de Escrivá de Balaguer, foram como representantes de Portugal para além de Mota Amaral o antigo presidente da Republica Eanes e a mulher, entre outros.

Confirma-se assim e eu desconhecia, a origem e orientação da Universidade de Navarra e as proximidades de Eanes à Opus, ou ao que tem a ver com a Opus. Isto não incrimina Eanes de nada, mas definitivamente confirma que Eanes foi para mim durante algum tempo, um engano.

02 dezembro 2006

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Carmona, o loteamento e o TGV

"Carmona contra Carmona"

"Quando era ministro das Obras Públicas Carmona Rodrigues definiu o traçado do TGV. Um traçado que agora ‘inviabilizou’ na qualidade de presidente da Câmara, autorizando um empreendimento de 1133 fogos em Lisboa, no local onde passa a linha do comboio de alta velocidade." (...) Primeira página do Semanário Sol deste fim de semana, veja o resto da notícia.

Como eu, muito portugueses terão dúvidas acerca do TGV, sim ou não, mas não é com actores destes que ficamos esclarecidos, pelo contrário, cada vez mais baralhados.

01 dezembro 2006

1º de Dezembro de 1640



D. Antão Vaz de Almada

Foi o anfritrião dos conjurados.

E foi aqui que tudo começou.


Palácio da Independência
(Soc. Histórica da Independência de Portugal)




IBERISMO

A expressão "Iberismo" significa a tendência para integrar Portugal num todo peninsular. Tratando-se de um aspecto de carácter político sendo, por isso, uma questão que não tem existência ao nível popular, pois que a massa da Nação há muito deu provas de não sentir qualquer desconforto com a independência e constituir já uma individualidade tão fortemente estruturada que só manisfesta espanto ou indignação perante o artificialismo do problema.



Recebido por email, hoje: Rafael Valladares, historiador espanhol, no seu recente livro sobre a independência de Portugal, diz:

"Quando digo a alguém que em Portugal não gostam que a companhia aérea espanhola se chame Ibéria, porque Ibéria é toda a península, eles ficam surpreendidos, porque pela primeira vez compreendem que Ibéria não é um nome justo. Ou, quando se pede a uma criança para desenhar um mapa de Espanha, ela desenha a Península Ibérica, e temos que lhe dizer que é preciso separar Portugal. Mas são actos inconscientes."