26 julho 2007

Uma Vida num Dia...


Alcar-do Algarve (Tuberaria Major)


O imenso trabalho que dei pela descoberta do nome da flor que só tem um dia de vida, que é única no Mundo e é da Ria Formosa no Algarve, tem que ser devidamente agradecido ao Zé e à Glória que através de amigos da Universidade lá souberam do que quería falar e não sabía. E souberam mais: esta raridade vai ter distinção a partir de 22 de Setembro num evento em Tavira, numa amostra fotográfica especial.

Obtido o nome, consegui decobri-la no excelente album do fotógrafo Valter Jacinto, de Faro. É esta que aqui vai. A aposta agora é ver o stress de uma vida concentrado num dia. Quem sabe se um dia não a reencarnamos? O desafio está feito, porque a vida também se faz de pequenos nadas.

24 julho 2007

Almada vs. Os Dantas

A explicação para Portugal desconhecer ainda hoje Almada, Souza-Cardoso, Pessoa e aquela geração de ouro, deve-se ao seu vanguardismo ainda hoje. Foi merecido Vitor, acoplar a mensagem do seu post a este final do Manifesto Anti-Dantas, pelo que faço consigo uma frente comum, pela lembrança de Almada e Mário Viegas, dois dos maiores vultos da cultura portuguesa.

O Jardim Botânico


O Jardim Botânico da Faculdade de Ciências, tem sido nos últimos anos votado a um tratamento injusto e os lisboetas não estão a dar conta disso. A àgua já não corre no Verão naquele jardim como corria e as àrvores estão sujeitas a securas cíclicas. A falta de humidade que é patente e lhe tira o brilho que já teve, parece ter a ver com o facto do Jardim depender da Reitoria da Faculdade e esta não poder suportar o elevado custo da sua manutenção, porque o sistema antigo tem enormes roturas e não chegando a àgua ao lago em baixo, não é reaproveitada, tornando a factura da àgua, bastante dispendiosa porque é paga à tarifa doméstica. Esta situação não produz efeitos imediatos para além da pobreza visivel no Verão, mas está seguramente a comprometer o futuro daquela colecção tropical e daqui a uns anos o mal já está feito. É urgente que os amigos daquele parque denunciem a situação porque ele está suficientemente escondido para não darmos conta do que está a acontecer. Você pode apoiá-lo não o esquecendo e alertando. Leve os mais novos, dê-lhes uma máquina fotográfica e façam reportagem no Borboletário.






21 julho 2007

Renego Saramago - II

“... Luis Amado, disse ontem à agência Lusa que discorda da integração de Portugal em Espanha,...”

Quando o Ministro diz que "concorda" ou "discorda" com qualquer coisa, pressupõe que existe a questão sobre a qual toma posição, admitindo assim o debate e a existência dela, ao entrar nele. Não é possível em termos institucionais ter uma opinião oficial sobre um “não assunto”. Opinar é tomar partido, é legitimar a sondagem. O que leva então o Ministro de Portugal ao paradoxo e a pronunciar-se nos termos tão absurdos de um “discorda”, auto mandatando-se e admitindo deste modo a oficialidade da existência da questão?

Imagine que lhe chamam filho da p.... Faz sentido vir a público declarar que não é filho da p...? Não. Quanto muito partia era os cornos a alguém e acabava assim a tentativa de ligitimar a existência da questão. Ou não? Há coisas que não se discutem, como a nossa honra.

18 julho 2007

Renego Saramago – I

Li estarrecido no jornal “Metro” de hoje: “...O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Amado, disse ontem à agência Lusa que discorda da integração de Portugal em Espanha, defendida pelo escritor José Saramago. O prémio Nobel português defendeu, numa entrevista publicada no passado domingo no “Diário de Notícias”, que Portugal deveria tornar-se numa provincia de Espanha e integrar um país que se chamaria Ibéria. ...” (sublinhados meus)

Em Espanha existe uma causa e uma ETA. Em Portugal, por enquanto, só há uma, a causa....

Estou perfeitamente atónito e quase me apetece desistir da defesa do país em que acredito ainda, tal o nojo por estas “personalidades” que ajudei a dignificar, bramindo contra os odientos Laras dos consulados Cavaco, os tais que lhe vedaram então o acesso há Europa. Vejo agora que não saíu. Desertou. O que agora diz, ajuda a perceber a acrimónia que se sentia sempre que falava de nós. E eu estranhava de facto o exagero daquela continuada cruzada contra os Laras, porque quase me sentia atingido. Afinal, falava mesmo de nós! Não falava dos Laras que eu tanto maltratei. Era mesmo de nós! Passou-se para o outro lado, o que vive com o trauma histórico mal resolvido de ter o mapa ratado num canto e não sabe explicar isso às criancinhas, e estará agora a defender interesses que não são seguramente os nossos! Vamos ter que voltar a isto até porque outro lá em cima diz: discorda... Discorda! Então não anda tudo louco? Vocês estão a ler o mesmo que eu? Ninguém se ofende com gente assim na familia que vai lá para fora vergar-se desta forma?

17 julho 2007

Entretanto,

ouvi um grito de mulher e vidros a cair. Cheguei à varanda, vi uma rapariga loura prostrada numa viatura, um meliante no chão, policia e populares. Desci para conferir. Era a Mena, a moça do restaurante. O meliante era o sem-abrigo que todos os dias vemos e dorme aqui na soleira do nosso prédio. Esperou por ela e avançou sobre o carro com uma chave inglesa envolta em panos. Deixou-a maltratada e com sorte, com vida. Foi levado algemado pelo polícia que com sorte passava na esquina durante o giro do seu turno privado a um Banco. Já estou curioso por conhecer o próximo inquilino daquele cobiçado lugar. Oxalá venha um pacífico. Tivemos sorte hoje neste lado de Lisboa.

15 julho 2007

Outra vez? Não sabiam?...

Uma vergonha! Como apoiante de Helena Roseta aguardava ouvir a sua declaração na TV mas devido à avaria da TV Cabo em Arroios só conseguia a TVI. E foi nesta que com espanto. vi António Costa seguir a mesma estratégia das Presidenciais, quando distraidamente se sobrepuseram a Manuel Alegre. Agora, provavelmente argumentando outra vez que não sabia, desatou a falar sobre a parte final do discurso de Helena Roseta, local onde a TVI não voltou e nada mais consegui ver. Senti uma profunda revolta, levantei-me e calcei os sapatos para ir protestar não sei onde!...

Começamos bem Tónho. Mas isto terá consequências porque acredito não sou único.

Cena seguinte: Carmona, da mesma forma e com a mesma desfaçatez deu o devido troco à má educação, à falta de civismo e principios democráticos que estão a centrifugar as minhas incrustações de apego à familia socalista, falando também sobre as declarações de António Costa.

Hoje, por mais este reiterado e patético episódio, praticado por uma familia que não tinha como arruaceira nos principios, sinto-me definitivamente a descolar. Talvez sejam os meus fortes anseios de liberdade a não pactuar com estas estranhas reincidências. O que verdadeiramente me espanta é que não entendam quanto mal estão a fazer a si próprios, provocando-me naquilo que é para mim mais fundamental: os meus principios
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Berardo e o CCB

Berardo tem o CCB a arder. Nunca como hoje vi o povão a olhar para arte moderna, por vezes estarrecido e intrigado com quadros em branco, outras tacteando mesmo a obra para lhe conhecer a textura. Fotografias e flashadas permitidas como nunca tinha visto numa exposição. Uma coisa é certa, por este lado Berardo está a ganhar a aposta, porque não é este Povo que tenho visto na fila das bilheteiras. O que ele está a fazer não é Arte, é negócio? Concordo, mas o que faz também o artista com a sua arte, não é negócio? No fundo, e contráriamente aos arremedos de mecenato de alguns banqueiros, ele não se limitou a comprar algumas obras para decorar os gabinetes e as salas de alguns Bancos, para lhes chamar Colecção Particular, ele comprou a colecção inteira.

Sei que isto não é pacífico, mas somos um país pequeno que precisa destas polémicas para alimentar muita gente, é como dizía José Gil “...Em Portugal nada acontece, “não há drama, tudo é intriga e trama”...”. Alimentamos com os nossos gostos telenoveleiros as nossas distracções do que é essencial.
Olhem, com o balanço que venho, até eu me permito brincar à arte com a arte dos outros. Aqui vai...


14 julho 2007

Lisboa numa fase histórica



Das quatro radiais de acesso à Baixa, a única que Lisboa considerou como porta de entrada principal, foi a Av. da Liberdade. A outra, a Av. Almirante Reis, que faz a ligação natural do tráfego ao Norte, foi sempre considerada porta de serviço, entrada menor. Santa Apolónia e o Cais do Sodré foram portas de acesso local do tráfego de origem marítima e industrial. Um incauto que entre por qualquer uma destas três, cai de repente no Rossio/Terreiro do Paço sem se dar conta disso, e sem que o aprumo urbano o acompanhe em crescendo, de tal forma tem sido a pouca importância que Lisboa deu a estas três vias de acesso ao coração da cidade, a Baixa Pombalina.

Foi o resultado histórico da incúria acumulada na construção da cidade, depois do que fez o Marquês de Pombal, e da ausência de grandes visionários que tivessem sobreposto o seu trabalho. Houve até tempos recentes em que a Câmara tinha como arquitecto do que se projectava para Lisboa, um desenhador, rabiscando algumas coisas de tal forma que algumas delas tiveram que ser desmanteladas. O Martim Moniz, tem lá duas ainda em pé, e como dizia João Soares, a única solução é o camartelo.

Era fundamental que tivesse havido ao longo dos tempos, um perímetro e uma radialidade de salvaguarda dos projectos urbanos e da construção de má qualidade, assim, a única coisa que se salvou, descontando honrosas excepções, foi o que fez o Marquês de Pombal, mas infelizmente, está a chegar ao fim.

Por outro lado, Lisboa está numa fase histórica única, precisa de ser repensada porque são novas as questões que se põem. São o esvaziamento pelo suburbano, a deslocação dos serviços e do emprego, a desertificação habitacional do centro, o envelhecimento e a diminuição de habitantes, o novo aeroporto e “ai Jesus” o que vai ser daquele espaço, as megalomanias de utilização comercial – Parque Mayer - encravadas em colinas a proteger, a Frente Ribeirinha, a perda da competividade como porto marítimo, etc. etc.

13 julho 2007

Um brilho engandor





A Baixa Pombalina denuncia há muito tempo um brilho enganador, resultado de um processo de degradação lento.







Recuperar vai demorar muito, mas o processo de emergência poderá passar de facto pela aceleração do tratamento caso a caso, prédio a prédio, para evitar a derrocada total.

Há brilhos e silêncios enganadores no interior daquela Baixa, mas ainda é possível, se não vier a ser palco de penachos e oportunismos.
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Crédito da foto inferior ao Caitas

08 julho 2007

SOS Terra - Live Earth 2007

A mudança começa em cada um de nós, mesmo contra os responsáveis pelos pelouros da higene urbana de qualquer Câmara.

O ano passado ofereci ao prédio em que habito, três contentores para reciclagem do seu lixo. A Câmara de Lisboa, escudada em rigores que não usa noutras circunstâncias, recusou oferecer-nos os do modelo que tem em uso noutros bairros da cidade.

A questão era simples, os inquilinos, salvo honrosas excepções, depositavam todo o seu seu lixo no contentor do lixo comum, porque os ecopontos estão a alguma distância. A partir dali uma ou duas vezes por semana a nossa porteira vai generosamente deixar na reciclagem o lixo já devidamente separado.

Só com empenho individual e com a denúncia pública dos erros, conseguiremos, não emendar porque o mal já está feito, mas atenuar o declínio de qualquer coisa de muito mau que aí vem.