28 junho 2010

Soares, acabou hoje!

Talvez não seja oportuno escrever desta forma sobre Mário Soares, mas já não se aguenta, estamos fartos de ter que aceitar que aquele ego desmesurado não tolere a existência de quem lhe faça sombra. Foi primeiro o ético Salgado Zenha, do melhor que o PS teve, foi depois a sua confrontação com o integro Ramalho Eanes, foi ainda o atropelo à candidatura do histórico Manuel Alegre acabando humilhado pela sua ganância por mais um mandato, e finalmente, a confirmação do seu despeito com o apoio disfarçado a Fernando Nobre. Afinal os rumores daquela noite de apresentação da candidatura de Nobre sempre se confirmam. Soares revela mau carácter com este namoro que existe apenas para criar dificuldades a Alegre. Agora, já não se importa que não haja ideologia por detrás do candidato, coisa que sempre privilegiou. Também eu reconheci aqui qualidades a Nobre mas acho-as uma insuficiência, de um ponto de vista até um abuso delas nesta candidatura a P.R. Andar às palmadinhas a Nobre seria caricato se não revelasse um carácter que sempre neguei que existia nele quando me convenciam do contrário.

Não podemos continuar a fingir, Soares acabou hoje. Acabou porque é imoral utilizar o seu lado cândido para nos enganar ao debitar argumentos que não cabem em justificações pueris nem estratégias inócuas. Estava lá Victor Ramalho para tornar tudo mais claro, embora nos digam que as coincidências existem. A mentira é a arma dos fracos. Ele pode gostar de Nobre mas gostará muito mais que Alegre não venha a ser Presidente da República. É uma evidente atitude de mesquinhez que o devia envergonhar perante uma leitura mais isenta e homens assim não merecem fazer parte da galeria dos bons.

Um outro ex-P.R. já disse: “O meu apoio a Manuel Alegre é natural”. Viva então Jorge Sampaio! Rasguei o cartão, Soares acabou hoje.

25 junho 2010

O Mathis e o Embaixador

Parabéns Senhor Embaixador por ter escrito esta carta ao Mathis, ela enche-nos de orgulho:

(...)
Pode discutir-se se a escola é o lugar mais indicado para andar com as camisolas da nossa seleção, mas, aos teus amigos de cá, deves lembrar que foi a Revolução Francesa, aquela que está na bela "La Marseillaise", que ensinou o mundo a lutar pela liberdade, a defender a igualdade entre todos e a demonstrar a nossa fraternidade perante os outros. (...) Ler na integra no blogue "duas ou três coisas" do nosso Embaixador em França, Francisco Seixas da Costa, o resto desta maravilhosa carta ao pequeno Mathis, proibido de entrar na escola vestido com a camisola da selecção portuguesa.

O discurso da tanga.

Neste momento, só alguém com deficiência mental não sabe o que se passa a nível económico e financeiro em Portugal e na Europa. Primeiro, porque esta é uma crise diferente das episódicas e as pessoas estão a ser directamente afectadas depois, porque os níveis de analfabetismo já não são os que Cavaco julga, as pessoas já lêem e já sabem interpretar uma notícia que ouvem. Não é preciso andar a berrar para o exterior a anunciar as nossas dificuldades. Mas Cavaco é mesquinho, quando foi à Republica Checa levar com um pano encharcado ficou-se cobardemente sem uma resposta à altura do desaforo do presidente checo, em vez de defender a honra do país, mas vem agora bater no ceguinho, como aqueles putos que se vingam nos mais novos quando levam nas fuças. Ele é irresponsável. É irresponsável porque sendo economista sabe como funcionam os mercados, vir na pele da primeira instituição da nação fazer um discurso como este que acaba de fazer, só pode ser arrogância, vaidade, mesquinhez, campanha eleitoral ou estupidez.

21 junho 2010

Saramago

Um dia acharia estranho não ler aqui uma referência simples que fosse à morte de Saramago. É nesse sentido que o faço, não que subscreva o formato de texto obrigatório, mas como nestas ocasiões as palavras são de circunstância e tendem para o lugar-comum o melhor é poupá-las para se sobreporem a qualquer texto laudatório.

O rescaldo das cerimónias impõe a questão do homem confrontado com estas homenagens. Ele sabia que seria inevitável este processo que agora vai começar a transcender a sua vida e que já não estaria cá para evitar aproveitamentos e promoções pessoais, penduradas no brilho com que alguns ou algumas ornamentam os discursos fúnebres pejados de alegorias e frases feitas: “...Deus tinha fé em Saramago”, “Não há palavras, Saramago levou-as todas”, ele sabia-o, mas só em vida se lhes poderia opor.

Quanto ao caso Cavaco, esqueçam-no, porque Saramago aceitou que não estivesse presente nas cerimónias e concedeu-lhe que tivesse uma última atitude digna, porque acha que qualquer homem tem sempre esse último direito a preservar a sua honra, ou o que sobre dela. Estar presente, seria sujeitar-se neste último encontro a uma luta patética pela sua dignidade e isso, nem Saramago quereria. Mas concordo que o pior serviço que se pode fazer à sua obra é politizá-la, porque ambos são já de um património mais vasto e estão a caminho na universalidade. Só o Vaticano continua preso aos seus demónios. Se houver Deus, acredito que salvará aquela Igreja um dia.
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09 junho 2010

Isto é obra de quem?

Começo a não ter culpa do tema ser recorrente, mas as provocações é que são muitas. Do programa Sociedade Civil, na RTP2, a Fernanda Freitas faz um espaço de debate interessante face à exaustão dos temas já tratados porque é diário, mas não há bela sem se não, e desta vez o tema foi este: "União Ibérica: ficção ou realidade?" O programa tem um blog onde pode interagir-se deixando comentários e era este o texto:

Ó Fernanda Freitas para além do tema até o texto é horroroso e foi redigido por alguém que se denunciou com ele, então: “Ambos os países vêem…”? Ou antes “Ambos os inquiridos vêem…”? É que eu sou português e não vejo nada disso! E porquê a frase: “Mas o que une mais portugueses e espanhóis…”? E não “Mas o que une mais os inquiridos portugueses e espanhóis…” Isto não é tendencioso?!

Aqui, pode ser visto o programa on-line a partir de amanhã dia 10 de Junho. É preocupante esta “agenda” que alguém está a fazer passar nos media com impunidade, porque não vejo intervir uma Instituição nacional que vele pela nossa independência! Ou não há? Tanto quanto parece, do lado de Espanha a origem está em Salamanca, e do lado de cá parece haver um cheiro a sociedade secreta. Mas será? Atentem agora no último parágrafo do blog: (…) Que cedências seriam feitas? Que língua se aprenderia na escola? (…) Já chegamos a este patamar! Uma riqueza, não é? Até custa crer que Saramago ande acompanhado desta gente. Mas anda! Segundo os artífices da “sondagem” Barómetro Hispano-Luso, (!!!) a uma taxa de crescimento de 5,6% ao ano, dentro de 9 anos todos os portugueses querem a união. Ora porra – que eu sou alentejano e lá não é asneira - só perguntaram aos descendentes do Vasconcelos? Uma União Anti Qualquer Coisa ou de Caça, precisa-se urgente!

02 junho 2010

Recomendo.

Mentiram-nos este tempo todo? do Tacci
Um parlamento rico num país cada vez mais pobre!... do Alexandre Castro
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Vida Artificial? II

A propósito da “Vida Artificial” tratada aqui mais abaixo, deve ser dito que este é um exemplo do cuidado que devemos ter quando abordamos uma qualquer matéria, baseados apenas nas notícias que nos caem na sopa, porque o mundo da Ciência de investigação é, apesar do escrutínio a que está sujeito pelos pares, um dos que mais propicia lacunas entre o facto, a notícia e a interpretação, por deficiências no circuito da divulgação não raras vezes intencionais, originando pela sua complexidade interpretações desfocadas.

Aconselho a que investiguem a que corresponde efectivamente esta “Vida Artificial” que se noticiou, porque já li por aí sobre o abuso do termo. Com as devidas diferenças faz lembrar aquela que nos deixou um dia a cabeça em água quando foi anunciada a Fusão Nuclear a Frio, por Martin Fleischmann e Stanley Pons, e ficamos em transe, mas por pouco tempo.

Deixo aqui parte de um texto que aconselho que leiam na totalidade, em De Rerun Natura, que fez parte da minha pesquisa sobre a notícia:

(...) “Hoje a sequência do ADN humano é de livre acesso muito graças ao esforço do consórcio público que divulgava os resultados da sequenciação no final de cada dia, à medida que os ia obtendo, fazendo cair a sequência no domínio público.

Mas, para os media e generalidade do público, a história que ficou foi a de que a Celera Genomics fez em dois anos o mesmo que o consórcio público fez em dez, e que talvez tenha havido um desperdício de fundos públicos numa estrutura ineficiente quando comparada com a agilidade de uma única empresa privada” (...)