24 julho 2008

Chavez

Entre Bush e Chavez não tenho a mínima dúvida na escolha, mas não me peçam que justifique, porque talvez encalhasse nos motivos. Com muita frequência deixo o coração comandar e não me parece um erro, porque o considero em bom estado. Se ele me recusar um traste porque razão deve o cérebro impingi-lo? Descubram.

Eduardo Moniz: TVI vs RTP

A propósito da vitória da RTP na transmissão dos jogos da Liga de 2008/2009: “A RTP é o braço armado do Governo”. E ele, é o braço armado de quem? Por mim entre portugueses e espanhóis não tenho dúvidas. E vocês?

23 julho 2008

A pressão ao Bastonário

O Dr. Carlos Pinto de Abreu, Presidente do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, assinou uma Carta Aberta de resposta à que o Bastonário escreveu aos Advogados, que pode ler neste link: Carta Aberta ao Dr. António Marinho e Pinto.

Actualmente jogo pouco xadrez, mas uma das regras básicas que aprendi, é que a melhor forma de me defender é com ataque a uma pedra ou posição de valor superior. É o que estamos a assistir neste momento, em que os ataques ao Dr. Marinho e Pinto vêm de alvos que atingiu genericamente: Magistrados, Conselhos Distritais da Ordem e alguma“classe”, ataques estes agora de formato diferente, porque têm um endereço concreto: o Bastonário.

Se não dissequei a carta do Bastonário, não o vou fazer com esta do Dr. Abreu, não só pela condição de observador externo, mas porque a acho provavelmente enquadrada em pelo menos dois dos alvos atingidos. Ressalto no entanto o facto de ser igualmente uma resposta em texto simples, sem a atrapalhação dos tais gongorismos inúteis, que se saúda, mas sublinho algumas afirmações que poderão falar por si:

“... parece que a eleição nada garante senão a conjuntural “vontade da maioria”. Parece?! Mas nem sempre o que parece, é! Não é Doutor?

“... o que nem sempre é sinónimo da prossecução da “vontade geral” e do bem comum...”. Porquê? Anteriormente com as “outras maiorias” e porque eram outras, já foi isso?

“... Nós, advogados, não aceitamos generalizações abusivas,...”. Sim, está bem! Mas ainda que aqui neste caso alguns achem que os afloramentos de Corporativismo revelados possam ser do “bom”, como o colesterol, eu tenho-os para mim sempre, como uma chaga na Democracia.

“...E, para além de outra fixação...”, e “... a eterna obsessão em colocar...”. Quando a conversa não agrada porque se tocam nas feridas, é preciso desviar a atenção com o argumento mais à mão, e aqui sim, denegrir é a melhor forma, tratando as opiniões dos outros como ”fixações” e ”obsessões”. Conhecem-se os métodos.

“... ? (Pontos de interrogação)...” Contei 58! Cinquenta e oito pontos de interrogação na carta aberta do Dr. Abreu. Oxalá o Dr. Marinho e Pinto não enverede pelo mesmo estilo e responda com a duplicação em pontos de exclamação! E fico por aqui.

Nota final. A meu ver, o Bastonário não terá, como ex-jornalista, percebido que estava a cair num engodo da Comunicação Social e na sua ânsia de fazer passar a mensagem em grandes audiências, terá sido vítima dela, porque era óbvio que o fogo viria de vários lados. Já desde o Eça que “este país é uma choldra”, e não me espanta que tudo se conjugue para que o Bastonário fique isolado e os poderes que pretende afrontar triunfem como triunfaram até aqui, não ajudando este país e mantendo-o mergulhado neste caldo de cultura que só interessa aos que dele podem e se sabem aproveitar. O que está em jogo, embora seja matéria exclusiva destes operadores da Justiça Portuguesa, diz-nos também respeito, daí o interesse com que acompanho estas evoluções e é errado considerar-se que a tensão destas linhas de força deve ser-nos escondida. Ao contrário, o que desconheço, é que me traz insegurança. Temos o direito de conhecer a saúde dos organismos em que confiamos. Não é por haverem opiniões divergentes e formas novas de encarar os problemas existentes que vou ficar com “imagens de anarquia e desgoverno”. Do que tenho medo é do que não me permitem que conheça. E como já não sou novo, ainda me lembro como foi nesse tempo.
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20 julho 2008

O Perigo do Pombos



A Revista DN Magazine deste Domingo publica uma razoável e oportuna reportagem sobre a praga dos pombos na cidade Lisboa, com o titulo “O perigo está no ar”. Leiam se possível.
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Em 2005 e 2006 editei aqui estes textos: Os pombos e as suas merdas e, As doenças dos pombos, no seguimento da minha demanda com a Câmara Municipal de Lisboa para tentar ver-me livre desta peste que nos enfernezia a vida com o emporcalhamento dos locais que habitamos. Descubro também através do Sitemeter deste bloque que há mais gente preocupada porque muitas consultas tem sido feitas no Google a estes textos, através da frase: Doenças dos Pombos e outras com teor de preocupação sobre o excesso de pombos.

(Aspecto do meu carro numa zona de Arroios)

Troquei com a CML algum correio, mas nada consegui de efectivo a não ser algumas respostas pedindo-me paciência para aguardar o tempo necessário para que a política de administração de milho aditivado produzisse o efeito no controlo das várias posturas. Passaram três anos com a paciência nos limites e não só o controlo não foi conseguido, como as colónias se têm multiplicado pelo bairro, através de algumas idosas que dão ostensivamente alimento nas nossas barbas a qualquer hora, sem que algum polícia camarário as incomode. Vejo é muito carro com as rodas bloqueadas, isso sim, mas não digo que esteja mal, apenas comparo o zelo.!...

(Aspecto do passeio na esquina da avenida)

Acuso a CML de negligência no controlo da praga dos pombos, por não o ter conseguido e as actuais medidas serem ineficientes. Não entendo como se pode continuar a falar de forma tão cândida, como alguns (algumas) responsáveis o fazem perante a seriedade deste problema. O que fazemos com os ratos e as baratas é exterminação pura e simples e não é por isso que vamos acabar com eles na natureza, os pombos deverão começar a ser tratados da mesma forma. É assim aliás que se faz em algumas cidades da Europa: exterminação pura e simples. Já o aqui afirmei, na cidade de Malmo, na Suécia, por exemplo, onde não se pode dar um tiro num pássaro, existem atiradores especiais a controlarem desta forma o seu numero.

(Aspecto do passeio na outra esquina da avenida)

Para além dos prejuízos que causam a todos os cidadãos que têm que se proteger com sistemas anti-pombos e muita lavagem de viaturas, é legítimo perguntar: quanto gasta a Câmara anualmente, em milho tratado que é jogado fora porque os pombos não lhe tocam? Quanto custa ao cidadão esta política negligente de ocupar funcionários, viaturas e uma estrutura própria, para nada? Quem ganha no negócio dos pombos? Se ninguém ganha, porque não acabar com eles fazendo “efectivamente” capturas e tantas quanto as necessárias. É que eu vivo rodeado deles na zona entre Anjos e Arroios e não vi em todos estes anos uma única tentativa.

(Aspecto do passeio depois da alimentação ilegal)

E depois, se o ambiente à volta dos pombos é nojento, desde a quantidade de fezes que voam sobre a nossa cabeça, até à quantidade enorme de parasitas e larvas de varejeiras que eclodem nos que morrem, e não havendo alguns que se incomodem com isto, porque razão têm que sacrificar a maioria da população, com o receio de afrontar este exército porco de gente marginal em matéria de asseio? Sejam velhas ou novas, as pessoas têm que começar a pagar pela sua irresponsabilidade. Viver em sociedade tem regras e não é por ser-se inimputável que se está isento. Afectem-se os recursos policiais à fiscalização e penalização dos infractores como nos bloqueamentos das rodas nas viaturas e o assunto vai resolver-se.

(Resultado da limpeza na varanda de casa)
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Isto não são imposições autoritárias de civismo ou correcções de Educação a pessoas com este déficit, é apenas fazer cumprir uma lei que existe por uma boa causa, a do bem comum.
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Exijo que a façam cumprir, se podem. Se não podem, só conheço um caminho.


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17 julho 2008

A Carta do Bastonário

Espreitei a recente carta do Bastonário aos Advogados e considero-a um documento importante para os operadores dos Direitos, mas arrisco em dizer que deveria ter um formato de Carta Aberta, porque a comunidade utente da justiça deveria conhecer as razões de algumas ineficiências, muitas das quais passam pelas denúncias ali apresentadas. Diria que tem em termos formais a vantagem de um texto simples e directo, claro para todos como aquele que se reconhece nas suas intervenções públicas, longe dos textos gongóricos e pedantes tão ao gosto de muitos – vide este exemplo/carta escolhido ao acaso, que: Illuminatuslex transcreveu, mas poderia ser outro, porque nem sei quem é o Dr. Maçarico, transcrito – e que não farão bem a ninguém a não ser apenas aos próprios.

Muitas daquelas denúncias já as tínhamos percebido: alguma Comunicação Social; os Ex-Bastonários; a conferência de imprensa patética do Conselho Distrital de Faro com aquele senhor a dizer barbaridades num estilo que deveria envergonhar, este sim, os advogados, e muitas outras movimentações tendentes ao mesmo.

Ficou para mim claro que estão aqui dois modelos em competição: um, a ver-se como casta a operar no universo do acesso à Justiça, e outro, a ver na aplicação da Justiça e na demolição dessa estratificação a razão de ser da sua força. Os advogados deveriam sentir orgulho por terem finalmente um bastonário que está a abrir as portas para renovar o ar daquela instituição e finalmente se equacionar a vida de tantos que por logro lá foram parar.
Reeditado em 23/07/08.
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15 julho 2008

Em Notre Dame...

Feche a porta e levante esse som até ao suportável. Só estará bom quando lhe fizer ressonância na “alma”. O objectivo é mesmo esse, tremer por dentro.

Força. E não desista antes do fim...
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E foram nossos Juízes!...

Numa altura em que alguns exigem explicações, é bom lembrar o que aconteceu e que ainda inculca o espírito de algumas paredes, ou se preserva como a natureza se guarda na semente. Leia a notícia integral do estudo no Público:

“Divulgado primeiro estudo sobre funcionamento dos tribunais plenários que julgava os opositores ao Estado Novo ...”

“...Durante a apresentação deste estudo, no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa (precisamente na sala onde eram realizadas os julgamentos do plenário), Rosas criticou que a maioria dos magistrados que pertenceram a estes tribunais tenham ficado impunes. Os autores do estudo referem que apenas os juízes que estavam nos plenários em 25 de Abril de 1974 foram aposentados compulsivamente. Os restantes acabaram a sua carreira no Supremo Tribunal de Justiça sem nunca terem sido julgados ...”
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Notícia agradecida ao Alexandre.
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13 julho 2008

Luis Represas

Se uma coisa não me causa engulhos é reconhecer nos outros, o mérito. Faço-o sempre com gosto, ao invés do esforço em que vejo muitos enredarem-se ou evitarem-no e outros por vezes mais petulantes, roubarem-no. Como a Carminda teve o mérito pelo bom gosto de ter-nos trazido esta excelente canção do Luís Represas, aqui fica o reconhecimento, mas também a cópia descarada da ideia. Obrigado Carminda, vou fazer um intervalo na minha música residente:

Luís Represas foi um dia a Cuba e disse quando regressou que a experiência do contacto com aqueles músicos e a sua a paz, a aceitação e alegria sofrida daquele povo o tinham marcado definitivamente: não se era o mesmo depois daquela experiência. Talvez esta canção como outras, já depois disso, sejam parte dessa influência, mas haveremos de ter mais certamente.
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Os Sete Magníficos

Continuo a ter que pesquisar o resultado dos jogos na página da Federação, se os quiser saber, porque para os nossos media o importante é o pé do Ronaldo e o inglês do Scolari. Uma feliz conjugação de um bom lote de jogadores e um seleccionador como Tomaz Morais está a catapultar o nosso rugby, mas infelizmente a cultura desportiva da nossa informação, é rasca.

Os resultados, só vitórias, dos cinco jogos realizados hoje no Circuito de Seven de Hannover: à Roménia 38-0, à Espanha 28-5, à Alemanha 14-12, à Rússia 45-5 e Geórgia 26-12. Isto deu acesso à meia-final com a Irlanda, às 13H40, e provavelmente à vitória no Circuito a disputar com outro, às 16H25, para finalmente estarmos no Dubai. E para os que não sabiam, dominamos esta variante do rugby desde 2002, o que esteve certamente na base do último grande feito que foi o apuramento para o recente Mundial de 15 em França.
Aqui fica mais uma fonte de informação: o Blog do Aguilar que é um dos excelentes jogadores que está neste momento a participar no apuramento.

Actualização de resultados às 15H00: mais uma vitória nas Meias-Finais contra a Irlanda 14-12 e atingimos a Final com o País de Gales, às 16H25. Já volto.
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E pronto, somos novamente campeões europeus, contra Gales por 26-12. Próxima etapa de fundo, em 2009 no Campeonato do Mundo no Dubai. Fiquem atentos, talvez agora apareça por aí algum orgão de informação que se digne dar notícias do rugby. Uma vergonha.

Farwest em Loures

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11 julho 2008

For he's a jolly good fellow

Claro Tacci, neste blog também se bebe, de qualidade sempre que possível e que o preço justifique, mas com moderação, porque a quantidade diminui na razão directa da precaução.
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Não sou um entendido, mas recentemente deu-me para pesquisas. Neste momento exploro a península de Setúbal - Casa Ermelinda de Freitas, em Fernando Pó - depois da descoberta do premiado Syrah 2005 e da aventura para o conseguir. Acabo agora de experimentar um parente, este Touriga 2006, mas o próximo a testar será o Leo D’Honor, que só é rotulado em anos garantidos para não lhe aviltar o nome.
Aqui fica a foto, enquanto aguarda oportunidade. Se houve uma área onde Portugal evoluiu, foi na forma de produzir vinho e isso merece também o nosso aplauso.

10 julho 2008

Portugueses de Excelência

(Reeditado)
Actualização dos portugueses de excelência, depois da entrevista de Marinho e Pinto a Judite de Sousa:
Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário Viegas, Amália Rodrigues, Manuel Alegre, **************, e Dr. Marinho e Pinto.
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Muita inveja e preocupação há por aí, com estes portugueses fantásticos. Alguns já cá não estão e não tiveram em vida o tratamento que mereciam. Os outros, estão a ter o mesmo tratamento, mas impedi-lo depende de nós.

Mais uma vez o Dr. Marinho e Pinto mostrou a razão porque foi eleito: é a pessoa que melhor defende publicamente os Direitos Humanos e o cidadão, das injustiças da nossa Justiça. Seremos todos cúmplices se não o apoiarmos na pedagogia notável que está a fazer, ao afrontar de peito aberto a "corporação" mais fechada do país. A única que não foi tocada pelos “malefícios” da revolução e manteve assim a sua “pureza” de princípios!... Os exemplos que nos dá são suficientes para se perceber onde está o mal. Um livro já li e sei do que fala – só aquela senhora loura parecia não perceber - o outro, vou procurar ler.



09 julho 2008

O Bastonário Marinho e Pinto

Continua a ser interessante verificar até onde se pode resistir neste país quando se luta por fora de um sistema há muito instituído. Eleito pelas bases, tem sofrido a pressão pela sua ousadia e por falar de Justiça mesmo nas situações mais incómodas, independentemente da qualidade do utente. Agora a pressão vem das Delegações Regionais e hoje li num jornal que os ex-Bastonários estiveram reunidos. Não deve ter sido para comer pipocas.
Entrevista amanhã, dia 10 à noite, na RTP1. A ver.

Campos e Cunha

Agora diz que o Governo está a ficar molinho e anda a governar para eleições. Deveria querer mais sangue - que o povo aguenta apesar dos salários de miséria e das vergonhas no ranking. Mas basta fazer uma busca “Campos e Cunha reforma” e lá aparecem as perfomances deste senhor: “...O ministro de Estado e das Finanças acumula o seu ordenado com a reforma do cargo de vice-governador do Banco de Portugal. Luís Campos e Cunha recebe por mês, no total, cerca de 15 mil euros - oito mil de reforma e 6759 por ser ministro....” no Público, ou por exemplo: “...Campos e Cunha por ter sido vice-governador do Banco de Portugal durante apenas 6 anos, conseguiu aos 49 anos de idade, obter uma pensão desta instituição no valor de 114 784,00 €uros anuais (cerca de 8.000,00 €uros mensais), o que feitas as contas, significa que se, este impoluto cidadão, ex-governador do BdP, ex- Ministro das Finanças do governo de Sócrates, viver até aos 85 anos, arrancará ao Estado Português 1 milhão de contos - não, não é gralha, é mesmo 1 milhão de contos - só com esta reforma...” no Portugal Descrente, etc..

Por mim, foi personna non grata no goveno, tal era o ar macambúzio e mal disposto. Agora anda pela SEDES, cuja origem e matizes se conhecem. Eu lá tinha as minhas razões!... É mais um dos efémeros que com o tempo, passam, mas são dos que coloco na minha galeria de horrores pelo dinheiro que nos custam. Para estes não há caducidade de direitos adquiridos?
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07 julho 2008

Portugal: um País, dois Mundos

(Reeditado)
Finalmente, Fernando Ulrich, do BPI, acabo de ouvir no telejornal, teve pelo menos o condão de ser o primeiro a reagir e a perceber que quando as coisas se agravarem perdem todos. Mas aquilo não chega. Aceita que se crie um escalão IRS para os vencimentos mais elevados.

A solução que admito, tem mais carácter de revolução tal é o encadeado de regalias privilégios e mordomias com que empenharam os nossos salários futuros para os sustentar, que não haverá lugar nem justiça económica para os suportar. Mas aquele desabafo está longe ainda de nos por a salvo do risco “da rua como campo de batalha” de que nos fala aqui “e-pá” e para o qual há muito venho alertando. São muitos os que sentem a injustiça de suportar a barbárie económica que despudoradamente os assalta. Suponho até que há, a quem custe mais suportar a injustiça de contribuir para vencimentos com tantos dígitos, do que olhar para a miséria dos poucos que leva para casa. É a honra que começa a ser afectada.

Não gosto muito deste discurso mas infelizmente começa a aparecer demasiado nas minhas reflexões: É, esperava mais da nossa classe política. Também eles me parecem estar desfasados nisto tudo. Olho aquela Assembleia e sinto que não merecem o que pago por eles. Acho-os caros. Bastante caros. E acho-os muitos. Demasiados, para o que de lá saí. Há ali muita gente anónima que me parece estar apenas para cumprir o número, o quorum. Metade dava bem conta do recado. Até as forças políticas fossilizam no discurso gasto e só dois ou três querem abanar o cenário. A impaciência e o desalento estão a tornar-me reaccionário, tenho que ter cuidado. Mas há muito por fazer em Portugal, e já vem de antes do Eça. Parece um ciclo (ou circo?) infindável e o paradigma é que todos nos sentimos a assistir a ele. Impávidos. Resquícios do feudalismo? Mas isso já foi há tanto!
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06 julho 2008

Petição pelo D.Estefânia

O Hospital de D. Estefânia tem hoje mais valências do que quando o utilizei há anos com os filhos e continua a ser a melhor referência da Pediatria Portuguesa merecendo por isso devido reconhecimento internacional. Sensibiliza-me que a sanha demolidora que nos caracteriza se vire agora para este Hospital disfarçando o apetite que a rentabilização daquele enorme espaço exerce sobre qualquer gestão economicista, com argumentos que foram rebatidos assim: “...O princípio utilizado para justificar a implantação do HTS "Fomentar a centralização e partilha de recursos", é um conceito genérico abstracto apropriado a qualquer gestão de meios parcimoniosa e inteligente. Este princípio contudo quando é hiper valorizado e descontextualizado de uma visão de uma carta de serviços hospitalares, pode, como se prevê no HTS, transformar-se num instrumento de retrocesso cientifico e assistencial....”

“...Alguém poderá deixar de perceber o significado histórico, científico e cultural que é pactuar com a destruição do HDE, berço da Pediatria Portuguesa, tomando a titulo de exemplo de integração a comparação do HDE com a dum Hospital como o do Desterro, que dispunha na ocasião do seu encerramento de apenas duas valências de referência, já pré-existentes noutros hospitais do grupo !!?...”

“...Senhores, não se confundam nem esperem confundir-nos! O que se passa é que vocês, talvez inconscientemente, estão objectivamente a destruir o berço da pediatria portuguesa e o único Hospital que lhe é dedicado da Zona Sul do País !...”


Façam entrar ali uma equipa de jardinagem e outra com um plano de reabilitação hospitalar bem pensado, recuperem aqueles muros e gradeamentos, e Lisboa só terá que se orgulhar por não ter perdido o Hospital de D.Estefânia, só porque alguém se lembrou de vender os anéis.
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04 julho 2008

Portugal mete Águas

O Grupo Águas de Portugal, cujo accionista único é o Estado, deve cerca de 1,7 mil milhões de euros à Banca e este número representa 1% do PIB português. A notícia está aí e pode ser lida na TSF, RTP, Diário Económico etc..

Que tenham havido investimentos desastrosos no âmbito da cooperação do Estado Português com outros, ainda podemos argumentar com a falta de jeito do Estado para escolher negócios ou para escolher gestores, o que já não se compreende é que parte desta ruína se deva a actos de gestão como este: “Este tribunal criticou ainda a gestão do grupo e apontou várias irregularidades como a acumulação de funções dos administradores do grupo que também executam funções junto dos Conselhos de Administração das empresas participadas.”... “Os gastos de 2,5 milhões de euros em viaturas atribuídas a administradores entre 2004 e 2006 constituiu outras das críticas feitas nesta auditoria, onde se diz que esta foi uma opção de difícil explicação considerando a fraca saúde financeira do grupo”.

Ora aqueles 2,5 milhões de euros em pópós da Administração, para termos uma noção de grandeza são, em dois anos, 501 mil contos! Mas vejamos também a nuance do argumento do Tribunal de Contas: “...uma opção de difícil explicação considerando a fraca saúde financeira do grupo” isto é, só é difícil de explicar por causa da fraca saúde financeira do Grupo ( ! ). Estão a ver isto? Até o TC tem pruridos em chamar os bois pelos nomes e se sente obrigado a suavizar dizendo que é só “pela fraca saúde financeira” do Grupo, porque se não fosse, estava explicado! É esta a mentalidade de quem nos governa.

Conhecemos a forma principesca como em Portugal se remuneram as Administrações, se ainda ao menos essa fosse uma remuneração que incluísse uma taxa de risco, assim à maneira de um seguro: Pagamos bem mas aceitas o risco de tribunal se meteres a mão na massa, ainda valeria o custo, mas nada disto sucede, saltam de um lado para o outro sem nódoa no currículum. Gostaria muito de ver explicados aqueles 2,5 milhões em carrinhos pagos com o nosso suor. Se virem, digam.

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03 julho 2008

"Instrumentos do Diabo"

O recebimento deste link com esta proibição estapafúrdia que o Alexandre me fez chegar, leva-me a enquadrá-la da seguinte forma.

É provável que a justificação das restrições, penitências e regras de comportamentos individuais que as religiões impunham aos seus crentes, fosse a única forma possível de difundir, massivamente, naquelas épocas, ensinamentos úteis às comunidades congregadas, cuja finalidade a sociedade do Conhecimento mais tarde descodificou. Foram o caso das abstinências ou jejum que curiosamente tem como significado: dieta, e era a prescrição da “privação da carne” em determinados dias. Encontraríamos exemplos mais bizarros, com outros significados mas um mesmo objectivo, a coberto do cumprimento das boas práticas espirituais e religiosas de um crente.

Continuará a fazer sentido hoje que as religiões mantenham ainda alguns destes preceitos? Para mim e neste contexto, fazem mais sentido os preceitos do que as religiões, o que já não faz sentido, é que a prescrição dessas privações se faça ainda à luz dos moldes que enformaram a divulgação de algum conhecimento. Conhecendo o mau uso de algumas das tecnologias que os nossos jovens têm ao seu dispor, diria que o erro não está no fundamentalismo do facto mas na mensagem que ele transmite, vide: «instrumentos do diabo para levar as pessoas a pecar», ou «só procuram levar a população de Israel a pecar através dos vídeos e outras abominações». Concluindo, acho muito boa a ideia de os mandar pregar para o deserto e converter camelos.
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