23 agosto 2005

Um post de fogo.

Cavaco dixit: “...O Eucalipto é o nosso Petróleo Verde”.

Acabo de ouvir Miguel Sousa Tavares na TVI falar sobre a calamidade dos fogos e as suas causas.

Tenho quanto a este blog a humildade suficiente para não achar que o Miguel passou por aqui!... Mas mesmo que tivesse passado, o seu pensamento autónomo não precisa de ser caixa de ressonância de alguma coisa. Ele tem, sobre muitas das questões que emperram os nossas prestações, noções muito claras. Um verdadeiro independente, ou freelance, como quiserem.

O que ele diz está quase inteiramente tratado nos 2º e 3º post mais a baixo a propósito do OTA TGV, dito pelo Alexandre de Castro e na resposta que lhe dei.

Ver estas questões abordadas de uma forma idêntica, apontando para algumas das mesmas causas, é sempre gratificante e empurra-nos com mais força para a defesa e apoio a estas teses. Só de forma empenhada e colectiva podemos construir alguma coisa.

Não é perseguição a ninguém, mas é perseguição a um modelo de desenvolvimento escolhido numa “determinada altura” muito precisa da nossa história. Este facto não me escapa por uma razão muito simples: quando aquela declaração foi feita e as opções foram tomadas, já o Eucalipto era para uma árvore mal vista, recordo-me das quedas que dava a brincar no chão por baixo dos eucaliptos, doíam... porque aquele chão liso, seco e gretado parecia cimento, pelo que não é fácil esquecer o estranho e fortíssimo empurrão que lhe foi dado a partir dali.

A questão já não é agora simples. Lançada a pedra pela encosta a baixo, só vai parar lá no fundo com a família toda em cima, deixando um rasto de destruição. Ou seja, será preciso esta calamidade e outras que seguirão para se atingir o fundo e então os lobbys e interesses serem vencidos pela forma mais dramática: não pela dedução das causas mas pela demonstração das consequências.

O resto, são todo um acumular de erros menores que se tornaram maiores e juntos fizeram esta enorme pira onde ardemos todos. Ouvir dizer que “o homem” não deveria estar de férias, é acreditar na providencialidade dos homens e nisso não vou, como não vou na queima ou na ressurreição politica que estas questões dão em horas de telejornal. Tanta culpa teve quem não esteve, como quem esteve. Temos é que educar este povo para a soberania de não se deixar instrumentalizar em função das vezes que o boneco aparece ou não, em bicos de pés na TV.

O exemplo que o MST deu da proposta do Bloco de Esquerda quanto à dispersão da propriedade e da exigência que deverá ser feita ao inverter-se a sua prova é um bom indicador de que o que tiver de ser feito a seguir não pode ser com punhos de renda. É preciso prepararmo-nos e exigir que se actue sem medo de combates e confrontos.

Há um silêncio perturbador nas nossas polícias de investigação, não acredito que gente honrada se deixe mercenarizar porque é um serviço onde só se deve estar quase por vocação.

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