13 abril 2006

Livros & Hipermercados.

Livraria Buchholz - Piso inferior - R. Duque de Palmela em Lisboa, desde 1943.

Que tipo de sociedade deixamos criar que nos amputa dos valores e referências que não queremos perder?

Recuso a aceitar a mistura de couves e batatas com a venda de livros, por isso, não os compro em hipermercados. As livrarias foram desde sempre a casa do livro, e são ainda um espaço mágico de que os sentidos aproveitam. Sabemos das condições leoninas que as editoras têm que suportar para estar presentes nessas superficies comerciais para não perderem por ausência. As livrarias, estão, como outros sectores do comércio a aguentar esse embate injusto. Compete-nos assegurar que elas vencem, pagando um pouco mais por isso. O leitor ganha mais uns cêntimos, quando compra o livro com o chouriço, mas perde a qualidade que lhe dá a entrada no ambiente fantástico de uma casa dedicada à cultura do livro, como esta

4 comentários:

Andy More disse...

Infelizmente é uma verdade indesmentível, que cada vez mais se destrói todos os valores, a juntar àqueles que já nos parecem hoje uma ficção... A Livraria Buchholz é só a ponta do iceberg, o que conta é a economia, e ela não sabe lidar com os espaços próprios de uma cultura adequada, o progresso assemelha-se certa maneira à destruição daquilo que é nobre e cultural. Não culpo as grandes superfícies comercias que juntam couves com livros e hortaliças, mas as leis feitas pela politica que permitem essa afronta da destruição maciça de uma tradição que marcaram épocas que enobreceram uma nação de poetas e homens escritores, onde deixaram de ter o seu jazigo dessas ricas memórias.

Abraços, e Feliz Páscoa!

Isabel Magalhães disse...

Eu gostaria de dizer que concordo em absoluto contigo e com o Friedrich mas quero juntar mais uma achega...

se os livros nos supermercados 'chegam' a outra clientela que nunca os procuraria numa Livraria, então porque não?

No dizer do Poeta 'todo o mundo é composto de mudança' e se a função do livro é chegar ao leitor então que o seja, no supermercado, nas vendas on-line, e no que mais vier a acontecer. :)

Um abraço.

Graza disse...

O que receio Isabel, é que liquidadas por asfixia não ganhe a leitura com essa troca de local, não só porque magia não tem nenhuma, como teriam que ser sempre comprados ao mesmo tempo que o chouriço, por serem superficies deslocadas. Qualquer cidade alberga no seu perímetro interior dezenas de livrarias, onde os livros estão à mão e empregam mais gente, que alugam mais lojas, que dão mais vida às cidades, etc.
Não acho que a democratização da leitura passe pelas vendas em hipers ou on-line, o que há é público específico para cada um deles. Uns porque burrifam no romantismo da livraria outros porque não querem descalçar a pantufa, mas, um livro nunca se compra de passagem, procura-se sempre, logo não vai chegar à outra “clientela” que justificaria a opção.

Isabel Magalhães disse...

Que não se pense pelo meu comentário anterior que não gosto de livrarias. Eu vivo intensamente a magia que se sente no local. As livrarias da minha infância e adolescência - as do Chiado por ser a minha zona, - e mais tarde a Barata e a Buchholz.

Contudo, apoio a ideia de levar o produto ao comprador e de lhe proporcionar uma diversidade de horários que lhe permita maior autonomia.

:)