27 outubro 2006

Ser português

Não sei se Manuel Alegre vai gostar desta cópia integral do seu editorial na página do MIC, mas é urgente dar esta leitura já aqui, não vá o leitor apressado não querer aceder via link. Fico no entanto mais tranquilo por verificar que a reincindêcia dos meus post sobre estas iberisses, não era um desalinho meu. Afinal não pifei!

Do blog oficial do M!CPortugal:

Editorial
Ser português
Franco e Salazar celebraram o Pacto Ibérico. Mas as duas ditaduras, apesar do Pacto ou por causa dele, puseram os dois países de costas um para o outro. Nunca Portugal e Espanha estiveram tão separados como durante a vigência das duas ditaduras. Com o advento da democracia e a adesão à CEE, Portugal e a Espanha passaram a fazer parte do mesmo espaço económico e político. As relações entre os dois países são hoje relações de boa amizade e cooperação. Nos últimos dias, alguém teve a triste e sombria ideia de iniciar uma série de sondagens perguntando aos portugueses se gostavam que Portugal fizesse parte da Espanha. É uma pergunta fora do tempo e contra a História. E sobretudo contra aqueles que ao longo de oito séculos fizeram de Portugal uma das mais velhas nações da Europa, mais antiga mesmo que o actual Estado espanhol. Que ideia está por detrás de tal pergunta? Como me recuso a admitir que o sentimento patriótico só exista à volta da selecção nacional de futebol, não posso deixar de manifestar a minha estranheza por uma pergunta a que a História há muito já respondeu, desde aquela “primeira tarde portuguesa” de que falou Alexandre Herculano até aos nossos dias. A intensificação dos laços económicos entre os dois países não leva à dissolução de Portugal nem à fusão dos dois Estados. Já dizia o poeta Afonso Duarte: “E cá mesmo no extremo ocidental / De uma Europa em farrapos, eu / Quero ser europeu. Quero ser europeu / Num canto qualquer de Portugal.” Foi sempre nos momentos mais difíceis que uma parte da elite e o povo fizeram Portugal. E foi sempre nesses momentos que uma boa maioria das elites dominantes optou por Castela. Ser português, dizia Oliveira Martins, é e sempre foi um acto de vontade. Como afirmei no meu Contrato Presidencial, “temos que voltar a dizer com orgulho a palavra Pátria e dar-lhe um sentido de modernidade e de futuro”.


Manuel Alegre, Presidente do Conselho de Fundadores do MIC

Há lutas que precisam de um fio condutor e este editorial é uma pérola de ajuda que este blog não podia desperdiçar. Obrigado Manuel Alegre por este e pelos poemas que na minha juventude fizeram também o fio condutor de protesto de alguns encontros clandestinos.

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