“(...) A questão é esta: será que, para fugirmos a esse tipo de acusações, estamos condenados a silenciar aquilo que são problemas evidentes de uma comunidade e um comportamento imoral de parte significativa dos seus membros? (...)" (João Miguel Tavares, no Diário de Notícias de ontem).
Lido aqui no: Pensamentos, mas não deixe de ler o artigo no DN porque este, já é um extracto do extracto.
A minha amiga estava triste e exasperada porque fora publicamente apelidada de Racista. Foi assim. O Banco tinha uma fila única para três caixas de atendimento. Chegaram duas moças e colocaram-se junto de uma caixa. Foram avisadas cordialmente que tinham de ir para o fim porque existia “bicha” única. Saíram risinhos sarcásticos, claro! Mas inamovíveis e risonhas, continuaram prontas para passar à frente de todos. Quando a caixa ficou livre, atacaram. Gera-se a confusão com quem estava à espera, até que foi preciso explicar a alguém em voz alta que as culpadas eram aquelas duas meninas: - Quais? - Aquelas duas meninas brasileiras que ali estão, que não perceberam que tinham que respeitar a sua vez de ser atendidas.
Pronto! Caldo entornado. A partir dali a minha amiga já não se sentiu à vontade de sair para a rua com tanta acusação de: - Racista! Tu é uma racista! Sua racista.
Que injustos são tantas vezes os brasileiros connosco depois de nos chamarem toda a vida de, “padeiros”. Somos na Europa o povo com menos episódios de racismo. Para completar veio-me então à memória aquele relato do Mário Crespo e a polémica gerada com a resposta do Embaixador Brasileiro. Que comportamentos ditam quem é Racista? Que atropelos deveremos silenciar para evitar sair acusados de Racismo? Que estratégia deve um cidadão atónito e alheio a todos estes ódios seguir, sem que tenha que anular a sua conduta cívica? Peçam-nos os homens honestos de qualquer nacionalidade, etnia ou clube tudo, menos o silêncio ou a proibição da identificação de qualquer “besta”, só porque ela é de outro clube, tem outro tom de pele ou sotaque. Silenciá-lo, isso sim, é que pode configurar a existência de Racismo pela manutenção permanente desse crivo. E os telejornais começam já a reflectir esse problema, escamoteando dados dos factos, que muitas vezes só identificamos se existem imagens. Não confundam a interpretação com a verdade da notícia. Quem a relata só tem que se ater a uma delas, e parecem-me estar em causa alguns principios por sossobrarem ao arremesso do Racismo como chantagem.
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