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A charanga irrompia na rua em alvorada de estridentes metálicos, por aquelas noites frias do negro azulado de Dezembro, antecipando uma aurora ainda meio adormecida, tocando o hino da Restauração, quase roçando a janela do quarto onde eu ainda criança, dormia, alheio àquela manifestação patriótica. Era assim, com aquela genuinidade, que naquela vila do norte do Alentejo se comemorava o 1º de Dezembro, evocando a memória da madrugada em que nos livramos do domínio Filipino em 1640.
Talvez tenham sido os actos de coragem daqueles músicos ao percorrerem as ruas geladas do 1º de Dezembro, que me incutiram o espírito que guardo por este país. Confesso-me um patriota, saudável, mas sem medos: patriota. Sendo que pátria, é a terra onde a pessoa nasce ou nação a que pertence.
Neste vídeo, em Elvas, ninguém parece saber a letra do hino, nem sei se a que existe é original, mas a que cantávamos não é recomendável reproduzir aqui...
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2 comentários:
Não sei se no Norte as comemorações se faziam desta forma, mas no Alentejo era uma forma comum em muitas vilas. Talvez mesmo por razões que têm a ver com a história do 1640, porque foi no Alentejo que se deram os primeiros indícios e essas notícias e insatisfação foram sendo passadas de terra em terra ajudando ao clima que conduziu ao golpe final do 40 Conjurados.
Bom dia! Gostei muito de ler o seu "post" e regressarei ao seu blogue, com mais tempo. Estive para inserir o vídeo que aqui inseriu e de que gostei muito (pela alegria e genuinidade da manifestação popular e do nome da Sociedade Recreativa), mas acabei por postar o outro, já que tinha a letra... Bem haja!...
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