Era uma reportagem nas tabancas algures em Moçambique, com os filhos órfãos da guerra. Falavam da responsabilidade dos rapazes mais velhos, agora o amparo dos mais novos, depois dos pais morrerem com sida. Do cultivo da terra e da subida arriscada aos coqueiros que agora lhes competia. Das contenções em namoros, porque não havia mais ninguém para apoiar a família se “houvesse problema”. Da moça quase criança que à força virou mulher com uma pequena criança nos braços, filha do desconhecimento “dessas coisa dos tempo”. Das crianças descalças que jogavam felizes com uma bola de trapos da cor do pó vermelho dos pés, e declaravam com um grande sorriso aberto “que o que mais queriam era mesmo uma bola de futebol a sério!”. A repórter, virando-se para aquele rapaz meio criança, tutor daquela gente, ainda pergunta:
- E o que é que vos faz falta?
- Ah sim! Nada. Nada nada. Tá tudo bom. Tudo bom. Numa introspecção, distante, onde provavelmente já não estavam para ele os repórteres, disse uma vez mais olhando o chão:
- E o que é que vos faz falta?
- Ah sim! Nada. Nada nada. Tá tudo bom. Tudo bom. Numa introspecção, distante, onde provavelmente já não estavam para ele os repórteres, disse uma vez mais olhando o chão:
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- Tá tudo bom.
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2 comentários:
Bonito. Gosto do seu blog. Vim cá ter através de JAD.
Vou andando por aqui.
Agradecido por isso.
Saudações.
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