14 março 2010

Este Estado de coisas

Haverá muita gente a tentar entender qual é efectivamente a relação da importância que existe entre o inquérito que já dura há muito na Comissão de Ética - mais outro que se arrastará num triste espectáculo que não sabemos em que é que reforça a qualidade da nossa Democracia - e o conhecimento de saber, se afinal Sócrates sabia ou não sabia e qual era o formato dessa sabedoria na aquisição de uma parcela não maioritária de capital da TVI, pela PT, tudo patrocinado pela falência da protecção que o actual funcionamento da Justiça não garante. Entretanto, ligamos a TV e temos num directo em oito canais ao mesmo tempo durante mais de vinte minutos, uns senhores a discursar sobre o estado caótico da vida do seu partido. Um estranho aqui caído, que analise as prioridades do Parlamento português e da nossa Informação, ficará baralhado com a nossa agenda e sairá daqui dando razão ao tal governador romano, mas se cá voltar em pleno inquérito parlamentar verá mais do mesmo e nem acreditará. Também me questiono sobre isso e sobre a importância que cada um dá a cada episódio da vida nacional, mas que em questões tão fundamentais como estas, não deveria haver direito a gostos.

O que aqueles deputados estão a fazer, baralha e confunde os conceitos de Ética a este povo, porque a reduz àquele espectáculo e estou a vê-lo atónito, com um olhar no écran daqueles inquéritos a tentar descortinar de que lhe falam quando lhe falam de ética algumas caras que fazem as perguntas e muitas das que dão as respostas.

Indica-me a ética republicana que tenha cuidado com este discurso. Estou avisado disso e é matéria que não reproduzo, mas quando na caixa de correio nos caem email com vídeos que nos obrigam a comparações parlamentares como este: " O Parlamento sueco", dizendo que cada povo tem o parlamento que merece, e outros que nos falam no número excedentário dos nossos deputados e do orçamento para a nossa Assembleia, de quase 200 milhões de euros, é difícil não parar e olhar para trás e ver o motivo de tanto ruído. De facto, fulanizamos de mais os falhanços do nosso Estado, esquecendo que este é um edifício assente em três pilares, o Legislativo, o Executivo e o Judicial e são eles que estão doentes há muito tempo, mas fraca é também a cidadania de um povo que não consegue alterar este Estado de coisas.
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2 comentários:

Ricardo Sardo disse...

Um país doente, sem dúvida.
Abraço.

jad disse...

Pergunto-me se de tanto nos terem instruído nos "feitos dos portugueses" não nos terão transformado em sapos querendo ser bois. Bem sei que é uma perspectiva simplista mas em algum lado teremos que encontrar justificação para a nossa pequenez com mania de grandeza.