11 abril 2010

Batata transgénica

Dia Internacional de Acção Anti-Transgénicos. Lembra-me a propósito esta cebração a 17 de Abril, às 15 horas, no Rossio, que passou despercebida a notícia desta infeliz autorização da Comissão Europeia: vamos agora correr o risco de ter batata transgénica à mesa, é a variedade Amflora, “concebida” pela alemã BASF, dizem que é para amido e para alimentação de animais – que nos servem depois de alimento - mas a seguir será para a fécula dos purés que vamos provavelmente dar às nossas crianças.
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Com isto, só posso considerar heróis os rapazes que escaqueiraram um dia uma plantação de milho transgénico, porque não restam outras armas. Não vejo na transgressão aos transgénicos alguma subversão ao Estado de Direito, porque entendo ser mais imperioso mostrar aos lobbies da indústria química e aos políticos que é tempo do cidadão ter uma palavra em questões tão relevantes de saúde e de precaução da contaminação da biodiversidade planetária, porque é terrível o desconhecimento geral sobre o cenário futuro do domínio da propriedade das sementes do planeta e do seu efeito no Homem a longo prazo, e o poder da indústria que se movimenta pela avidez do lucro não nos está a deixar fazê-lo de outra forma.

4 comentários:

uivomania disse...

"O cidadão", continua mergulhado num poço de egoísmo sem precedente. Adoptou o individualismo e, quanto aos seus deveres cívicos, vai votando e pouco ou nada mais. Mantem a ilusão de ter conquistado o direito a ser indiferente e a exigir dos outros aquilo que ele próprio não se dispõe a dar. Basta-lhe, eleger um líder a quem possa culpar pelos seus desagrados e, consumir até fartar. Daí que a Monsanto possa fazer o que lhe der na real gana!

Graza disse...

Na mouche "lobo". É confrangedor o alheamento. Mas para sermos mais rigorosos é um alheamento que descamba para a Direita, onde é aí não um alheamento mas uma militância, tanto mais grave quanto sabemos hoje bastante mais sobre o problema.

Ricardo Sardo disse...

Também tenho sérias dúvidas sobre os transgénicos. Se é verdade que têm benefícios e vantagens, não é menos verdade que o abuso da sua utilização pode levar a problemas graves de saúde. E o receio é esse mesmo, que a indústria abuse e o mercado seja dominado por este género de comida.

Graza disse...

Penso Ricardo, que a divulgação de problemas sobre algumas matérias que são de uma grande importância para a humanidade é de certa forma cerceada. Tenho dúvidas se é o lobbie dos sectores que o consegue, se é a falta de informação dos meios de Comunicação Social onde pode também caber o deserto que é o nível da actual classe de jornalista, ou do formato em que estes estão confinados.

Uma coisa é certa, há gente competente e descomprometida a trabalhar esses temas, não para o circuito comercial do cinema, mas para as salas de concursos do filme de documentário, única forma de chegarem alguma vez ao grande público quer pelas audiências dos filmes nesses períodos, quer pelo valor que adquirem a partir daí para serem exibidos noutras plataformas de exibição. Já existem aqui para trás no Arroios, alguns vídeos desses.

Mas eu falei ali em cima do efeito da “propriedade futura das sementes”, de que muita gente ainda não se deu conta, nem sabe o que isso quer dizer, mas há o outro mais perverso que é o da contaminação e aniquilação da biodiversidade. Por exemplo, podemos ler aqui: http://www.culturaperuana.com.br/gastronomia/ingredientes-tipicos.asp
que há: “ 4000 variedades de batatas no Perú. O World Center of Investigations of the potato (CIP, Centro Mundial de Investigações das Batatas) que é devotada na investigação e conservação genética das batatas, está localizada em Lima, Peru.”

No Peru, já existem problemas graves com agricultores que são confrontados com a pressão da produção excedentária, cujas sementes são obtidas “exclusivamente” às Monsanto e afins, proprietárias da patente da semente, isto é, quem quiser produzir batata robótica (passe o termo) tem que adquirir a semente. Como podem as outras 4.000 espécies resistir a esta trituração, cuja semente é a ancestral metade de batata velha grelada? Perguntar-me-á: Mas não é mais importante acabar com a fome? Também é? Mas será que o problema da fome mundial passa pela falta de produção? Não há excedente de produção mundial? Andava eu em turismo na Normandia em 1978 e aquelas estradas estavam pejadas de batata deitada fora, por reclamação de melhor preço. O que fazem então aqui os transgénicos e o que é que pretendem os seus adeptos e à custa de quê?