Por entre o desembaraçar do saco dos resíduos do jantar e um olhar para as notícias da TV, ainda consegui ouvir a nova estrela do PSD, Passos Coelho, no cenário estudado de mais um palco e no truque da já gasta “hora do telejornal”, propor com veemência para maior credibilidade, a criação de um Conselho Superior da República. Lavei as mãos da gordura da operação lixo e lavei dos ouvidos o som da proposta de mais um candidato a Salvador da Pátria. O molho do assado de peixe que antes fez as delícias da refeição, era-me agora quase nojo. Sabemos o que é a República, o que é Superior e o que é Conselho, são três palavras de topo numa classificação hierárquica, como cortinas pesadas, o que não sabemos é o que fazem elas junto a não ser, a tentativa de se propor com as três uma significância de grande calibre, e é através disso que descobrimos a razão da escolha dos termos da proposta, é a nova estratégia do leader: impressionar com a fachada porque a imponência convence, o povo não sabe se gosta mas é de boca aberta que reage perante ela. O deserto de ideias e alternativas de quem se propõe ter novas soluções para o país, vai produzir mais foguetório deste, mas o povo cai sempre. Querem ver? Ó patego, olh’ó balão!
2 comentários:
ERxcelente. Também fiquei enjoado com tanta prosápia.
Duvido sinceramente que propostas destas façam o menor sentido nos ouvidos dos desempregados e dos ameaçados de desemprego.
Mas concordo, é preciso denunciar este arrivismo, este novo nevoeiro que se levanta junto a Carcavelos, e que recupera para a primeira linha da política uma meia-dúzia de personalidades que eu julgava pertencerem a um filme de terror...
É isso. Se alguma utilidade pode ter este espaço em que andamos é este: o da denúncia pública. Pública! Não vá alguém apanhar boleias à conta do termo.
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