31 agosto 2010

As nossas Autoridades

A nossa relação com tudo que tenha a ver com autoridade é sempre um problema difícil com o qual convivemos muito mal. Sabendo disso quem nos governa, e de como aceitamos que o respeitinho é muito bonito, quando estrutura e atribui competências o melhor é começar logo pelo nome: Autoridade! É a Autoridade de Antidopagem de Portugal, Autoridade de Segurança Alimentar, Autoridade da Concorrência, Autoridade Florestal Nacional, Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, Autoridade Nacional de Comunicações, Autoridade Nacional de Protecção Civil, Autoridade para as Condições do Trabalho, Autoridade para Serviços de Sangue, Autoridade de Gestão do PRODER, do PROMAR etc., etc. Não é Instituto, Centro, Departamento, não, é Autoridade! E estamos com sorte não ser Alta Autoridade. Alguém investido de poder numa estrutura assim criada, não é um técnico, um dirigente, não, é um representante da autoridade ou da alta autoridade. Uns parvos, uns bacocos, uns pacóvios, é o que somos! O que se espera então de uma Autoridade que depois de não ficar satisfeita com uma pena, por supostamente ter sido perturbada a concentração na sua autoridade, avoca um processo, formando depois decisões colectivas de pena que não poderemos deixar de considerar como decisões em causa própria? Como se resolve uma injustiça se a pena que assim resultar for igual àquela que sentimos quando somos apanhados pelos tradicionais caçadores de multa que nos levam a massa porque excedemos em meia dúzia de quilómetros a velocidade limite num sinal de 70 numa imensa recta do Alentejo?

Que raio de crime cometeu você Queiroz? Disse em tempos que era preciso dar uma vassourada, foi? E eles estão lá há anos, mesmo depois de Saltilho e da Coreia e vão de lá sair com uma choruda reforma? Ou tem gente que não gosta de si há muito e agora é uma autoridade? Recorra Carlos Queiroz! Recorra disto, e agora não me importo que seja lá para fora, porque o que está a acontecer consigo é o resultado da paranóia colectiva de quem tutela estas coisas da bola, e das mascambices á sua volta. A única coisa que não lhe perdoo foi aquele chá com Cavaco, mas se é por isso que está metido nesta camisa-de-onze-varas, como dizem mas não acredito, então mais vale por nisto uma tabuleta de vende-se!

4 comentários:

Ricardo Sardo disse...

De facto, este caso já cheira mal. Muito mal.
Abraço.

Graza disse...

Concordo com o que disse ontem Rui Santos: há qualquer coisa de pidesco neste processo. Por mim é preciso começar a perguntar, quem demite aquela Autoridade perante esta prepotência? E quem remodela a forma como são eleitos os membros da FPF e abre o seu funcionamento a outras transparências?

tacci disse...

Transparência, Grazza?
Porquê na FPF antes das outras coisas todas?
E alguém acredita que o Conselho de Ministros, por exemplo, aceitasse reunir de galerias abertas, como a A. R.? Ou os administradores do BES aceitassem que as suas reúniões fossem transmitidas em directo pelas estações de canal aberto?
Julgo, aliás, que não o fariam exactamente pelos mesmos motivos que nos levam a ter vidros foscos nas nossas casas de banho.
A privacidade e o segredo são coisas terríveis, não são?
Um abraço.

Graza disse...

Viva Tacci.

Tem razão, estão todos habituados a estas imagens desfocadas e é neste universo de difusos em que se formaram que melhor se entendem, abrir as cortinas não está no propósito de nenhum deles. Há uma omertà implícita que se sobrepõe a tudo.

Mas não é por ser no futebol que estas coisas devam ficar sem observação, claro que há outras bem mais merecedoras da nossa flagelação, mas um cabotino merece ser descoberto seja no futebol na política ou na Banca e é sempre um pilantra a não merecer tão pouco a protecção do vidro martelado.