01 novembro 2010

Que presidente queremos?

Já podemos referir-nos a Cavaco sem o confundirmos no patamar da Presidência da República. Desfez mais um tabu: é candidato.

Começou de forma triste por perguntar, num caricato tom de auto-elogio, tão patético quanto basbaque, naquele registo gélido e enjoado de sempre que é o seu: «Em que situação se encontraria o país sem a minha acção intensa...“, bla-bla, bla-bla. E alguém já perguntou: Em que situação não se encontraria o país se não o tivesse feito da forma como fez? Mas apetece ainda dizer-lhe:

- Que preferimos um presidente que escute os portugueses e não um tenha a mania que é escutado.

- Que preferimos um presidente que tivesse estado mais longe do BPN/SLN, e das relações de confiança com muitos dos seus intervenientes.

- Que foi uma vergonha a que nos submeteu deixando o Presidente checo desancar-nos duas vezes em público sem ter dado uma resposta á altura. E é ele chefe das Forças Armadas!
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- Que para Presidente da República preferimos um com a cultura da palavra e não um com a dos números. Ora ouça aqui: façarei?!... Esta construção do verbo Fazer até o pêlo arrepia, não? Também por isso, por cada vez que o vemos nos lembramos das voltas que Camões deu no túmulo, pelo seu desconhecimento da primeira coisa que se aprende na escola sobre ele.

- Que achamos bem que não tivesse estado no funeral de Saramago: ele não perdoaria.

- Que nos revoltou que tivesse ido á Madeira mostrar medo de Jardim.

- Que é lamentável a sua confusão com “divergência” e “falta de educação”.

- Ou que minta, dizendo que não é político e o seu partido é Portugal. Que leia o que diz o Daniel Oliveira neste link: “Os cinco Cavacos” (…) “quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos”(…) Leia para ver como mente!

- Que o que nós tivemos foi sorte em não o ter apanhado noutra altura da história, que com todo asse populismo, seria antes um perigoso caudilho.

- Que, sabe? Preferimos um presidente igual a nós, que tenha dúvidas e que também se engane, não alguém que com arrogância travista os seus saberes.

E parafraseando Pedro Tadeu no DN: Que você nunca pode ser o presidente que todos sonhamos ter. Nunca será, porque lhe faltam qualidades humanas e intelectuais para isso.

6 comentários:

uivomania disse...

Que presidente queremos? Nas ultimas eleições presidenciais quisemos este personagem!... Talvez o tivessemos associado ao jorro de dinheiro que veio de Bruxelas! Talvez tenhamos esquecido que enquanto primeiro ministro, partiu e repartiu sem fazer jus ao mítico rigor que não se cansa de reclamar para si próprio. Curiosamente, a maioria que o elegeu para presidente, tambem lhe atribui rigor e sobriedade!...
Bom, mas passemos à frente, que é como quem diz, à tua pergunta: Eu francamente, acho que o presidente que os Portugueses querem, é um, que lhes mantenha as ilusões.

Graza disse...

Talvez por isso Vítor Hugo tenha dito que: “Entre um governo - ou um presidente -, que faz o mal e um povo que o consente, há uma cumplicidade vergonhosa". O sublinhado é meu. Por mim, acho que o povo tem por vezes assomos de clarividência. São o seu direito ao sonho, ou á ilusão se quiseres.

uivomania disse...

Quando nos tornámos pioneiros ao abolir a pena de morte, foi justamente Víctor Hugo que com entusiasmo enalteceu Portugal "esse pequeno povo que tem uma grande história". Disse ainda que Portugal deu o exemplo à Europa e que esta, nos seguiria. E, seguiu!
Temos o direito ao sonho, sim! De sairmos do torpor e surpreender o mundo com novas proezas. Tornarmo-nos num exemplo a seguir... porque não?
Quanto à ilusão, a distorção da percepção, essa arte dos ilusionistas - http://uivomania.blogspot.com/2005/04/o-ilusionista.html -, tenho dúvidas, mas, pode ser que esteja enganado!

Graza disse...

Lendo O Ilusionista – um bom texto – tive que recuar ao início dos anos das tias e tios, das sainhas com barra e das sabrinas douradas, da proliferação dos todo-o-terreno, dos montis e do atão-vá! Alguém colaborou deixando colocar ilusões na cabeça daquela gente. Hoje, um deles, volta de dedo em riste acusando “os políticos”...

Depois de escrever este comentário e antes de o editar, entrei neste link, que considero que é obrigatório: http://www.ionline.pt/conteudo/86187-ensaio-alfredo-barroso-cavaco-silva-realidade-e-o-mito,
releio o que escrevi e parece ter sido escrito depois de o ler.

tacci disse...

Depois de ler o seu post (e o artigo do Alfredo Barroso) tive uma ideia:
Ainda não se fez uma adaptação do Abranhos ao cinema, pois não? Havia de se fazer e convidar o Cavaco para o papel do Conde.
Mas, dada a importância que ele a si mesmo se atribui, acho bem que em vez de conde, seja promovido a duque. De Boliqueime, talvez...
Um abraço.

Graza disse...

Bem lembrado, porque levando em contam o tempo que cá anda, este duque de Abranhos do poço de Boliqueime me parece mais viciado e aproveitador deste sistema político do que o Conde foi.