02 dezembro 2010

Ulrich e os Despedimentos

“É preciso liberalizar completamente o despedimento individual. É absolutamente indispensável”. Fernando Ulrich, do Banco BPI dixit. Tomem nota destes nomes, um dia vamos lembrar-nos deles.
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Traduzindo da linguagem ulriquês, quer dizer: É urgente poder despedir sem justa causa, ou então: Olha, vai prá rua! Estou muito mal disposto hoje. Pasmo. Pasmo com a ligeireza com que se diz isto conseguindo olhar para a câmara, como se não lhe bastassem os contratos a prazo e os recibos verdes que fazem as angústias de tantos, e ainda quer introduzir mais esta instabilidade no seio das famílias, porque a partir disto será a lei da selva. Com a Direita neo-liberal que aí vem, esta parece ser a hora de pressionar para liberalizar nos despedimentos, nos despejos e onde mais se puder. É preciso não ter um pingo de sensibilidade social para conseguir propor tamanho garrote. Enquanto diz aquilo, há portugueses candidatos àquela medida, pacientemente em fila no seu Banco para lhe entregar as economias que lhe permitem um vencimento milionário que o insensibilizam e o levam a fazer propostas destas. Até quando vão eles ter paciência? Entretanto, não haverá por aí outro banqueiro e outro Banco mais socialmente responsável que mereça aqueles depósitos? Ou serão todos iguais?
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4 comentários:

Ricardo Sardo disse...

Sim, são todos iguais. Esperar-se-ia que o banco do estado ainda tivesse alguns escrúpulos, mas a sua falta ficou bem patente na oposição aos cortes salariais, a que o governo assentiu, com a conivência do psd, parceiro no crime de ter boys nas espresas e nos mais altos - e mais bem pagos - cargos públicos. E o povo a ver...
Abraço.

Graza disse...

Ricardo. Sei – sabemos - que o mal do país não está num ou noutro trabalhador que o empresário gostaria de ver pelas costas se lhe fosse fácil. O país está mal apesar de tanta desregulação que já se criou no mundo do trabalho, mas os mesmos incompetentes empresários portugueses que não conseguem puxar pelo país, continuam a exigir mais e mais até esgotarem todos os cartuchos, e há apesar disto, povo imbecilizado que quer isto. A estes, apetecia-me deixar que ficassem entregues a um novo sistema de desregulação total; familias pró caraças, segurança prás urtigas é o quero posso e mando, rasga-se o “alvará” de compromisso que a nação dá a quem nela faz negócio e agora é o vale-tudo, para perceberem com a sua própria desgraça que o mal da economia nacional não estava afinal nos custos do factor trabalho. O mal da economia nacional, está na falta de cultura de empresa do nosso empresário. Para o nosso empresário, a empresa é ele, o lucro nunca pode estar inscrito no balanço, tem que estar algures, vemos isso em qualquer tasca, quanto mais nas empresas, e enquanto este paradigma não mudar Portugal estará na m****.

Alexandre de Castro disse...

Não seria melhor para a economia nacional, começar por despedir os empresários?
Fiquei espantado com esta declaração de Fernando Ulrich. Apesar de ser banqueiro, e, portanto, alinhado com os interesses do grande capital, assumiu, com frequência, posições públicas acertadas em relação aos problemas da economia portuguesa, e que colidiam com as posições de todos os seus colegas.Mais um a desiludir-me.

Graza disse...

Talvez essa mudança tenha a ver com o alinhamento que é preciso fazer com as novas cores que em breve tomarão conta de tudo.