19 fevereiro 2011

Achas para o 12 de Março.

Entenderá o povo que vota PS/PSD, a recusa em concordar com o BE, PCP e CDS, na limitação dos salários dos gestores públicos, não votando favoravelmente esta proposta apresentada na Assembleia? Duvido que entendam, e até perceberá que esta recusa configura a sua protecção aos homens-de-mão que normalmente preenchem aquelas cadeiras douradas principescamente pagas. Dizem que o critério deverá ser os objectivos. Quais objectivos? Os prejuízos que apresentam? Ou as perfomances que conseguem graças a regimes de monopólio ou em situações de privilégio no mercado? Estarão convencidos que deixaria de haver candidatos, gente de bem e com capacidades - porque elas não são privilégio de meia dúzia - que aceitasse ganhar o mesmo salário do Presidente da República, para as gerir? É a manutenção destas mordomias, que contrastando com o que se passa na base da pirâmide salarial destas e outras empresas, que justifica o aparecimento e o êxito de uma nova canção de intervenção. A geração dos Deolinda, com o seu pragmatismo e sem ideologias, pode muito bem ser a nova mudança que o homem da rua reclama, se tiverem em conta os perigos do aproveitamento de maiorias silenciosas. Mas é preciso que não se esqueçam depois dos rostos que pretenderam manter a partilha de privilégios iníquos.

É perigoso, apesar de estarmos na Europa, o autismo político que não sabe dar sinais de que está a entender o sentido das revoltas surdas que por aí vão, e que se congeminam agora virtualmente num clique. Apetece-me pedir-lhes que venham ler o pensamento que escreveu o filósofo José Gil na Visão, e que mantenho aqui ao lado no sidebar deste blog.
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Imagem de Ricardo Coelho, em Olhares.com

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