02 março 2011

Da Turquia ao Islão.

Foi numa espécie de festa da "conversão” dada a modelos femininos, em Itália: “Khadafi disse-lhes que o Islão devia tornar-se na religião da Europa”, e que “o primeiro passo para a islamização da Europa será a entrada da Turquia na União Europeia”. Agora, na praça Tahrir, ouço a Irmandade Muçulmana dizer que “Sim, Democracia, mas a Constituição que nós apoiaremos será de inspiração e subordinada ao Islão, à semelhança da Turquia”. Ora, li em tempos aqui que: ”A democracia não é o resultado de um referendo, é o apego ao exercício eleitoral e ao respeito pelas minorias” , minorias de que eu faço parte.

Como se resolve então a questão? “Se o voto democrático que levou Hitler ao poder é o mesmo que legitima as Teocracias”? “Ou quando o pensamento politicamente correcto faz rejubilar a Europa com o SIM dos turcos a um referendo que atenua a laicidade a que o Estado era obrigado e enterra o legado de Atatürk.”? Extraordinário legado, digo eu. Não sei como se resolve a questão. Talvez algures no politicamente correcto. Fica isto também ao cuidado dos adeptos da entrada da Turquia na União Europeia, lembrando sempre que por não haver uma continuidade territorial as fronteiras da Europa serão sempre definíveis por outros critérios que não os geográficos. Ah… as fronteiras! Mas como não defendê-las se elas defenderem os meus direitos de minoria, como aquele que me permite manter o pescoço negando as teorias de uma religião, para os quais lutaram homens como Giordano, Galileo etc.

Poderemos vir a ter um dia a Turquia na Europa, uma vez que está segundo a “nossa” Democracia - paradoxalmente - a remover “obstáculos”. Mas a pequena parte turca europeia que é a Trácia justifica que se puxe o resto do imenso território turco para este lado? O avanço do Islão fará em breve da Turquia uma grande Teocracia e há que perguntar se valerá a pena, em nome da argumentação soft que defende uma Turquia europeia, extensível ao Magrebe, como já por aí li, embarcar em aventuras que sabemos como começam mas nunca como acabam? Com tudo isto, ainda não falamos da Mulher - como se fala aqui - ou de mim, que sou ateu - como aqui -. Tentei apenas entrar no labirinto de que fala Carlos Esperança e que é a interpretação que vejo fazer da Democracia à luz do Islão, porque eu confesso, bloqueio sempre perante tanta dúvida.

Sem comentários: