25 março 2011

Estamos fartos!

O que poderá a Esquerda portuguesa fazer se o fizer isolada na Europa? Que lutas que propiciem uma alternativa ao actual modelo se podem alcançar, numa Europa onde o triunfo foi o do cego neo-liberalismo, o mesmo que serviu para escrever os tratados que nos obrigam? Com que instrumentos conta a Esquerda para essa luta? O voto? Apenas? É curto. Ou tem capacidade para outro jogo com outras regras - ainda que nas margens de alguma coisa, que as revoluções não se fazem sem transgredir - porque as regras que existem viciam sempre o resultado, e então vai a jogo assim, ou decide esperar pelo momento da concretização de uma união ou estratégia da Esquerda a nível europeu, em que deveria trabalhar fortemente, mas até lá, tem que prover o sustento. O pãozinho prá boca! É nesse sentido que acho que foi uma perfeita idiotice, motivada por jogos eleitorais ou ódios mal resolvidos, que se tenham votado os mesmos objectivos da Direita, porque sabemos como ela não se importa de governar com a receita do FMI, que em certo sentido é até a sublimação da política que querem fazer mas têm vergonha de anunciar. Decidir abrir-lhes a porta através de uma crise, que até pode dar mais do mesmo, não se vê como pode ser uma luta que se trava em nome do povo quando é ele a pagar, se não em nome de outra coisa qualquer, mas da qual também não têm consciência.

Diz-nos a experiência da vida, que uma prática repetida no tempo arrasta vícios, receio por isso que jogos parlamentares perpétuos façam a Esquerda debater-se por mais duas ou três cadeiras com o objectivo de equivaler a mais uns trocos na dotação orçamental que lhe cabe anualmente. É para o nosso futuro imediato que queremos que trabalhem porque é com ele que alimentamos os filhos. Que importa ao povo que o Bloco e o PC se representem por mais duas ou três cabeças se a Direita ultramontana lhe entrar casa dentro? Bardamerda para a receita que nos trazem, estamos fartos de eleições e dos berros que espantam os pardais com o megafone no carro que sobe e desce a avenida em tardes de canícula suada, isso, afasta-nos e faz-nos acreditar antes noutra estratégia: a do dinamite.

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