Confesso-vos que sempre me foi difícil assistir à falta de entendimentos à Esquerda. É uma coisa antiga que já vem de longe, dos tempos em que construímos parques infantis nas pracetas que não os tinham, ou das lutas pela manutenção das cooperativas de consumo. Sei que ideologicamente a posição em que isto se apoia não é muito sustentável, como não são sustentáveis os meus anseios por verdadeiras revoluções que aguardem o momento oportuno, e enquanto isso não aconteça tudo fazer para que não haja roturas que mudam apenas as moscas que nos inviabilizam a vida dos filhos, para quem sonhamos futuros que não estes que vão tendo. Sei que há pragmatismos que nos saem caros, mas há lutas, por inconsequentes, que nos custam muito mais. E para quê? Para quase nada. Porque nada é o que temos conseguido com a defesa da nossa rica capelinha, uns por convicção, outros por lealdade. Entretanto, um dia destes, estaremos por aqui unidos, mas aflitos, na luta contra uma onda populista que nos afogue, vinda do Poço de uma qualquer aldeia esquecida. Ou seja, uma história com final conhecido. Só uma grande Esquerda se pode opor a isto. É por esta razão que não me agrada o comportamento de qualquer um dos três partidos à Esquerda, cuja lógica de contabilização do voto me parece mercantilista. Perdoem-me o desencanto. Imaginem o que não irá por aí.
P.S. Mas não pode ser agora Marinho e Pinto a pagar as favas. É esta luta suicidária da Esquerda, que nos mantém reféns e espartilhados a culpada de desabafos como aqueles.
Sem comentários:
Enviar um comentário