Paulo Portas acaba de dizer isto:
(...) "O CDS aqui há uns anos era como uma pequena empresa," (...) "nas últimas eleições passou a ser uma média empresa." (...) Nestas eleições está a um passo de dar o salto para ser uma grande empresa (...)
(...) "O CDS aqui há uns anos era como uma pequena empresa," (...) "nas últimas eleições passou a ser uma média empresa." (...) Nestas eleições está a um passo de dar o salto para ser uma grande empresa (...)
Um Partido, uma grande empresa. De facto, alguns possuem até já valores patrimoniais assinaláveis. Mas esta questão menos elevada da actividade partidária em Democracia, é outro tema. Como Paulo Portas, é também aquela a percepção que temos do que está a acontecer na política. “Uma grande empresa”! Quem diria. Não sei se este juízo é uma inevitabilidade do processo de crise, mas ele é uma erosão perigosa. Não é uma questão de acharmos menos nobre a carreira política, admitimos sim que a tenhamos envolvido de uma roupa que não merecia, e assim, talvez esta Democracia como a conhecemos esteja enferma, ou então exigimos demais e ela sempre foi isto. Não nos sentimos devidamente representados, e esta representatividade está a falhar porque a sociedade está a evoluir numa dinâmica que os partidos - quais “grandes empresas” - não comportam. Há uma fossilização nos processos de transferência das aspirações do homem da rua para a prática política, e a participação neste formato é cada vez menos sentida, menos vivida. Não nos sentimos “a fazer” nem sentimos que o façam por nós. Os objectivos só são os mesmos, na hora da arruada e da feira, depois, as nossas preocupações nunca se reflectem em coisa nenhuma. Aquilo que achamos escandaloso só vamos lendo em emails trocados entre nós, porque os actores, políticos, comentadores, jornalistas, economistas enfim, a nata que nos entra em casa, sonega ao discurso aquilo que achamos importante e que ninguém quer falar porque, ou são beneficiários em causa própria, ou o cheque mensal não lhes permite a independência, e aquilo continua a acontecer ou a perpectuar-se. E assim vamos sentido que estas “grandes empresas” se distanciam de nós até nos voltarem a assediar na hora de nova subscrição de capital. Mas pode estar a acontecer que não haja vontade de investir e cada um esteja antes vendedor, e esta Bolsa da Democracia esteja à beira do risco e do crash. Quem sabe porém se com os anos de evolução democrática que tivemos, não faremos dele um risco virtuoso, seguindo o conselho de não reconstruir nada, mas reconstruir tudo?
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